Encerrou no sábado mais uma edição do Rock in Rio Lisboa, e neste último fim de semana de festival, por aqui, não perdemos pitada. Se no primeiro fim de semana estivemos out por causa do aniversário dos miúdos, no segundo estivemos completamente in e percorremos a cidade rock de ponta a ponta. Hoje falo-vos do que mais gostei e do que menos gostei e faço uma apreciação geral do festival.
Depois de um primeiro fim de semana de grandes concertos e do dia em que os recordes de bilheteira foram batidos com Bruno Mars como cabeça de cartaz, o último fim de semana de Rock in Rio Lisboa chegou. Sexta feira 29 o dia esteve cinzento, o que dificultou as chegadas à Cidade Rock. Com muita pena minha não cheguei a horas de assistir ao que era para mim o concerto mais aguardado – James, e só apanhei as duas últimas musicas. Entre atrasos na saída do trabalho e trânsito, foi nítido que o público já chegou na sua maioria mais tarde do que gostaria. Isto influenciou a presença dos fãs no concerto de James, que começou pouco depois das 18h. Ainda assim, Tim Booth nunca desilude em palco e apresentou um alinhamento repleto de grandes êxitos e uma boa disposição que se notou nas piadas que fez durante a performance.
Para mim este foi um ponto a melhorar para a organização, porque pessoalmente considero que a banda merecia um horário mais favorável, merecia casa cheia, e que com o horário escolhido perderam imenso. [Eu que sou fã, trocava-os com Katy Perry num abrir e fechar de olhos!]
Seguiu-se aquele que foi para mim o concerto que mais me fez vibrar em todo o festival, seja pela familiaridade com a banda, pela homenagem sentida que este concerto representou, pelos milhares de pessoas que debaixo de chuva cantaram um após outro os êxitos tão nossos conhecidos ou pelo Professor Marcelo em palco. Xutos e Pontapés dispensam apresentações e no Rock in Rio fizeram uma bonita homenagem a Zé Pedro. Um concerto emotivo do qual nem a chuva retirou o quórum. [Nós ficámos ensopados mas não saímos do sítio!]
Seguiram-se dois grandes gigantes, The Killers e The Chemical Brothers, com casa cheia e muita chuva à mistura. Arrisco-me a dizer que neste dia o recorde de vendas foram as capas de chuva a 5€ que certamente uma grande percentagem de festivaleiros se viu forçada a comprar! Afinal, dia 29 é Dia de São Pedro, e como tal ele deu um ar de sua graça refrescando o festival!
No último dia, o dia em que o programa foi alterado em prol do jogo da selecção [alteração esta que acabou por gerar alguma controvérsia], o recinto começou a compôr-se bastante mais cedo do que no dia anterior. Na hora do concerto de Ivete já a frente do palco mundo estava bastante preenchida, e quando chegou a hora do jogo ainda mais. Não sendo a atracção que normalmente se encontra num festival, o jogo da selecção acabou por ser um dos pontos altos do dia 30, e só não o foi mais, porque perdemos!
Com os ânimos mais em baixo, o publico recebeu Jessie J expectante. A artista superou as expectativas e na minha opinião deu um espectáculo muito bom e agarrou a multidão! Para mim foi a revelação da noite, com uma excelente presença em palco e uma colocação de voz impecável para um concerto ao vivo num recinto daquelas dimensões!
O último grande concerto do Palco Mundo trouxe Katy Perry, que para mim não deslumbrou. A voz não arrasou, problema de que padecem muitos artistas ao vivo, e apostou na performance. Mudou de roupa tantas vezes que lhes perdi a conta, trouxe um séquito de bailarinos e teve sem dúvida uma boa performance. Enquanto espectáculo, foi muito bom, enquanto concerto na sua essência, ficou abaixo das minhas expectativas.
Ainda aguardámos uns minutos pela última vez que regressou ao palco e quando começou a cantar a última música – Fireworks, com mais uma grande performance de palco, achei que seria uma acção concertada com a organização do festival que iria iniciar o espectáculo de Fogo de Artifício em simultâneo aproveitando o mote da música. Não aconteceu, e na minha opinião perderam o que podia ter sido uma sinergia muito interessante entre o concerto e o próprio festival. Mas provavelmente havia condicionantes que não o permitiam. Não obstante, o derradeiro espectáculo do Palco Mundo foi bonito de se ver, e do ponto em que eu estava – no piso intermédio do Stand da EDP, a vista foi deslumbrante!
