A efemeridade do tempo
Nos dias que correm, cada vez mais, assistimos a uma vida que voa, com tempo que nos escapa por entre os dedos, e muitas vezes, não nos deixa fazer nem metade do que queremos. Passamos os dias a correr contra o relógio, e muitas vezes de tudo o que planeámos fazer, conseguimos fazer metade.
No meu último treino, dei por mim a pensar sobre o quanto o tempo é efemero.
O Pedro montou-nos um circuito de 4 exercicíos de treino funcional: Peito no TRX, saltos em tesoura nos degraus de uma escada, agachamento com bola e saltar à corda. Fazíamos cada um dos exercicios, durante 1 minuto, e descansávamos 30 segundos, passando logo para o exercicío seguinte. Terminado o circuito, descansávamos 1 minuto e meio, e recomeçávamos. (Parece simples, e até é, mas dói que se farta!)
O Pedro, para além de controlar e corrigir a postura, controlava o tempo. A dada altura, estava eu a saltar à corda (que detesto!), e oiço-o a dizer:
“- Faltam 15 segundos…”
E penso… bolas… ainda falta tanto!? – O facto é que naquele momento, 15 segundos pareceram-me uma eternidade!
Não sei se sabiam, mas uma das coisas que acontece quando praticamos desporto, é passarmos algum tempo a conversar conosco mesmos. Quando treino, a minha cabeça não pára nem um segundo, e estou sempre a pensar em várias coisas ao mesmo tempo. Naquele momento, a minha mente levou-me a um exame de Geoquímica da faculdade (há uns bons 16 anos atrás!).
Lembrei-me de estar aflita com o tempo, a tentar responder a todas as perguntas que o Professor Hamady colocava. De estar constantemente a olhar para o relógio, de trocar olhares de pânico com a Xu (e cábulas! Sim! Eu cabulei bastante, e, modéstia à parte, bem! E acho que cabular pode ser uma excelente forma de estudar! E nesse exame em particular, eu e a Xu tinhamos feito cábulas a meias!), e de às tantas ouvir a voz grave e distinta do Professor Hamady dizer:
“- Faltam 15 minutos…”
Gelei! Tinha imensa coisa por responder ainda! Desatei a escrever com uma letra péssima, só mesmo para conseguir em 15 minutos, responder alguma coisa, a todas as perguntas do exame. Valeu-me uma nota que me fez ir a oral. A mim, e à Xu! Fomos juntas, fizemos oral, e passámos.
Isto para dizer que, num momento, achei que faltarem 15 segundos, significava que faltava uma eternidade, e no momento seguinte estava a concluir que já tinha tudo alturas em que faltarem 15 minutos era tão pouco.
Escusado será dizer, que quando acabei todo este meu racíocinio, já tinha terminado o exercicío, descansado 30 segundos, e estava a fazer o exercicío seguinte de sorriso nos lábios, a recordar o friozinho na barriga, com que trocava cábulas com a Xu durante os tempos de faculdade.
Como é efémero o tempo!