As vacas não dão sumo de laranja!
Descobri este site à muito pouco tempo, assinei a newsletter, e tenho gostado muito de ler o que publicam! Já conhecem o inesperado? O texto de hoje é delicioso e (para mim) muto inspirador! Ora vejam:
“As vacas dão leite, as laranjas dão sumo de laranja. Estas 2 ideias parecem simples, mas não são. Aliás, um dos nossos grandes dramas é baralhar as duas.
O drama vai passando despercebido, até ao momento em que desejamos um sumo de laranja.
E o que seria razoável fazer quando queremos suminho? O razoável seria ir às laranjas. Mas não! O que fazemos é ir ter com a vaca e dizer: Passa para cá o suminho! Ao que ela responde: Muuuuh.
Não queremos dar parte fraca, mas ficamos cada vez mais irritados. É um desplante o raio da vaca não nos dar o suminho que queremos! E ela diz: Muuuh. Enquanto não tivermos o que queremos, não saímos dali, nem que a vaca tussa. E realmente a vaca não tosse, e responde apenas: Muuuuh.
E pronto, é este o nosso drama. Porquê? Porque é o que fazemos na vida: esperamos que algumas coisas nos dêem o que não conseguem dar.
Pomos uma expectativa desadequada nas coisas:
Que aquele trabalho me faça sentir feliz
Que aquela pessoa me preencha totalmente
Que o dinheiro me faça sentir seguro
Que os amigos me compreendam sempre
Que as vacas dêem sumo de laranja
Ora bem, não há mal nenhum em desejar sumo de laranja. O desejo é bom, o problema é esperar e exigir a satisfação desse desejo, em sítios que não o podem realizar. E ao entrar nessas exigências, acabamos por fazer 2 coisas tontas:
Em primeiro lugar chateamos-nos com a vaca. Refilamos com a vaca usando muitos argumentos: eu estava a contar com esse sumo, eu estou mesmo a precisar, toda a gente diz que é o que devias fazer… Mas a coitada da vaca …não tem culpa nenhuma. A natureza dela é dar leitinho, não foi feita para esguichar sumo pelas tetinhas.
Em segundo lugar, desperdiçamos o leitinho. Como estamos tão obcecados em ter o suminho que desejamos, passa-nos ao lado que a vaca está cheia de leitinho maravilhoso. Leitinho que é bom e faz crescer. Mas como não é o que esperávamos e não é o que nos apetece na altura, não aproveitamos nada.
Mas há outras maneiras de encarar a coisa. Podemos começar por aceitar que o nosso desejo nunca vai ser inteiramente saciado. Por muito leite, ou por muito sumo que bebamos, a sede que temos nunca vai ser inteiramente resolvida. Mas calma, não é preciso fazer dramas nem birras, podemos continuar a aproveitar o leitinho e suminho que vamos tendo.
Mas temos sem dúvida que aprender a calibrar expectativas do que devemos esperar de cada coisa. E já agora, podemos também aprender a viver mais agradecidos: se temos leite, maravilha, se temos sumo, excelente! Esta atitude, mais realista e mais agradecida, dá mais força do que litradas de suminho. No fundo, aquilo que desejamos nem sempre vem da maneira que gostaríamos, mas pode acabar por vir dos sítios que menos esperamos.”