Dia Mundial da Prematuridade
Comemora-se hoje, em todo mundo, o Dia Mundial da Prematuridade! Já aqui tinha referido que 1 em cada 10 bebés nascidos no mundo, nasce prematuro.
Eu não sei o que é ter um bebé de termo. Não sei o que é dar à luz e ter o meu bebé logo no colo. Não sei o que é tocar e cheirar o meu bebé logo após o parto. Não sei o que é sair do hospital 2 ou 3 dias depois com o meu bebé. So conheci os meus filhos 2 dias depois do parto, e mesmo assim foi um conhecimento parco. Foi pegar ao colo por uns minutos e fazer festas dentro da incubadora, com eles todos ligados a maquinas e a serem alimentados por sondas. E foi assim durante 2 semanas. As maquinas e os fios foram diminuindo de dia para dia, mas a fragilidade deles… era quase assustadora. Para nós pais, tornava-se mais fácil a cada dia que passava. Afinal, estamos “programados” para tratar deles assim que nascem! Mas quem os via… tão pequeninos que até pegar ao colo afligia… Percebia que eram de facto duas criaturas frágeis.
E nós fomos uns sortudos! Os nossos bebés prematuros nunca tiveram um único problema! Nunca houve sequer uma baixa de saturação de oxigénio, nunca precisaram de respiração assistida, nada! Só precisaram de aprender a mamar para poderem tirar a sonda, e de ganhar peso para serem vacinados. E ainda assim, a carga emocional de termos os nossos filhos no hospital aquelas duas semanas foi terrível! E ainda assim saí do hospital em lágrimas muitas vezes. E ainda assim não via a hora de os trazer comigo…
E esse dia chegou! E vieram para casa bem pequeninos, com 2kg cada um, mas cresceram! E nunca tiveram nada a apontar em termos de saúde! E sempre mamaram bem! E hoje estão tão crescidos que quem não souber não diz que foram prematuros.
O nosso caso foi simples, e no entanto emocionalmente tão pesado! E os casos que não são assim tão simples? E os bebés que perdem a luta com a vida, que ficam com limitações e problemas de saúde para sempre, que passam meses internados para ganhar meia dúzia de gramas?
Acompanho um grupo no facebook, de mães de gémeos. Nesse grupo, existe uma mamã, a X, que escreve sobre a sua vida regularmente para desabafar e pedir apoio a quem a lê. A X teve dois meninos prematuros penso que já há uns 3 meses. Nasceram de 20 e poucas semanas, com muito pouco peso, e um deles não sobreviveu. O R tem tido inúmeros problemas de saúde e é tão pequenino que a X teve que aprender a viver um dia de cada vez, e agarrar-se ás pequenas vitorias para aguentar tudo isto! O R ainda está internado na Estefânia sem previsão para sair. A saúde dele para já é frágil e certamente não se sabe como será no futuro. O que sente uma mãe numa situação assim? Perder um filho e ver o outro numa luta desenfreada para sobreviver… Eu não imagino!
Dedico o post de hoje a todos os prematuros em risco de vida do nosso mundinho, mas em especial à X e ao R. Porque quase sempre leio os posts daquele grupo para saber noticias deles. E porque acho que perder um filho deve ser a pior provação que a vida nos pode trazer.