Minutos que pareceram uma eternidade
Domingo de manhã. O pai foi andar de bicicleta, e a mãe ficou com os babys. Acordámos, tomámos um pequeno almoço calmo e sem pressas, arrumámos a casa, e preparámo-nos para sair. Tinhamos combinado ir passar o dia ao campo, com os avós maternos e o tio Gabriel, e apesar do Sol andar escondido, a ideia era irmos cedo, para que o tempo de brincadeira e ar puro fosse muito!
Saímos de casa, e descemos a escada. Três lances de escada depois, chegámos ao R/C. Descer com 2 miudos já pesadinhos ao colo, não é fácil, por isso assim que chegámos ao R/C, foram os dois para o chão para irmos até ao carro a andar pela mão da mamã. Abri a porta corta fogo para a garagem, e quando já tinha pousado a mala e ia abrir o carro, o Daniel resolveu fugir a correr. Fui logo atrás dele, e a Carolina ficou ali ao lado do carro à minha espera. Alcancei-o já do outro lado da escada, e conforme o peguei ao colo, ouvi um estrondo – a porta corta fogo a fechar. Virei-me, e quando olhei para a porta, gelei!
A porta corta fogo só abre sem chave num sentido: garagem – escada. Para se aceder à garagem pela escada, tem que se abrir com a chave, chave essa… que estava na mão da Carolina, na garagem! A minha mala, com telemóvel, estava igualmente na garagem. E na escada, estava eu, com o Daniel ao colo, e a chave do carro! Entrar na garagem pelo portão, só como o comando, que estava… na garagem! E a Carolina sózinha lá dentro, e eu com uma porta blindada à minha frente, a separar-me da minha filha!
Não sei quanto tempo passou, porque perdi a noção do tempo. Sei que os raciocínios sucederam-se uns atrás dos outros, a procurar uma solução, a tentar arranjar maneira de chegar à Carolina. Olhei para as dobradiças, e pensei se seria capaz de as desmontar e tirar a porta, mas achei logo que não era possivel. Corri até à porta do prédio, e toquei freneticamente à campainha do vizinho do lado. O intercomunicador não tem som, mas ele viu o meu ar de pânico na imagem, e foi a correr à janela:
” – Aconteceu alguma coisa?”
” – Preciso de ajuda! Tenho a Carolina fechada na garagem!”
” – Eu vou já aí!
Enquanto ele desceu a escada, em pijama e pantufas, a correr, eu fiquei junto da porta a falar com a Carolina. A dizer-lhe que a mamã já ia abrir a porta, para ela não chorar que a mamã ia já. O vizinho chegou, abriu a porta, e lá estava a Carolina, a chorar, a chamar por mim… veio a correr abraçar-se ao meu pescoço a chorar baixinho e a dizer repetidamente “mamã, mamã…” Enquanto isto, o Daniel continuava ao meu colo, imóvel e sem emitir um som.
Valeu-me ter a sorte de ter vizinhos em casa, que vieram prontamente ajudar-me. Mas ainda assim, e já no carro com eles, fui todo o caminho com a cabeça cheia de pensamentos menos felizes. E se não estivesse ninguém em casa? O que é que eu fazia?
4 Comments
Anónimo
Ai Sara……………. até estou gelada…….. Poxa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Graças a Deus que tudo se resolveu!!!! Imagino-me nesse filme tantas vezes…. a minha Matilde tem a mania de fechar a janela da cozinha quando estou na varanda…..
Um beijinho gigante!
Ana Rita Gonçalves
No outro dia estava eu e a minha piolha de 2anos e meio sozinhas em casa a fazer as lides diárias normais, o pai tinha ido trabalhar e estava nada mais nada menos que a 120km de casa… foi estender a roupa na varanda e a criatura pequena faz o favor de me trancar na varanda… leram bem, ela fechou e trancou a porta!!! começei a entrar em desespero e agora o q faço??? tentei k ela me ouvisse e abrisse a porta!!! graças aos santinhos ela lá o fez mas e se ñ conseguisse e se? e se? Já aprendi ponho spre um travão na porta para que ela ñ volte a fazê-lo e pelo sim pelo não minha vizinha tem agora uma cópia da chave de minha casa!!! ñ se pode mm facilitar com os nossos piolhos!!!Bjinhos
Mr. A
Até arrepia… É daquelas coisas que só de pensar nos deixa doentes. Nem sequer consigo imaginar…
Marta Silva Bobillier
Ola Sara! Eu usei muito tempo uma daquelas fitas de colocar ao pescoço com um molho enorme de chaves e a minha/nossa mala era uma mochila para ter as 2 mãos livres (muitas vezes 2 só não chegam). Fiz viagens França – Portugal – Suiça, sozinha com os twins e o meu medo era esse, encontrar-me numa situação de impotência. Aprendi a antecipar as situações mas nunca estamos livres de situações como essa.
Beijinhos