Banalidades

Dêem um bom abraço

Não conheço o Paulo Duarte, mas hoje dei de caras com um texto dele que me tocou. Nos dias que correm, acredito pouco no sistema de ensino Português. Filha de professor que sou, cresci “dentro” do sistema de ensino Português e tudo o que vi foi que nos últimos 30 anos ele se degradou. Hoje, temos crianças escravizadas à escola, que não criam laços com os professores e não gostam do que preenche a maior parte das horas dos seus dias. Como mãe, aflige-me pensar que dentro de 2 anos os meus filhos entram nesta roleta russa que tanto lhes pode trazer um excelente professor, como um professor que não quer ser professor, que não gosta do que faz, que não tem qualquer pretensão em sentir-se orgulhoso de ver que o seu trabalho ajuda a formar adultos. Hoje, li o texto do Paulo Duarte e fiquei com esperança que haja mais professores assim. Que recordem aos pais que o trabalho de base é feito em casa, e que a escola apenas o complementa, mas também que se preocupem, e que acima de tudo, estejam lá, para dar o abraço, quando os nossos filhos precisam dele e estão longe de nós.
Estimadas Mães, estimados Pais, Encarregados(as) de Educação em geral,

Nesta última semana de aulas, muitos irão receber os resultados das avaliações, que serão consolidadas em notas finais de período daqui a alguns dias. Nada de novo. O que pode ser algo novo é o modo como as recebem. Talvez muitos já o fazem, no entanto, aqui fica: antes de receberem algum resultado de teste ou de notas finais, dêem um bom abraço aos vossos filhos, filhas, educandos. Esse abraço dirá que gostam deles pelo que são, independentemente dos resultados.

Se as notas forem muito boas, mais do que a inteligência, elogiem o processo, o caminho, o esforço. Se as notas não forem as desejadas, tentem perceber o que se passou, com calma. É o primeiro período, ainda há muito caminho pela frente. Nunca, mas nunca, lhes chamem algo que os inferiorize.

É certo que é de, tal como nós professores, puxar por eles, de modo a dar o seu melhor. E aqui estamos, em colaboração convosco, para ensinar-lhes conhecimentos científicos das mais diferentes áreas, dando-lhes ferramentas intelectuais para o seu futuro. No entanto, um aluno, antes de qualquer nota, é uma pessoa com muito a acontecer na sua vida. De criança a adolescente, a dimensão afectiva é muito forte. A base, o fundamento, o suporte, é sentirem-se amados simplesmente por serem quem são. Mais importante ainda, não descarreguem ou projectem sobre eles as frustrações que possam ter, de presente ou de passado. Ninguém é cópia de ninguém, muito menos uma criança ou um adolescente. Se se sentirem amados, podem ser desafiados ao seu ritmo que irão dar resposta, igualmente ao seu ritmo.

Talvez possam receber uma ou outra indicação sobre o comportamento. Antes de manifestarem a vossa tristeza, ou repreensão, abracem-nos. Recordem que são crianças ou adolescentes e não adultos em miniatura.

O primeiro apoio que eles sentem é em casa, nesse sentir de lar, onde podem voltar sempre que algo não corre pelo melhor. É isso, antes de receberem algum resultado de teste ou de notas finais, dêem um bom abraço aos vossos filhos, filhas, educandos. Esse abraço dirá que gostam deles pelo que são, independentemente dos resultados.

Obrigado. É muito bom estarmos juntos nesta missão, ainda que de modos diferentes, de educar e ajudar as “nossas” crianças e adolescentes a serem mais humanas. Um Abraço!
Paulo Duarte
[Este texto foi escrito no perfil pessoal do Paulo Duarte e partilhado por várias pessoas no facebook. Foi assim que me chegou, e senti que o devia partilhar. Obrigada Paulo!]

One Comment

  • paulo,sj

    Sandra,

    Muito obrigado pela partilha do meu texto. Isto de acompanhar crianças e adolescentes e ajudá-los a crescer, leva-me a ter muitas percepções da realidade. E há que ajudar seres humanos e não máquinas. 😉

    Abraço agradecido!

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