Da necessidade de brincarem sózinhos
Há uns dias, a Carolina acordou cedinho. Era fim de semana, não tínhamos planos que nos fizessem sair a correr de casa, por isso estávamos a tomar o pequeno almoço, os três, enquanto deixámos o Daniel dormir até querer.
Quando a Carolina terminou o leitinho, pediu para ir brincar para o quarto, e foi. Passados uns bons 10 minutos, percebemos que estava em completo silêncio… há demasiado tempo, e estranhámos! Decidimos ir pé ante pé, espreitar, e tentar ver o que ela estaria a fazer para estar tão caladinha! [Escusado será dizer que fomos convictos de que estava a asneirar!]. Quando nos aproximámos do quarto, tivemos o cenário que menos imaginámos. A Carolina estava sentada no chão, junto da cama de brincar que tem, a brincar sozinha, tranquilamente, com os seus bebés! Vestia e despia, deitava, tapava, aconchegava. Passava ao próximo e repetia as rotinas. Com o número de bebés que ela tem, aquilo mais parecia o berçário de uma creche, mas o ar maternal com que ela “tratava” dos bonecos era delicioso.
Voltámos para trás, sem deixar que nos visse, e deixámos que ficasse entregue às suas brincadeiras de menina, mas esta situação deixou-nos a pensar!
Eles são realmente inseparáveis, não podem estar mais do que escassos minutos sem se ver, e muito menos irem para sítios diferentes ou saírem separados. Se um adoecem faltam os dois à escola. Nunca foram separados para nada! E mesmo quando existem situações como a que acabei de relatar, em que um está a dormir, o outro, o que está acordado, pergunta onde está o mano ou a mana umas 100 vezes por hora! Só que, com o crescimento, começam lentamente a surgir as diferenças entre sexos e consequentemente entre gostos e brincadeiras. Enquanto o Daniel prefere brincadeiras mais activas e barulhentas, a Carolina tem necessidade de ter momentos de calma e tranquilidade. Aproveita os momentos em que se senta na sanita, para carregar com ela uma dúzia de livros e ficar “a ler”! Ali, está resguardada e sossegada, e já percebeu isso sozinha! Embora o irmão partilhe com ela brincadeiras tipicamente de menina, assim como ela muitas vezes faz o inverso, brincado com o Hulk, o Homem Aranha ou as Tartarugas Ninja, a verdade é que nenhum dos dois aguenta estas brincadeiras muito tempo. Se é ele que está a alinhar numa brincadeira mais tranquila, depressa se cansa, atira coisas ao ar, ou deixa de obedecer às ordens da irmã, e acaba-se logo a brincadeira, regra geral, em choradeira! Se é ela que está a brincar com ele a brincadeiras de rapaz, farta-se, larga os bonecos pelo chão, e acaba por se dedicar a outra coisa qualquer.
Por isso, começamos a considerar a possibilidade, de um dia destes fazermos um teste! Ela faz um programa de menina com a mãe, e ele um programa de rapaz com o pai! Afinal, são gémeos, mas não são siameses!