Alentejo, tenho saudades tuas!
Hoje regressei ao trabalho! Comecei o dia com uma reunião de equipa que me levou logo metade da manhã. Havia pontos de situação para saber, emails para responder, trabalho para organizar. Não cheguei cheia de vontade. Não! Lamento! Cheguei como chego todos os dias, com o objectivo de cumprir com o que me é pedido o melhor possível. É isso que faço sempre! Num país onde a desmotivação profissional ataca praticamente todos os sectores, eu não sou excepção. Já lá vai o tempo em que ser “funcionário público” era um mar de rosas, as regalias eram boas e valia a pena. Já lá vai o tempo, arrisco-me a dizer, em que o país valia a pena. Mas não é disso que se trata aqui, por isso vamos mas é ao que interessa!
Apesar de só ter regressado hoje ao trabalho, as férias em si, já terminaram na semana passada. No dia 1, pai e filhos iniciaram as rotinas, e eu acompanhei a mudança de creche das crianças, e deitei mãos à obra no processo de destralhar a casa. Este projecto de destralhar, foi o que impulsionou o arranque do Trocas, sobre o qual terão novidades já já de seguida! O facto, é que foi uma semana cansativa, e com um fim de semana igualmente cansativo de seguida. Os miúdos já deram por terminadas as férias das birras, e voltaram à carga, pelo que hoje, mais do que nunca, a expressão “Preciso de férias das férias” faz-me todo o sentido!
Por isso, aproveitei este sentimento, para rever o que foram os melhores dias das nossas férias – A nossa escapadinha até ao Alentejo! Para quem nos segue pelo Instagram, já não é novo que passámos uns dias no Alentejo. Aproveitando esta campanha da Odisseias, passámos 3 noites na zona do Alqueva, mais concretamente na Aldeia de Pedrogão.
A Casa de Pedrogão, é uma casa típica Alentejana, que dispõe de 6 alojamentos, 2 dos quais são apartamentos completamente equipados, nas traseiras tem um terraço enorme com uma piscina de água salgada, churrasco e a cozinha principal da casa para uso comum. Nós ficámos alojados no T1, um duplex com decoração moderna, em que no piso inferior, com entrada pela rua, tínhamos cozinha, sala de jantar, uma pequena zona de estar equipada com um sommier e casa de banho, e no piso superior, com ligação para o terraço, um quarto em mezanine, com espaço suficiente para colocar duas camas de viagem onde o Daniel e a Carolina ficaram a dormir!
Chegámos ao final do dia numa 3.ª feira, e como no Alentejo o calor se faz sentir de forma mais intensa, enquanto nos instalávamos e eu arrumava as coisas, o pai e os miúdos foram direitos para a piscina! Como a nossa casa tinha ligação directa para a zona da piscina, através de um alpendre com pérgola, assim que terminei as arrumações, troquei de roupa e fui logo ter com o resto da família!
Ficámos na piscina até ao último raio de sol! Férias são férias, e gostamos de subverter os horários! Depois de tomarmos duche e jantarmos, resolvemos dar um passeio a pé pela aldeia. O ambiente que se vive nestas aldeias é maravilhoso. Toda a gente se conhece, e numa noite quente de Verão, como todas as que lá passámos, a sensação que temos é que toda a aldeia se encontra no centro. Bancos de jardim, esplanadas, muros e o parque infantil, eram o ponto de encontro! Bebemos café num café giríssimo [onde acabámos por ir beber café todos os dias] em que o móvel atrás do balcão é um móvel de mercearia antiga [parecido com o que temos na nossa sala!] pintado de verde água. O balcão, igualmente antigo, pintado a condizer e com uma pedra mármore no tampo. Uma delícia! Atrás do balcão um senhor, que apesar de não ser dado a muitos sorrisos, tem a simpatia e a disponibilidade características das pessoas destas zonas! Acabámos com os miúdos satisfeitos da vida, a brincar no parque infantil, a uma hora em que já poucas crianças por ali andavam! No caminho de volta a casa, demos uma volta maior, para tentar conhecer outros recantos da aldeia, e vimos casas abandonadas, casas recuperadas, casas com paredes exteriores integradas em grandes pedregulhos. Vimos ruas desertas, e outras com pessoas sentadas à porta a conversar. Vimos gatos, e vimos osgas! Imensas e muito pequeninas! O Daniel todas as noites perguntava se podia levar uma osguinha para casa!
