Banalidades

Correr? Porquê?

Já várias pessoas me perguntaram porque comecei a correr. Os motivos são vários, mas quando comecei, foi porque os horários da minha vida actual, raramente me permitiam ir a ginásios ou fazer uma actividade desportiva regular. Assim, optei pela corrida, porque me permite fazer desporto, em qualquer meia horinha que surja, bastando calçar uns ténis (sapatilhas, segundo os entendidos!), e sair! Não adoro correr, mas corro! Já detestei correr, e neste momento já gosto, e diz quem corre muito mais do que eu, que com o tempo, ficamos completamente apaixonados pela corrida. No final do ano passado, superei os meus limites, ao fazer a São Silvestre, com quase nenhum treino, correndo 10 km sem parar. Desde então, tenho treinado muito pouco, e já não faço uma corrida decente há 2 meses.

Hoje, realizaram-se os 12 km de Cascais. Uma corrida inserida no BES Run Challenge. Quando me quis inscrever, já tinha esgotado, mas na 6a feira à noite, recebi um SMS dando-me conta de que havia desistências de ultima hora, e que havia dorsais para nós! Fiquei contente, e organizámos a logística familiar nesse sentido. Sogros a dormir em nossa casa, para que, domingo bem cedo, rumássemos em peso para Cascais, e enquanto os pais corriam, os avós passeavam os meninos. Equipamento preparado, saco com roupa para trocar no fim (só porque a previsão era de muita chuva), e tudo organizado! E eis que, algures no meio do gigante cansaço que anda cá por casa, o despertador tocou, cerca das 7h da manhã (que ainda ontem eram 6h), e foi mecanicamente desligado, sem que nenhum de nós acordasse. Resultado? Quando acordámos… Era tarde demais. Já tínhamos chamadas não atendidas e mensagens nos telemóveis, e tínhamos os nossos companheiros de corrida a pensar se nos teria acontecido alguma coisa, mas tínhamos pura e simplesmente… Estado a dormir!

Tinha combinado com a Carolina, que íamos correr juntas. O nosso ritmo não é muito diferente, o nosso gosto pela corrida também não, e por isso, íamos juntas, e o resto da malta “pro” seguia viagem e esperavam por nós na meta (quem sabe com uns pompons!). Como faltei, a Carolina, correu sem mim. Mas nisto das corridas, nunca ninguém fica sozinho, e por isso, houve uma equipa de motivação e acompanhamento, que fez com que a Carolina se superasse e fizesse os 12 km! A sensação de superação que se sente no momento em que se passa a meta é indiscritível, e se há coisa que tive pena, foi de não ter passado esta meta com ela! (Parabéns minha querida!) Aqui fica um pouco do que a Carolina descreveu sobre a corrida de hoje, nas palavras dela própria, que diz, que não sabe escrever “como vocês que têm blogues”:

“Finalmente em casa, finalmente no sofá. Explicar o que se passou hoje e o que senti é completamente impossível. Acordei com uma neura e sem vontade nenhuma de sair de casa. Na sexta-feira, num acto inconsciente, tinha aceite o desafio de correr a corrida do BES e hoje essa inconsciência atacou-me forte. Tinha a certeza que não ia conseguir. Meia hora antes da corrida, paniquei… Não fugi a chorar dali para fora por pouco, mesmo muito pouco. Chovia, estava frio, e eu completamente em pânico. De repente, percebo que não vou correr sozinha. O que em vez de me acalmar, teve o efeito contrário porque percebi que ia ser mais difícil desistir. Comigo correram a Catarina, o Zé Carlos e o Francisco. Tenho a certeza que nunca lhes vou conseguir agradecer o que fizeram por mim durante aquela hora e meia. Sempre comigo. Sempre. Sempre. Sempre. E de repente passei de nunca ter corrido mais do que 6km para ter corrido hoje 12. 12km. E no final… Tive uma descarga brutal de adrenalina [que não me lembro de ter sentido em nenhum momento da minha vida, nem nos partos] e chorei.”

E é por isto que quem corre, gosta de correr. É por isto que dizem que a corrida apaixona, e vicia. Se continuam a achar que correr não é a vossa onda, acreditem, que também não era a minha, nem a da Carolina, nem a da Lénia, nem a da Ana, nem a da Marta… E se calhar, daqui a uns tempos, podem dizer, que não era bem a vossa cena, mas que realmente…

(Credito das fotos: Pato ultramaratonista)

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