Dependência e Independência no crescimento de um bebé
Quando nascem, os bebés são 100% dependentes dos pais. Na sua maioria, mais dependentes da mãe do que do pai, devido à amamentação, mas completamente dependentes! Com o passar dos meses, começam a desvincular-se, aos poucos, e a dar minúsculos passos para a independência.
Começam a querer mexer nas coisas que os rodeiam, a esticar os braços para pedir colo, a reagir a determinados estímulos. Começam a sorrir, a palrar, a andar agarrados a coisas, a correr, e num abrir e fechar de olhos, estão de mochila às costas a caminho da escola. Estarão os pais preparados para isso? Eu, apesar de já sentir que tudo passa demasiado depressa, acho que estou preparada para ver os meus filhos crescerem.
Rapidamente me adaptei aos progressos na independência dos meus filhos. Sempre foram bebés sociáveis, que facilmente aceitavam a presença e a interacção de outras pessoas. Sempre responderam positivamente aos estímulos exteriores. Aos 7 meses, foram para a creche. A adaptação foi muito simples, ficaram sempre tranquilos e sem choro, e o meu coração de mãe saía de lá feliz. Ia trabalhar descansada, e sabia que estavam bem. Mais tarde, começaram inclusivamente a querer passar do meu colo para os colos das educadoras e auxiliares preferidas, e ficavam à porta da sala a dizer-me adeus.
Quando tinham 3 meses, ficaram pela primeira vez com os avós maternos. Os pais foram festejar o aniversário de casamento num jantar a dois. Não foi perfeito, choraram um bocadinho, mas correu bem. Mais uns meses passados, e começou a acontecer ocasionalmente ficarem com os avós paternos, em nossa casa, para a mãe ir com o pai ao ginásio. Jantavam bem, tomavam banho e deitavam-se sem qualquer problema.
Recentemente, o cenário mudou. Com quase 17 meses, a postura e a reacção a pessoas de fora alterou-se. A mudança não se deu de um dia para o outro, mas também não foi gradual. Foi algo que surgiu em determinados momentos, e com pessoas que vêem menos frequentemente, mas que de repente alastrou a todos que não o pai e a mãe. E mesmo assim, momentos há, em que só serve ou o pai ou a mãe.
Provavelmente, a fase pior, iniciou-se após uma semana inteira em casa doentes, em que na maioria do tempo estavam apenas comigo. Obviamente, qualquer mãe ou qualquer pai, dá mais mimo numa situação de doença, e nós não somos excepção. Nas noites difíceis houve colo, nas horas de febre alta houve colo, nas horas de refeição com lágrimas e pouco apetite houve colo! A dificuldade foi conseguir dar tanto mimo quanto eles precisavam, aos dois ao mesmo tempo! Foi um desafio, mas foi superado! E questiono-me agora se teremos feito bem. Passo a explicar.
O cenário comum desde a semana passada, é deixar dois bebés na creche a chorar. É ter que lhes virar costas e sair. É ir trabalhar de coração apertado. Acabam por se calar, acabam por ficar bem, mas aqueles 10 minutos após chegarem, são de drama.
Em casa, é ter o Daniel a fazer birras porque não quer voltar para a cama dele quando acorda para mamar às 6h da manhã. É ter o Daniel a passar uma tarde inteira a apontar para a porta de casa, a dizer “Não há pá”, e a chorar com o ar mais infeliz do mundo. É ter a Carolina a recusar o colo da avó, que sempre aceitou de bom grado, e a recusar jantar pela mão da avó. É ter a Carolina a chorar se alguém que não a mãe lhe tenta trocar uma fralda.
E face a este cenário, questiono-me se terei exagerado no mimo, para que a independência dos meus filhos tenha regredido tanto.
Por outro lado, há o mito, de que as meninas são mais fixadas no pai e os meninos na mãe, mas nesta família, esse mito não se verifica! É precisamente o oposto! Hoje de manhã, fui para Lisboa para uma reunião, e foi o pai que os levou à creche. A Carolina foi a chorar. Normalmente, sou eu que os levo de manhã, e quando o pai se dirige para o carro dele e diz adeus, vai o Daniel a chorar! Se eu perguntar “quem é que quer vir ao colo da mamã?”, a Carolina estica os braços primeiro. Se a pergunta for feita pelo pai, o Daniel nem hesita, e atira-se para os braços do pai em vôo.
Seria de esperar que nesta idade, a independência fosse maior. Pelo menos para mim, E o que vejo é uma regressão. Será uma fase? Fará parte do processo de crescimento? Será fruto do excesso de mimo e do excesso de tempo que passam comigo?
São perguntas às quais darei resposta à medida que o tempo for passando. Porque teorias, há muitas, mas prática, cada criança é uma criança, e reage de forma completamente diferente de outra, mesmo que, como no nosso caso, sejam gémeos.
One Comment
Lena
Olá!
A autonomia e a independência aumentam sempre, mas também aumenta a perspicácia, a capacidade de controlar as emoções, o saber chorar se isso der jeito, etc, etc. Não dêem importância, reforcem a vossa posição, não cedam (muitas vezes) e num instante eles percebem que é tempo perdido! 🙂