Na manhã seguinte, saímos depois do pequeno almoço [tomado em casa mas 100% fornecido pelo hotel: pão alentejano fresco que é pendurado na porta todas as manhãs, compota, manteiga, queijo e fiambre, leite, iogurtes, fruta, sumo…]. Fomos fazer umas compras ao supermercado que tínhamos descoberto na noite anterior. A nossa ideia era fazer refeições mais leves ao almoço, para que fosse possível passar “o dia de molho”, e elaborar um pouco mais ao jantar. Fui às compras e os miúdos ficaram no parque com o pai. Quando fui ter com eles, contei ao marido o que tinha comprado, e disse-lhe que não tinha comprado limões porque não havia. Uns senhores de idade que por ali estavam sentados à sombra, disseram-me logo para não comprar, até porque se calhar nem havia! Por ali toda a gente tem limoeiros e quem não tem pede ao vizinho! Um deles, inclusive, ofereceu-se de imediato para me dar limões, bastando ir com ele lá ao outro lado da vila, onde tem o terreno. Isto porque nos limoeiros do centro, neste momento não há limões maduros, porque senão “a menina passava ali, esticava a mão e apanhava!”.
Entretanto fomos beber o café matinal, e o senhor do café que nos ouviu a falar em procurar limões, foi imediatamente buscar um limão ao frigorifico, que nos ofereceu! A vida de aldeia [felizmente] ainda continua a ser muito o que era a vida em Portugal há uns anos atrás, há espírito de interajuda, olhamos à volta e conhecemos o próximo, sabemos se tem problemas e precisa da nossa ajuda ou se está bem na vida… enfim… uma realidade que já escasseia. Um pormenor, que achei maravilhoso e que faz todo o sentido num sítio quente como este, o horário do posto de correios!
Voltámos para casa, e passámos literalmente todo o dia na piscina. O facto de termos no alpendre mesa com cadeiras à sombra, permitiu fazer os almoço por ali, descalços, em fato de banho. Depois do almoço, os mais pequeno dormiam a sesta, e nós alternávamos entre ler, apanhar sol ou mesmo passar pelas brasas numa das espreguiçadeiras. Depois da sesta e do lanche, ficávamos por ali até ao fim do dia. Os miúdos já estão completamente à vontade com as braçadeiras, já saltam para dentro de água, nadam sozinhos, e fazem as suas brincadeiras. Claro que esta é uma fase em que temos que ter muito cuidado e nunca descurar a vigilância, pois é exactamente quando ganham confiança que podem facilmente distrair-se e acontecer alguma coisa.
O banho e o jantar eram logo que o sol desaparecia, e acabou se tornar rotina, o passeio nocturno pelas ruas da aldeia, com paragem obrigatória no parque infantil.
Ali, a vida correu devagar, sem horários, sem despertadores, sem obrigações. Sem ter que mexer no carro, que foi estacionado à porta no dia em que chegámos e só voltou a andar no dia em que viemos embora. Ali, sentiamo-nos em casa, confortáveis, bem instalados, sem necessidade de nos vestirmos para sair, porque o sair, era abrir a porta e estar na piscina. Levámos pouca coisa, mas trouxemos de volta mais de metade da roupa por usar! Descansámos, desligámos, afastámo-nos de tudo e todos. Ali percebemos que uma das causas do comportamento birrento do Daniel era precisamente esse. Estava saturado. As férias estavam a ser boas, mas também ele precisava de mudar de ambiente, de deixar de ver as mesmas caras, de respirar outro ar. Pena, foi ter sido pouco tempo, porque o facto, é que se soubéssemos que ia ser assim tão bom, provavelmente teríamos ficado 5 noites em vez de 3!
Já aqui disse e volto a dizer, que embora todos tenhamos sempre a praia como objectivo de férias, a verdade é que podemos descansar mais e divertirmo-nos mais se fugirmos das confusões e optarmos por uma solução diferente. Para nós, e em saídas de família, o turismo rural é a solução perfeita. Já este Verão tínhamos passado um fim de semana delicioso no Alentejo, sobre o qual vos contei tudo aqui, e desta vez voltámos a ter uma experiência muito positiva dentro do mesmo conceito. Atrevo-me a dizer que Portugal tem recantos maravilhosos, e que basta procurar, para encontrarmos o “nosso” paraíso, onde podemos recarregar baterias, mesmo “ali ao virar da esquina”!