Contrassensos
Regressei hoje ao trabalho. Estive de férias desde o dia 22 de Dezembro. Esse meu primeiro dia de férias foi passado em reuniões em Lisboa, e voou! No dia 23, a Carolina e o Daniel foram visitar a “creche velha” e eu andei nos preparativos para o Natal. Fiz 1001 coisas, e no meio da confusão, perdi a chave do carro. Felizmente, encontrei-a passadas umas horas, debaixo de uma das almofadas do sofá da sala. Depois, veio o Natal. Foram 4 dias sem escola, entre almoços e jantares com família.
Para estas férias, tinha muitas coisas programadas para fazer. Coisas que nunca se conseguem fazer durante o ano, e que só são possíveis sem os miúdos em casa. No dia 26 a Carolina ficou com febre. Já estava com muita tosse [aliás, estavam os dois], e depois do Natal a febre chegou. Na segunda feira, dia 28, ainda tinha tido febre durante a noite, e optei por não os levar à escola. [Dia 1 das minhas férias passado em casa com eles]. No dia seguinte, foi o dia do meu aniversário. Entre a vontade de espairecer e a vontade de os ter comigo, optei por não os levar à escola, outra vez. Em vez disso, saímos de casa a meio da manhã e fomos passear ao sol os 4. Respirar ar puro, a um dos meus refúgios preferidos de sempre: O Portinho da Arrábida. Decidido que estava que no dia seguinte ia levá-los à escola e ia tentar fazer algumas das coisas que tinha planeado para as férias, e que ainda não tinham sido feitas. Nessa noite, entre muito choro, descobri que a Carolina estava com a uma otite. Dia 30, ficámos novamente em casa. Eles muito fartos de estar em casa só comigo, eu sem paciência para as birras constantes em que andaram. Nesse dia, escrevi este parágrafo:
“Confesso que já não os aguento! Sinto-me como aquelas mulheres que são vítimas de violência doméstica mas que não conseguem pôr os maridos a andar! Eles continuam no mesmo registo e eu, apesar de estar de férias, continuo a não os levar à escola!Um dia pela febre, outro dia pela otite, vejo passar os dias de férias e continuo a tê-los comigo em casa”
Hoje, regressei ao trabalho. Eles, apesar das nossas previsões, acordaram bem dispostos e foram contentes para a escola. Deram um beijinho e disseram até logo. Eu, estou a desejar que chegue a hora de os ir buscar, de os encher de beijos, de enterrar o nariz nos cabelos dos dois para lhes sentir o cheiro. De lhes pegar ao colo, de os apertar, de os encher de beijos. De poder ficar sentada no chão com eles, em frente à lareira, a jogar um jogo ou a fazer um puzzle. De voltar a ter tempo para eles, sem horas para acordar, sem horas para sair, sem horários para cumprir! De os deixar brincar até quererem, comer fora de horas, dormir até ao meio dia. De sair para andar a correr pela areia da praia, para andar de patins na rua, ou para apanhar flores na serra.
E é isto o contrassenso da vida. Queremos sempre aquilo que não podemos ter. E eu hoje, queria os meus filhos ao pé de mim!