Banalidades

Moldar as nossas atitudes molda a forma como lidamos com os nossos filhos!

Sexta feira. Fim de dia. Muito cansaço acumulado. Os miúdos tinham dormido em casa dos avós paternos na noite anterior. Não os via desde 5.ª feira de manhã quando os deixámos na escola. Chegámos a casa dos avós para os ir buscar estavam eles a jantar. Despacharam-se, nós jantámos também e fomos para casa. À chegada a casa, nitidamente com sono, a Carolina resolveu que em vez de se descalçar e despir o casaco para irmos para cima, queria fazer uma birra. Atirou-se para o chão a chorar em berros como se não houvesse amanhã. Tive vontade de lhe dar dois gritos e uma palmada no rabo para chorar com razão. Não o fiz. Consegui respirar fundo. Mas isto nem sempre acontece.

A questão aqui, como sempre, é que nem sempre podemos padronizar os nossos comportamentos. Quer os dos miúdos, que esses então são ainda mais imprevisíveis, quer os nossos, cujos factores que fazem com que a nossa capacidade de reacção se altere são mais que muitos.
Neste dia, consegui, apesar de tudo o que trazia na cabeça e nos ombros, respirar fundo e não me passar. Mas há muitos outros dias em que não o consigo fazer. Em alguns deles, nem sequer estou tão cansada ou preocupada como estava no momento que descrevi, mas por alguma razão, reajo de maneira diferente. Quando não consigo respirar fundo, normalmente, no segundo seguinte a zangar-me com eles, tenho vontade de deitar tudo por terra, de os encher de beijos e lhes pedir desculpa. 
Se fui injusta, se no segundo seguinte percebo que realmente não tinha que ter tido aquela atitude, peço-lhes desculpa. Não há mal nenhum em pedir desculpa a uma criança de três anos. Antes pelo contrário. Mostra que eles têm tanta importância como um adulto! 
Cabe-nos a nós trabalhar a nossa capacidade de moldar os nossos comportamentos por forma a melhorar a percepção que os nossos filhos têm deles. Há comportamentos que podem ser relativamente simples e que nos ajudam e descomplicam.
A Magda, num dos seus posts,  que reli esta semana, deixou uma lista de 5! Eu li-os e embora tenha ficado com a sensação que a teoria é mais fácil do que a prática [como em quase tudo!], fiquei com eles a pairar na cabeça. Espero que ainda por cá estejam nas próximas birras, nas próximas teimosias e braços de ferro, para que me lembre deles e me consigam ajudar a evitar conflitos desnecessários com os meus filhos.
1. Nada é suposto
É suposto o menino “com um ano andando, com dois anos falando”. É suposto sim, mas não somos todos iguais e a maternidade não é nenhuma competição. Há uma série de coisas que são supostas, sim é verdade. Mas lembra-te sempre de te colocares esta questão: É suposto? Para quem? E quem é que disse que era suposto? E quem é essa pessoa? E pronto, é possível que o ‘é suposto’ ganhe menos valor. Dá-lhe valor quando achares que tens de dar. Se lá no fundo achas que não, basta rematares para canto com um ‘pois é, dizem que é suposto’. E pronto, fica o assunto arrumado!
2. Quem manda, quem é?
Se pedires a alguém que te defina autoridade parental, é provável que te falem em autoritarismo. Há quem se refira até a uma espécie de jogo de forças. Pois, está errado! Autoridade parental é guiar e é saber o que se está a fazer e fazê-lo de uma forma séria [naturalmente com direito a risos, brincadeiras e cócegas] porque sabemos que nós somos o maior modelo para os nossos filhos. E educar não rima nem com humilhação nem com jogo de poder.
3. Não há pais perfeitos
Não há e se vens a este blogue, sabes disso. Somos todos humanos e a beleza disto tudo é que estamos à procura da perfeição e, ainda assim, ela não chega. E é aí que está o bonito – é o nosso esforço contínuo, a nossa dedicação, a nossa crença em sabermos que amanhã vamos fazer e ser melhores.
E também, by the way, não há filhos perfeitos, caso ainda não tenhas chegado lá 🙂
Who cares! É aqui que está a felicidade 🙂
4. Somos uns frustrados!
Se for feito um inquérito – aposto que já foi feito! – o sentimento que os pais e os filhos mais sentem qual é, qual é? É a frustração! Temos imensas expectativas em relação a isto tudo de se ser pai e de se ser filho e depois ficamos decepcionados porque as coisas não acontecem como imaginamos. Não digo que deixes de as ter – au contraire – mas que as baixes um bocadinho ou então que saibas gerar a tua frustração.
5. A culpa morreu solteira, a desgraçada!
Ainda bem que o Papa Francisco veio dizer que não há nem inferno nem céu. Isso elimina, pelo menos conceptualmente, a ideia da culpa judaico-cristã que nos trama a vida [dizem que a culpa vem no pacote, quando nos tornamos pais]. A culpa só é útil se nos faz mudar comportamentos. Mais nada. Ponto final. Por isso se te sentes mal, a única forma que tens para deixares de te sentires assim ou é procurares esquecer o assunto ou é arranjares forma de passares a fazer diferente. Aí a culpa é útil. Caso contrário, morre solteira!
Obrigada Magda por mais estas dicas inspiradoras!

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