Maternidade,  Psicologia

# Crónica 1 de 2018 | Planos para o Ano Novo – Versão criança

Planear um ano novo é uma tarefa comum para o final de um ano civil / inicio do novo ano. Agenda nova, calendário limpo e 1001 projectos que foram ficando na gaveta no ano anterior. Este ano a proposta é focarmo-nos no ano novo deles pois daí virá o foco de grande parte do nosso. Mas afinal, como é que podemos ajudar os nossos filhos a planear um ano?
Ano Novo, Vida Nova…
O ano novo tem esta magia de recomeço, de início dum novo ciclo e de fecho duma etapa que agora terminou. A passagem de ano representa assim um marco, quer temporal, quer em termos de vida.
Deste modo, muitas vezes aproveitamos esta ocasião do ano novo não só para fazer balanços e balancetes internos, como igualmente para definir planos e metas. Assim, a nossa sugestão de hoje é aproveitar este exercício, numa versão criança, respondendo à questão: “Como é que o meu filho(a) pode planear o seu ano novo?” Comecemos, então, por definir os dois conceitos-chave do exercício de hoje, na versão criança:
1. Planos
Quando se planeia está-se a funcionar em dois níveis complementares: o cognitivo ou mental, e o emocional ou afectivo. Deste modo, cognitivamente planear é antecipar algo, é criar esquemas mentais organizados, para o futuro. Emocionalmente, por outro lado, planear é criar expectativas e expressar desejos.
O exercício de hoje vai-se focar sobretudo na parte emocional da criança. 
2. Ano Novo
Objectivamente o ano novo é um conceito temporal, protocolado socialmente. Subjectivamente o tempo tem uma dimensão aparentemente diferente consoante a idade, ou seja, para uma criança um ano parece algo muito maior que para um adulto. Assim, importa ajustar o conceito temporal neste exercício.
Perante este enquadramento conceptual e tradução adulto-criança, ajudar o filho(a) a planear o ano novo pode ser feito da seguinte forma:
  • Calendário
Em primeiro lugar, o exercício começa por ver com a criança o que é um ano, de acordo com a idade. Ou seja, enquadrar temporalmente o intervalo de que estamos a falar.
Um ano pode ser definido por 12 meses, como os calendários mais clássicos fazem, mas pode igualmente ser definido pelos marcos mais importantes da criança. Importa usar um calendário que a criança perceba e saiba usar.
Vejamos os exemplos:
Ano 2018 – 12 meses
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
Ano 2018 – Férias Escolares
Férias de Natal Férias de Carnaval Férias da Páscoa Férias de Verão
Ano 2018 – Aniversário
Antes do meu aniversário Aniversário Depois do meu aniversário
  • Folha de Papel
Planear significa escrever (ou desenhar, de acordo com a idade). Assim, o exercício envolve uma folha de papel que será para ficar pendurada em local visível (ou no frigorífico, ou na cozinha ou no quarto da criança).
  • Desejos
Que desejos é que queres para este ano? Este exercício é livre e o objectivo é os pais começarem por ajudar o menos possível a criança.  Eu sei que por vezes não é fácil e a tendência é logo ajudar. Não o façam. Deixem a criança enfrentar as dificuldades e dúvidas “sozinha”, e ir descobrindo respostas. Já vamos ajudar nos pontos a seguir.
Podem sugerir uma lista, enumerada.
  • Classificação
Tendencialmente esta lista de desejos vai ser baralhada com uma carta ao pai natal ou lista de presentes para o aniversário. É provável que a criança na sua lista de desejos olhe apenas ou sobretudo para as suas necessidades. 
Por isso mesmo existe este próximo ponto, para ajudar a criança a pensar para além do umbigo (para não ser como muitos adultos que conhecemos que não chegaram a fazer esta aprendizagem). Assim, podemos agora desafiar a criança a classificar os desejos que escreveu. Quais as classificações?
Podem ser: desejos para mim, desejos para a minha família, desejos materiais, desejos não materiais, desejos para os meus pais, desejos para os amigos, etc. O objectivo é ajudar a criança a olhar para o que desejou.
Escala de importância. O exercício a seguir é classificar de 1 a 5, por exemplo a importância dos desejos. O conceito importância é variável e é a criança que define, com a ajuda do adulto, se preciso for. Basicamente o 1 é o desejo mais, mais, mais, mais importante e o 5 é o desejo mais importante.
Princípio da Realidade. Este princípio freudiano não vou sugerir neste exercício para o não complicar mais e porque já estão colocados desafios atípicos das práticas do quotidiano. Explico apenas, para quem quiser, que se pode aferir os desejos pelo seu grau de realização, ou seja, por se ajustarem mais ou não à realidade.
Mas mesmo aqui não há um critério melhor que o outro, ou seja, ser um desejo realizável não é melhor ou pior que ser um desejo não realizável. São apenas critérios diferentes, onde o plano pode ser mais metas ou sonhos.
E pronto, bons planos e um excelente 2018 J 
Abraço,
Hugo Santos, Psicólogo
Escola para Pais
Psicologo.pt

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