Esta noite tive um sonho…
… acordei com os raios de Sol a tocarem na face… cheirava a lençóis lavados e a mar. Espreguicei-me devagar, e virei-me para o outro lado. Mais uns minutos de silêncio. Aqueles breves minutos antes de acordar, em que nos encontramos num estado de sonolência que aquece por dentro… Ao longe, oiço o barulho do mar… cadênciado, como que uma canção de embalar. O grito das gaivotas desperta-me. Abro os olhos, levanto-me, abro a janela de par em par. O deck em redor da piscina já está quente. É o Sol de Julho que aquece cedo. Respiro fundo, e fico a admirar a paisagem por uns instantes.
Volto para dentro e preparo o pequeno almoço. Faço 4 panquecas, disponho-as em pilha, junto iogurte grego, uma colher de nutela e uma mão cheia daquelas framboesas deliciosas que comprei no mercado. Sirvo um copo de sumo de fruta, que fiz na noite anterior, e está bem fresquinho no frigorifico, e vou comer lá para fora.
Uma leve brisa corta o calor do sol, precisamente na dose certa para não ser demasiado insuportável. Vou tomando o meu pequeno almoço enquanto leio um livro, devagar, com calma, em silêncio. Só eu, o Sol, o vento, o mar, as gaivotas… aquele cheiro inconfundível a mar, e a sensação de que nada mais se passa no mundo.
Depois do pequeno almoço, deito-me ao sol. Tento ler mais um pouco, mas os olhos começam a fechar, e acabo por adormecer. Acordo já o Sol vai alto, cheia de calor! Dou um mergulho na piscina e volto a deitar-me um pouco. Quando o bikini seca, vou para dentro, e preparo uma salada para o almoço: cuzcuz, com tomate cherry, courgette aos cubos grelhada, pimentos, nozes, passas, atum, cebola picada, e ovo cozido. Tempero com um pouco de vinagre balsâmico, misturo bem, e levo lá para fora. Acompanho com um sumo de melancia. Almoço com o olhar no horizonte. Um barco à vela navega lá ao fundo. Fico a imaginar a tripulação, olhos postos no mar, golfinhos à prôa, a cortar as ondas.
Depois do almoço vou até à praia. Piso a areia branca e fina, quente do sol, e deixo-a escorregar por entre os dedos. Atravesso até ao passadiço de madeira, e percorro uma distância que me permita chegar a uma zona de praia com pouca gente. Escolho um local onde estou próxima do mar, e instalo-me. Leio mais um pouco. Viajo por entre a história que tenho nas mãos. Passa-se no Alentejo, num espaço temporal muito igual ao que vivemos. Sou arrancada desta minha viagem por um grito: ” – Olhá bolinhaaaaa!”. Procuro com o olhar, e encontro a senhora das bolas. Cesta de verga branca no braço, vestida de branco dos pés à cabeça. Faço-lhe sinal, e ela aproxima-se de mim. Dá-me uma bola para a mão, enorme, a deitar creme por fora. Pago, agradeço, segue a sua vida, e eu fico ali, outra vez no meu silêncio. Saboreio a bola, devagar, sem pressas… trinco os grãos de açucar que ficam nos lábios, e lambo os dedos quando a bolta acaba! Bebo uns goles de água, e vou dar um mergulho antes de regressar à leitura.
A água está tão gelada que faz doer os ossos. Sabe bem, corta o calor do sol. Sinto um arrepio de frio, e saio novamente da água. Volto para a minha história, mergulho novamente naquela história que agora é a minha. Fico assim o resto da tarde. Até o sol perder a força, começar a tombar sobre o horizonte. Até que a brisa deixa de ser confortável e começa a conduzir-me de novo para casa.
Tomo um duche, preparo o jantar – risotto de cogumelos. Acompanho com um copo de Terras do Pó rosé. Janto na rua, junto à piscina. Velas de citronela na mesa, eu, o luar, o mar, ao longe a serra… aquele cheiro inconfundível a mar, e a sensação de que nada mais se passa no mundo.
Fico por ali, a ver as estrelas, a ouvir o mar, as cigarras, a sentir o cheiro do Verão. Adormeço cá fora. Acordo umas horas depois, dormente da posição. Levanto-me, arrumo os restos do jantar, vou para dentro. Mudo de roupa, tiro as lentes, e vou-me deitar. Cheira a lençóis lavados e a mar. Espreguiço-me devagar, viro-me para o outro lado, e adormeço.