Cinesioterapia Respiratória
Hoje falamos sobre um tema que nos é familiar e sobre o qual me surgem perguntas de quem nos lê inúmeras vezes: em que situações é aconselhada a cinesioterapia respiratória?
Do que sei do assunto, que já é alguma coisa, pois entre o meu irmão e os meus filhos já assisti a muitas sessões, e após algumas pesquisas efectuadas, resolvi escrever um pouco sobre o assunto, pois as dúvidas das mães que me contactam podem ser de mais mães e assim partilho a nossa experiência.
As manobras de fisioterapia relacionadas aos cuidados respiratórios consistem em técnicas manuais, posturais e cinéticas dos componentes tóraxo-abdominais que podem ser aplicadas isoladamente ou em associação com outras técnicas, em que de uma forma genérica têm o objectivo de mobilizar e eliminar as secreções pulmonares.
Pelas características específicas do aparelho respiratório, a fisioterapia respiratória aos bebés é muito eficaz, evitando consequências graves. Contudo, ao sentir-se incomodado no tratamento o bebé chora, provocando desconforto aos pais, que por vezes preferem deixar agravar os sintomas.
De uma forma muito simplista pode-se considerar que o terapeuta actua, não na patologia, mas nas suas consequências, tendo como objectivo descolar, mobilizar e eliminar secreções. Para tal utilizam-se técnicas de massagem, de acordo com os fluxos respiratórios do bebé, e as famosas “pancadinhas” para soltar as secreções. Parte da intervenção passará sempre pelo ensino aos pais, que deverão estar atentos aos sintomas iniciais e realizar uma boa higiene das vias aéreas superiores.
A cinesioterapia respiratória é um recurso complementar muito eficaz no tratamento de uma grande variedade de doenças pulmonares, nas quais existe um certo grau de dificuldade em respirar e/ou se produz uma acumulação de secreções que obstruem os brônquios. Este tipo de fisioterapia é especialmente recomendado em algumas doenças pulmonares crónicas, como a asma brônquica, a bronquite crónica, o enfisema, as bronquiectasias e o cancro broncopulmonar. Todavia, é muito importante que seja sempre o médico a indicá-la, pois também existe o perigo de algumas contra-indicações. Os exercícios e as técnicas que facilitam a respiração e a drenagem das secreções brônquicas costumam ser simples e de fácil execução. No entanto, é o terapeuta que deve seleccionar os procedimentos adequados para cada caso específico, devendo igualmente executá-los com o paciente para que este aprenda a efectuá-los.
A cinesioterapia pode ser feita por enfermeiros e fisioterapeutas com formação adequada. Da minha experiência, a diferença entre uns e outros, é que os enfermeiros após a aplicação das técnicas manuais, fazem a aspiração das secreções com recurso à introdução de um cateter na traqueia, enquanto os fisioterapeutas provocam o vómito, através de manobras na epiglote ou de introdução de dedos na garganta, obrigando o bebé a expelir as secreções.
Ao contrario do que pensava inicialmente, depois de experimentar ambas as técnicas, considero a técnica dos fisioterapeutas menos evasiva. A aspiração com introdução de tubo na traqueia pode magoar a garganta e deixar o bebé mais incomodado. Mas, atenção, esta é a minha experiência!
Outra observação que fiz, foi que há diferença entre uma sessão de cinesioterapia feita por uma mulher com filhos e por uma mulher sem filhos. Isto porque, sempre fiz com mulheres, claro! Mas, do que observei, quem tem filhos revela uma delicadeza e um carinho ao fazer todas aquelas manobras que faz diferença! Para mim o ideal será uma fisioterapeuta que seja mãe!
Mas, o importante mesmo, é que se os nossos bebés precisarem, seja uma cinesioterapia bem feita e que surta os efeitos desejados! Quem a faz, é completamente secundário!
2 Comments
Lena
Olá.
Vim aqui parar por acaso e é a 1ª vez que meto a colher.
Também sou mãe de gémeos prematuros e as infecções respiratórias também nos acompanharam nos primeiros anos.
Por várias razões recebemos opiniões várias sobre a cinesioterapia, a aspiração, e afins! Da minha experiência acho que acima de tudo temos que ter confiança em quem os está a tratar, seja qual for o método.
Aos meus calhou de tudo, desde hospitais que não aspiram, a hospitais que aspiram com ou sem "pancadinhas", etc, etc. Mas lembro-me que pelos 2 anos ambos estiveram mal, muito mal (com direito a internamentos) e que a última fisioterapeuta que fez cinesioterapia ao rapaz e depois o aspirou nos disse para em casa continuar o trabalho com cócegas, muito
riso e caso necessário muito choro… era a forma mais eficaz de os fazer deitar tudo fora.
As melhoras.
Helena Neto
Obrigada, Sara! Muito esclarecedor 🙂