Das aulas de inglês para crianças
No inicio do ano lectivo, com a mudança de escola, deram-se algumas mudanças nas rotinas dos miúdos. Para além das óbvias, em termos de deslocações e horários, na escola em si, houve uma grande mudança no que respeita às actividades extra-curriculares. Na escola antiga, tinham aulas de música, uma vez por semana. Na escola nova, ginástica e inglês, duas vezes por semana.
No início estranharam bastante. Não era que não gostassem das aulas novas, mas sentiam a falta da aula de música. Em particular o Daniel, que tem nitidamente bom ouvido e gosta de música, falava vezes sem conta das aulas do Filipe, cantava as canções das aulas, e perguntava porque é que ele não podia vir dar aulas à escola nova. Com o passar do tempo, foram-se habituando a esta mudança, e hoje em dia, falam na mesma imensas vezes do Filipe e das aulas de música, dizem que têm saudades, mas já perceberem que não passa por terem essa mesma aula aqui na nova escola.
No inicio do ano, achei que ter Inglês, para a idade deles, se calhar não ia trazer grande proveito, mas não obstante, achei que era positivo começarem a familiarizar-se com a língua desde cedo. Na primeira reunião de pais, a professora de Inglês explicou o porquê de terem aulas de Inglês tão cedo, e contou uma história de uma família de amigos que vivem no estrangeiro, que o pai tem uma Nacionalidade e a mãe outra, e cujos filhos desde sempre foram fluentes nas três línguas. Segundo nos explicou, com esta idade as crianças têm uma capacidade de apreensão extraordinária e absorvem muito facilmente todos os ensinamentos. Apesar desta explicação, confesso que não esperei resultados por parte dos meus filhos. Até porque, num dos dias da semana em que têm aula de Inglês, a aula é à hora da sesta, e como o Daniel e a Carolina dormem a sesta, faltam à aula.
Apesar desta redução para apenas 1 hora por semana, com o passar do tempo, fomos começando a notar cada vez mais o entusiasmo deles com o Inglês. Perguntávamos sempre o que tinham aprendido, o que tinham feito na aula, e se se tinham portado bem. [A professora tem um sistema de avaliação de comportamento, que consiste em pintar uma bolinha de cor no interior do pulso de cada criança, para indicar se o comportamento na aula foi bom – verde, mau – vermelho ou assim assim – laranja]. Na maioria das vezes limitavam-se a dizer que tinham estado a pintar ou a cantar, e mostravam o pulso com orgulho para provar que se tinham portado bem.
Desde há umas semanas para cá, começaram a falar nas cores. Diziam que tinham aprendido cores na aula de Inglês, e lá acertavam numa ou outra cor se lhes perguntássemos. Até que, a determinada altura, começaram a substituir as palavras relativas às cores em Português, pelas cores em Inglês! E acertavam! Quando lhes perguntámos mais sobre cores, responderam correctamente a tudo! E agora, é vê-los constantemente, entre brincadeiras, a dizerem as cores em Inglês e a continuarem a conversa em Português.
Ser fluente numa língua é isto! É misturar idiomas sem sequer dar por isso, é deixar que as palavras façam sentido, construir frases, com palavras de diferentes línguas. E eu, confesso, que não esperava que os meus filhos, com apenas 1 hora por semana de Inglês, desde Setembro, o que se traduz mais ou menos em 18 aulas, entre férias e faltas, tivesse esta capacidade. Fiquei orgulhosa, confesso! E cheia de vontade de continuar a puxar por eles, a ensinar-lhes outras palavras, outras terminologias.
Um dia da semana passada, cruzámo-nos com a professora de Inglês à porta da sala, e ela cumprimentou-os, com um sorriso e um sonoro: “Good Morning! How are you today?” – A Carolina, que estava mais próxima, muito envergonhada e meio escondida atrás das minhas pernas, respondeu com um sumido “hello” entre sorrisos. E a verdade, é que quando ouvem a música da Adele, dizem que ela está a dizer Olá em Inglês!
One Comment
A Soma Subtraída
Amiga é óptimo para eles A minha prima Adriana fala espanhol com o pai, português com a mãe, francês na escola e ainda inglês. E em boa verdade faz esta distinção com tanta naturalidade que só demonstra a grande capacidade que as crianças têm para aprenderem idiomas. Vai ser óptimo para o futuro deles ��