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#23 Crónica | O Pai Natal existe

A vida era tão mais bonita quando eu era pequenina e acreditava no Pai Natal. Devia ter uns 7 anos quando percebi que afinal quem comprava os presentes eram os pais e familiares e que a história do Pai Natal não passada disso mesmo… uma história. A partir desse dia, o Natal perdeu magia. E sabem quando é que ela voltou? Quando fui mãe! Mas porque é que nós adultos não podemos acreditar no Pai Natal? E se hoje eu vos disse que podemos?
Se aos 5 anos é natural e até saudável acreditarmos no Pai Natal, por o imaginário ser uma forma positiva de crescimento emocional e cognitivo, também é igualmente saudável acreditar que o Pai Natal existe (porque ele existe mesmo!) aos 50 anos.
Dizer que o Pai Natal não existe, seria o mesmo que dizer que as fadas, o super-homem, os anjos, ou outras figuras mitológicas criadas pela fantasia ou não, também não existem.
E na verdade, no sentido real e objetivo, o Pai Natal existe. Qualquer um dos leitores deste texto, se vir um Pai Natal vai de certeza reconhecê-lo. É aquele senhor mais velhinho de barbas e cabelos brancos, vestido de vermelho e com um gorro igualmente vermelho na cabeça.
Para além disso, e tão importante como o concreto, existe outro plano de existência do Pai Natal que importa ressalvar: o campo do subjetivo e do simbólico, ou o campo do interno e do invisível.
Neste plano, acreditar no Pai Natal é comparável ao acreditar no amor, ou na esperança, ou na bondade. Eu acredito no amor e o amor é invisível e subjetivo. E eu sei que ele existe. Não sei se o amor ou a esperança moram no polo norte, mas sei que existe.
O simbólico é tão importante como o concreto, ou seja, a realidade objetivo é tão revelante como a realidade subjetiva, porque na verdade uma não existe sem a outra, e ambas se influenciam mutuamente.
Assim, o Pai Natal, essa figura imaginária ou não, existe num plano do concreto na sua representação e história, e igualmente existe como simbolismo de amor, esperança e bondade.
E se ele existe desta forma tão massiva, não é só porque o marketing funciona ou por causa do consumismo. Isso é inverter a lógica. Se o Pai Natal foi tão amplamente aceite, é porque estávamos a precisar duma figura anciã que representasse essa bondade e recompensa por igualmente sermos bondosos.
Mesmo o adulto, acredita no Pai Natal e conversa internamente com ele, dando-lhe este ou outro nome (porque o Pai Natal tem vários nomes), quando se oferece algo no Natal porque merece e quer-se recompensar. Ou quando sente não precisar de nada material, mas sim de paz e amor.
E quando uma criança vos perguntar “Como é que o Pai Natal desce pela chaminé se a lareira está acesa?”, respondam “Ah, boa pergunta. Mas será que o Pai Natal não existe? É que eu acredito nele”. E podem responder à pergunta com outra pergunta: “como é que achas que ele fará?”. Assim treinam não apenas a refutação e a lógica racional da figura do Pai Natal, como igualmente a crença e a narrativa que suporta este acreditar.
E sabem, houve um ano que eu o ouvi a descer da chaminé e quase o apanhei a entrar lá em casa.
Ho, ho, ho! Feliz Natal! 🙂
Abraço,
Hugo Santos, Psicólogo
Escola para Pais
Psicologo.pt
[A foto foi tirada num centro comercial, há 2 anos, e a Carolina estava a fugir incrédula por estar ali o Pai Natal!]

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