# 17 Crónica | Prescrição: 11 minutos diários de brincadeira
Depois de na semana passada termos abordado o tema do regresso às aulas [podem ler aqui], hoje falamos de um momento que para nós é muito importante e que está mais do que comprovado que ajuda a que as rotinas com crianças corram de modo mais suave: Brincar! Por aqui este arranque de ano lectivo tem sido cheio de alterações de hábitos e rotinas que pretendem traduzir-se numa melhoria da nossa qualidade de vida com os nossos filhos. Os momentos de brincadeira quando chegamos a casa fazem parte dessas alterações, e têm dado resultado!
Brincar é quase tão importante para uma criança como é o sentir-se amada pelos pais. Digamos que para o crescimento psicológico infantil o sentir-se amada e especial para as suas figuras vinculativas é o número um e o brincar é o número dois, numa escala de importância.
E na verdade, nesta lista do que é importante para o crescimento psíquico duma criança, comparativamente a estes dois primeiros, os outros itens são paisagem. Isto para dizer: brincar é mesmo importante para o crescimento duma criança.
Check: informação essencial transmitida (digamos que ao transmitir esta linha informativa já cumpri os objetivos mínimos desta crónica), vamos ao upgrade cognitivo.
O upgrade é este: brincar não é só muito importante para o crescimento da criança, como é muito importante para o ponto 1 da lista anterior, isto é, para o tal sentir-se amado e especial que a criança precisa sentir para crescer em equilíbrio.
Como é que isto é possível?
Porque brincar é a forma preferencial de interacção e diálogo da criança com o mundo exterior, na construção do seu mundo interior, o que inclui externamente as figuras vinculativas, isto é, por defeito os pais. Deste modo, está fundamentada a sugestão desta semana.
Dica para os Pais: brinquem com os filhos, no mínimo 11 minutos por dia.
11 minutos? Porquê 11 minutos e não 10 ou 15? Por nenhuma razão em especial. Apenas porque 11 minutos chama mais a atenção e porque 11 minutos tende a ser mais facilmente memorizado.
Como é que podem brincar com os vossos filhos de forma rotineira e diária?
Essa parte é simples e a estratégia é não complicar. Para brincar não é preciso vestir fato treino, colocar ténis especiais, fazer aquecimento ou ter um cronómetro especial.
Brincar é tão natural como falar ou andar. Correcção: brincar é mais natural que falar e andar (porque para falar é preciso exposição à linguagem verbal e no andar há influência da modelagem).
Assim, brincar é divertir-se e entreter-se. Brincar é descontrair, fazer de conta, inventar, recriar a realidade, explorar o mundo em redor. Brincar é relativizar, descomplicar e desdramatizar.
Perante esta definição, não vos parece essencial brincar? Aliás, 11 minutos até parece pouco.
Termino com uma terceira informação a reter, esta para criar alguma dissonância interna, espero eu:
o adulto deveria brincar diariamente, pela sua saúde psíquica. Quanto tempo? Mais que 11 minutos. Bastante mais. Porquê? Porque a nossa sociedade de adultos sérios e responsáveis adora complicar e tornar ilusoriamente stressante uma série de coisas que na verdade não interessam para nada. E porque demasiadas vezes ao crescer esquecemos a nossa criança interior e somos demasiadas vezes pais abandónicos de nós mesmos.
Por isso: brinquemmmmmmm! Have fun!
Abraço,
Hugo Santos, Psicólogo
Escola para Pais
Psicologo.pt