Banalidades

Dos palavrões cabeludos…

… E das coisas que nos passam pela cabeça quando os nossos filhos começam a falar.
Cá em casa não passamos a vida a dizer palavrões, mas de vez em quando, se um de nós (por exemplo), se entala ou corta o dedo a descascar batatas, escapa-se um. Até agora ainda não houve grandes preocupações com a possível imitação dos pequenos papagaios cá de casa, mas os últimos dias trouxeram muita evolução no vocabulário, e hoje reflecti mais aprofundadamente sobre o assunto.
Não que seja fundamentalista do Português correcto (não adoptei o acordo ortográfico, eu sei!), mas sinceramente dispenso que os palavrões façam parte do leque de primeiras palavras dos meus filhos. Será inevitável que os aprendam, e realmente é daquelas coisas porque todos passámos em miúdos, mas o facto é que ver um miúdo pequeno a largar palavrões, faz-me sempre lembrar um episódio a que assisti há muitos anos atrás. Estava com a minha mãe na farmácia, e entrou uma senhora de etnia cigana com um miúdo. O miúdo, enquanto a mãe era atendida, tentou pesar-se sem pôr moeda na balança, e como a balança dizia repetidamente “introduza a moeda” em voz nasalada, enervou-se, e desatou ao pontapé à balança disparando todo o leque de asneirada que o vocabulário de um puto de 4 ou 5 anos permite. Eu era miúda, já tinha ouvido alguns dos palavrões, mas por norma não os ouvia assim tanto! Lembro-me que a minha reacção foi olhar para a minha mãe à espera que ela ralhasse com o miúdo!  
 
Não vou ser santinha e dizer que em miúda não dizia palavrões! Nem pensar! A diferença, é que não os dizia em casa! Sabia distinguir onde e com que companhia, se podia soltar um desses ditos. Confesso não ter grande desejo de ouvir os meus filhos a usarem palavras que eu até uso, pelo menos nos próximos anos.
 
Quando chegar o dia em que comecem a aparecer essas palavras nas pequenas boquinhas lá de casa, terei que lhes explicar muito calmamente, que há palavras que são feias, que não se dizem, e esperar que, à semelhança do que os meus pais conseguiram que eu apreendesse, isto, regra geral, cumpre-se!
 
Depois, claro que, há sempre uns momentos caricatos, que nos fazem ter vontade de chorar a rir, mas que, pelo menos em frente às crianças, exigem compostura! Um dia destes, uma amiga minha, literalmente a chorar a rir, confessou-me que a filha mais nova chegou a casa a dizer que a amiga X tinha dito.. e pimba! Palavrão cabeludo! Ela ralhou, disse que não se podia dizer aquelas palavras, que eram feias… mas antes disso, pegou no telemóvel, pôs a filmar, e perguntou: “Filha, diz lá o que é que a tua amiga disse?”. E a filha, obediente, disse direitinho: “puta do caiaio”. Eu vi o filme, e para além da miúda estar a fazer uma birra enquanto obedecia ao pedido da mãe e ter umas bochechas que apetece apertar, achei-o uma delicia!

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