Birras e mais birras!
Sobre as birras, já aqui tinha escrito que temos passado por uma fase difícil, em particular com o Daniel. Já tinha escrito o quanto tentamos lidar com elas o melhor possível, mas que nem sempre conseguimos. Já tinha também concluído que as birras estão relacionadas com o nosso estado de espírito. E por nosso, leia-se, dos pais. A verdade é que esta semana não começou bem, temos tido vários acontecimentos causadores de stress e temos tentado lidar com eles o melhor possível, mas isso, obviamente, acabou por passar para eles, e de se notar em particular no Daniel.
Ontem, logo de manhã, saiu da cama com o pé esquerdo. Acordou rabugento, não quis beber o leite, e depois disso, decidiu que queria fazer cocó e esteve uma hora sentado na sanita. Tentámos de tudo, e não só não fazia nada, como também não queria sair de lá. Despachámo-nos, o pai saiu com a Carolina, foi tirando o carro da garagem, e ele nada! Chorou, lamentou-se, queixou-se, e lá acabou por fazer, abraçado ao meu pescoço, de lágrimas nos olhos, e quando eu já estava quase a desesperar para o tirar de casa! Saiu comigo, choroso, ao colo, abraçado ao meu pescoço e muito infeliz. Deixei-o na escola a recear que estivesse a ficar doente, e passei o dia a pensar nisso.
Ao final do dia, vinha aparentemente bem disposto, mas assim que chegou a hora de jantar, voltou a entrar em modo birra. Depois de saber que anda sem comer quase nada na escola, insisti bastante, mas ele continuou sem querer comer. Disse-lhe que se não comesse não lhe dava a chucha para dormir, e cumpri. Foi deitar-se sem chucha, a chorar em berros e a dizer que não queria comer. Fui firme na decisão, e para não incomodar a irmã, deitei-a na nossa cama e ele ficou sozinho no quarto. Deve ter chorado à vontade durante 1 hora! Ainda lá fui tentar acalmá-lo duas vezes, sem nunca vacilar na decisão da chucha e sem nunca o deixar sair da cama. Algum tempo depois, voltei ao quarto, quando já quase não o ouvia, e encontrei-o no chão, de barriga para baixo e com o rabo no ar, a dormir mas sa choramingar baixinho. Peguei-lhe ao colo, e sem abrir os olhos começou a pedir a chucha muito baixinho. Acabei por quebrar, tirei a chucha do bolso e dei-lha. Levei-o para a minha cama, para voltar a adormecer ao pé da irmã, e adormeceu em menos de nada. Quando nos fomos deitar, fui abrir as camas deles para os levarmos para lá ao colo, e quando entrámos no nosso quarto encontrámos os dois a dormir, mas acompanhados! Sorrateiramente, a Yoga tinha-se enfiado no meio dos dois! E lá estavam, os três a dormir!
Hoje de manhã voltou à carga. Voltou a não querer beber o leite. Consegui que bebesse metade do copo, comigo a dar-lhe à boca, e com muita insistência. Voltei a tentar conversar com ele, a insistir para que bebesse o leite, mas não bebeu. Levou um croissant pequenino com fiambre de peru para a escola e quando lá ficou, ficou a comer. Pedi às educadoras que não o deixem comer nada fora das refeições. Não há pão, nem bolachas, nem guloseimas, nada de nada! Já lhe tinha explicado que era isso que ia acontecer, porque preciso que ele coma a comida das refeições, à hora das refeições. Se para isso tem que acabar com os petiscos ao longo do dia, é assim que será.
Confesso que lido mal com estas fases de birras. Acabo por me enervar, por o enervar a ele, e passo o dia a pensar nisso e a remoer, quase sempre ficando com enormes sentimentos de culpa. Mas preciso de o fazer perceber que não são as birras que o levam a lado nenhum. Preciso de o ensinar a lidar com os sentimentos de frustração. Preciso de o ensinar a crescer!
Ainda assim, fico sempre com receio de o estar a angustiar, a fazer com que se sinta inferiorizado em relacção à irmã, a pensar se estarei a agir bem.
Hoje, encontrei no blog da Sofia uma infografia que gostei. Li-a de ponta a ponta e partilho convosco porque me pareceu interessante!