Maternidade,  Psicologia

#22 Crónica | Explosões emocionais dos Pais – Dicas Parte IV (e última)

Ontem explodi com os meus filhos. Depois de estarem na cama há quase 40 minutos e continuando a ouvir-se demasiada conversa para quem já devia estar a dormir, fui ao quarto deles na disposição de lhes dar um ralhete para que se calassem. Qual não é o meu espanto quando a Carolina não estava na cama dela mas na do irmão, debaixo do edredon, com uma luz de presença, canetas de feltro e papel… a fazerem desenhos! E se agora ao olhar para trás isto me dá vontade de rir, no momento, com o cansaço de um dia em cima de mim, explodi! Vamos saber como devemos gerir estas crises?
Para finalizar o tema, a crónica de hoje foca-se em algumas estratégias de evitamento das explosões emocionais parentais.
Deste modo, depois de reflectir, observar, registar, auto-diagnosticar e evitar padrões negativos, vamos falar sobre como mudar ou evitar este comportamento.
O primeiro passo para mudar um comportamento é defini-lo. Na psicologia comportamental, chama-se a esta definição de operacionalizar o comportamento.
Recuperemos então a definição de “explosões emocionais dos pais” apresentada no primeiro texto sobre este tema.
Definimos, então, explosões emocionais parentais com dois critérios:
1. Ocorrências onde os pais “perdem a cabeça com os filhos” 
2. Ocorrências onde os pais “chegam mesmo a gritar” com os filhos.
Diferenciámos também a normatividade do comportamento, dizendo que quando este comportamento ocorre “naturalmente” não causa problemas alguns no crescimento e bem-estar da criança, mas que “quando (…) se repete, e novamente se repete, e os gritos passam a fazer parte do quotidiano relacional entre os pais e os filhos, é porque algo pode não estar bem”.
A norma define-se, assim, como manda a regra, pelos critérios de frequência, duração e intensidade do comportamento.
Mas voltemos aos dois critérios.
Temos um critério qualitativo e um critério quantitativo.
1. Perder a cabeça é algo qualitativo e define um estado emocional, onde a sua qualidade é boa ou má
2. O gritar é quantitativo pois avalia-se pelo número de gritos.
Assim, podemos definir como objetivos de mudança o seguinte:
1. Promover estados emocionais bons
2. Evitar estados emocionais maus
3. Reduzir o número de gritos ao quase zero
E agora sim, vamos então às estratégias, ou seja, como é que vamos alcançar os objetivos de mudança definidos?
Objectivo 1. Promover estados emocionais bons
Identificar padrões
A estratégia é simples e parte duma observação: o dia-a-dia tende a ser maioritariamente funcional e apenas secundariamente afetivo. Ou seja, na rotina, tendemos a economizar energia automatizando comportamentos e baixando a carga afetiva.
Contudo, esquecemo-nos que precisamos mesmo de afetos como seres humanos e que é importante uma dose diária e nutritiva de afetividade, pela nossa saúde interna.
Por isso, observem os vossos padrões e percebam se tendencialmente são mais funcionais ou não, pois nestes casos a tendência poderá ser compensar com birras e chamadas de atenção. 
Objectivo 2. Evitar estados emocionais maus
Antecipar situações delicadas
Mesmo com grande prática zen e com exercícios meditativos diários, as emoções negativas surgem e ainda bem, porque elas existem por uma razão de homeostase e equilíbrio interno.
Por isso, podemos é antecipar situações de crise, onde por cansaço, ocorrências negativas, preocupações paralelas, stress agravado, ou outro, o estado de humor está mais tempestuoso.
Podemos até criar um plano de emergência familiar para estas situações, para minimizar danos e impactos destes momentos.
Assim, estaremos a fazer algo que une positivamente os seres humanos: a usar a vulnerabilidade como algo que me faz aproximar e ligar aos meus próximos. 
Objetivo 3. Reduzir o número de gritos ao quase zero
Time-out
Uma das técnicas comportamentais base de auto-regulação de momentos de crise emocional, onde estão a haver picos de reatividade, é o chamado time-out.
O time-out é um intervalo, uma paragem, um stop, onde se para a ocorrência e se sai durante uns tempos do cenário da mesma.
Parar e respirar ajuda muito-
Diálogo reparador
Por cada vez que houver a “necessidade” de gritar, a regra é dialogar de forma reparadora sobre o ocorrido.
Depois de passar a tempestade, e em vez de fingir que não aconteceu, a estratégia é promover a conversa tranquila e calma, sobre as emoções.
Com o tempo, a conversa vai substituir a dita “necessidade” de gritar. 
E terminamos assim este tema das explosões emocionais parentais. É claro, que se tiverem alguma questão ou dúvida basta dizê-lo.
Boas estratégias e mudanças!
Abraço,
Hugo Santos, Psicólogo
Escola para Pais
Psicologo.pt

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