Das novidades da edição deste ano, não posso deixar de referir as que mais gostei:
1. O mercado pop-up de alta cozinha – Time Out Market Rock in Rio, onde experimentei uns deliciosos camarões panados com chips batata doce e molho tártaro, por cerca de 11€. Aqui, encontrávamos opções de refeição muito variadas e com qualidade, a preços normais, em oposição aos preços exagerados a que por exemplo se vendiam os hambúrgueres do Burger Ranch.
2. A iniciativa de trazer um pouco do Dino Parque da Lourinhã, que permitia a quem não conhece ter uma ideia do que lá encontra e ficar com vontade de o visitar.
3. O reforço do plano de mobilidade, que promoveu acesso facilitado ao recinto com maior abrangência e número de operadores, a pensar no conforto do público desde que parte para o recinto até ao regresso a casa. Saliento ainda a existência de uma zona dedicada a pessoas com mobilidade reduzida, em local que permitia a vista total do Palco Mundo e que reforça a abertura do festival a todos!
4. Por último, a iniciativa de redução de resíduos de plástico, que para mim teve um impacte brutal! Se nas edições anteriores nos habituámos a ver os caixotes de lixo [e o chão!] a transbordar de copos de plástico, este ano o paradigma mudou! Como forma de incentivar a reutilização e o coleccionismo foi criada uma colecção de 10 copos diferentes, cujo design surge inspirado no movimento Pop Art – representado no novo quarteirão do recinto, o Pop District.
“Em 2008, ano em que o Rock in Rio formalizou a parceria com a Sociedade Ponto Verde, começámos a contabilizar os resíduos encaminhados para reciclagem. No total destas cinco edições reciclámos, já, mais de 174 toneladas de plástico, latas e ECAL (tetrapak), o que representa uma média de 34 toneladas por edição, sendo a maioria resíduo plástico”,
afirma Roberta Medina, Vice-Presidente Executiva do Rock in Rio.
“Na última edição de Lisboa valorizámos e reciclámos 100% dos resíduos. Ou seja, apesar de já apresentarmos uma excelente taxa de reciclagem e valorização, ao adotarmos esta medida dos copos reutilizáveis para consumo de bebida dentro do recinto poderemos, também, diminuir significativamente os resíduos produzidos, enquanto incentivamos o nosso público para uma atitude mais sustentável.”,
acrescenta.
Esta medida permitirá uma poupança de cerca de 60.000 litros de água em cada edição, e representa mais um passo no compromisso do Rock in Rio “Por um Mundo Melhor”. Parabéns à organização pela iniciativa!
Continua a ser uma surpresa para mim a resiliência demonstrada pela maioria dos festivaleiros que passam horas em filas para obter os brindes que os stands das marcas disponibilizam. Eu sou um bocadinho alérgica a filas e jamais perderia tempo numa fila para ir buscar um brinde! O mais procurado de todo o festival, foi o sofá vermelho da Vodafone, mas nem esse me convencia. Não que ele não desse jeito para sentar o rabo durante o festival e dar um bocadinho de descanso às pernas ou até para proteger da chuva, mas para mim, nada disso vale o tempo perdido na fila. A verdade é que eu sou a excepção à regra, porque um pouco por todo o recinto havia filas para trazer coisas como pastilhas trident, mini sapos de peluche, preservativos Control, chapéus de Cowboy ou bastões luminosos da EDP, entre outros. A título de curiosidade, ficam alguns dados sobre a activação de marca da Vodafone: Foram distribuídos 55.000: sofás Vodafone na edição deste ano, um valor que representa um crescimento de 38% face à edição anterior (40 mil); Mais de 13 mil pessoas passaram, todos os dias, pelo Vodafone Sofa Jump; O tempo médio de espera na fila foi de 1h30.
O slide, a já icónica Roda Gigante ou a EDP Rock Street mantiveram-se nesta edição como locais de eleição para as fotografias, e era comum encontrar pessoas em poses, umas mais arrojadas que outras, a tirarem as suas fotos nos locais de eleição do festival! Nós, não nos ficámos atrás!
Encerrou assim mais uma edição do Rock in Rio Lisboa, uma edição cheia de bons feelings, e em que se vive muito mais do que apenas música! Daqui a dois anos há mais!