Como lidar com os tiques nervosos
Há situações ou fases, seja por motivos nossos ou por motivos exteriores que nos influenciam, em que começamos a deixar transparecer tiques nervosos. Acontece com os adultos, e acontece também com as crianças!
Há pouco mais de um mês, começámos a perceber que o Daniel estava numa fase de instabilidade, talvez motivada pelas nossas ansiedades com várias situações de mudança que nos estavam a abalar, e quase que de um dia para o outro, começou a apresentar tiques nervosos. Manifestavam-se particularmente quando estava mais cansado, ao final do dia, embora por vezes durante o dia num momento de total descontração, como por exemplo a ver televisão, se fizessem notar! No caso dele, o tique consiste em piscar os olhos de forma repetida e levantar as sobrancelhas.
Nos primeiros dias, como só notámos isto perto da hora de ir para a casa, pensámos que seria apenas reflexo do cansaço, porque piscar muito os olhos sempre foi uma coisa que ele fez quando estava com sono. Mas quando o notámos, passámos a estar mais atentos, e acabámos por perceber que não era apenas cansaço, mas um tique.
No início perguntámos porque é que ele estava a fazer aquilo, se tinha uma impressão no olho, ou se tinha sono ou estava cansado. A resposta foi semelhante à que nos dá quando o questionamos sobre pesadelos, uma cara de espanto, de quem não sabe do que estamos a falar, e que apenas comprova que não está consciente do que estamos a falar.
Passados uns dias, falaram-nos disso na creche. Também lá começaram a notar que ele estava com este tique, e perguntaram-nos se já nos tínhamos apercebido. Trocámos algumas impressões com a educadora e as auxiliares sobre o tema, e concluímos que seria uma questão cuja evolução teríamos que avaliar.
Nessa semana, por coincidência, falámos com o pediatra, e abordámos o assunto. A opinião dele veio ao encontro da nossa: devemos desvalorizar, não falar sobre o assunto, e ir tentando perceber quais os momentos em que se manifesta, para tentar perceber o que será que está a causar esta situação.
Foi o que fizemos! Não conseguimos perceber exactamente o que era a causa, mas o facto é que deixando de lhe dar importância, minimizou. Ainda não desapareceu na totalidade, mas agora já praticamente só se manifesta quando ele está ansioso com alguma coisa ou muito cansado.
A verdade é que os miúdos desenvolvem tiques. É normal e regra geral, excepções feitas a casos concretos de ansiedade, não devemos preocupar-nos ou valorizar demasiado o assunto. Devemos sim, enquanto pais e educadores, ter atenção aos factos, tentar perceber o que os motiva, tentar encontrar uma forma de os acalmar e tranquilizar, se for caso de haver algum agente externo que os esteja a afectar. Devemos desvalorizar, porque este tipo de manias, grande parte das vezes, tal como vem, também vai.