Banalidades

Das histórias de amor… O amor do Jorge

Leio o blog do Jorge há anos! Gosto de ler o que escreve aqui, e de ver as fotografias que partilha aqui. Informático, marido, pai, blogger, gosta de fotografia e de ler. Sobre ele próprio, o Jorge diz ter a idade suficiente para ter nascido em casa quando ainda não era moda nascer-se em casa, numa aldeia nas margens do Rio Caima, perto de Oliveira de Azeméis. Com 10 anos foi levado para a Venezuela, onde se fez pessoa, e com 20 foi trazido de volta e deixado em Lisboa, sózinho. Desde há mais de 20 anos que é Setubalense, a cidade onde viveu mais tempo. Adora choco frito, as cores do Rio Sado e a Arrábida! Gostava de conseguir escrever mais e melhor. Aqui fica o texto de amor do Jorge!
 
“Acordei, lá fora a chuva de verão cai com força, sinto o cheiro da terra molhada, aquele cheiro inconfundível que tem o condão de me transportar. Sem querer estou a voar até outros sítios, deixo-me ir. As minhas recordações terminam sempre por me levar até ti, o cheiro a terra molhada transporta-me até aquele outro dia de verão em que chovia e nos conhecemos.
Chovia, muito, as ruas tinham-se convertido em rios intransponíveis, fiquei parado ao fundo das arcadas daquela praça, indeciso entre chegar atrasado ou chegar encharcado, fui ficando, as pessoas passavam apressadas tentando em vão fugir da chuva, de repente dei por uma figura ao meu lado, olhei, por detrás de um sorriso estavam uns enormes olhos de um negro intenso. Retribui o sorriso e fiquei pasmado a olhar.
 
-Está a chover – disseste.
-Sim, parece que sim – disse, enquanto continuava a olhar para a profundidade dos teus olhos negros.
-Parece que estamos condenados a ficar aqui
-… -Eu continuava vidrado nos teus olhos, não conseguia pensar.. e muito menos dizer qualquer coisa com sentido.
– E se fossemos tomar um café?, há ali um café do outro lado das arcadas, não precisamos de nos molhar.
-Claro, vamos – disse.
 
Fomos, por horas esqueci o meu mundo à medida que ia entrando no teu, falaste de ti, das tuas coisas, dos teus amigos, de tudo um pouco. Quando dei por mim, tinha passado a tarde, algures no meio daquela cidade havia pessoas a perguntar por mim, assuntos por tratar, negócios por arrumar, esqueci tudo, o brilho dos teus olhos negros apagou por completo o resto do meu mundo, naquele dia, e por muitos mais.
 
Quando finalmente nos despedimos, há muito que a chuva tinha parado, e eu tinha caído irremediavelmente na teia tecida pelo brilho dos teus olhos e o calor do teu sorriso. Trocamos contactos e ficámos de nos voltar a ver, em breve disseste, sim, muito em breve.
Nessa noite demorei muito tempo a adormecer, os teus olhos invadiam o meu espaço, os meus sonhos, as minhas ilusões, o meu mundo. No dia a seguir a primeira coisa que fiz foi ligar-te, ficaste feliz. De novo chovia, combinámos encontrar-nos naquela mesma esquina, era para almoçar, mas no fundo, eu já sabia que o encontro não era contigo, o meu encontro era com os meus sonhos, era um encontro com a vida.
 
Hoje como naquele dia Chove.. e não preciso de voar, sinto o teu calor ao meu lado, dormes serenamente,.. eu sorrio, adoro chuva!”
 
Conheçam a história da Ana Luisa e do Miguel, o poema da Sofia, e …. E não percam na próxima 6ª feira, mais uma publicação de amor!

Imagem retirada de aqui:http :/ photo.net photodb /photo?photo_id=5690317

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