Banalidades

Destino marcado!

Nesta rubrica, já publiquei histórias de pessoas que conheço pessoalmente, e histórias de pessoas que nunca vi. O Rui, pertence à segunda categoria. Não obstante, leio o blog dele há bastante tempo, e gosto muito da forma como escreve! (Já para não falar, que adoro o cabeçalho do blog!). O Rui aceitou o meu desafio,  e conta-nos a sua história. Por capítulos, tal e qual como a viveu! 

“Cap. I – O Dia Em Que Nada Foi Dito
Não vou romantizar isto. Vou explicar exactamente como foi.
No meio de uma pequena multidão os meus olhos percorriam a sala até ao momento em que deram com ela. Quando a vi, tudo parou. Lembro-me de pensar que nunca mais a queria esquecer. Coisa que veio a acontecer. Durou 10 minutos se tanto esse momento. Foram 10 minutos até eu saír do espaço onde estávamos. Ela nunca chegou a reparar. E eu não a vi mais. Até passadas umas semanas. Voltei a vê-la, desta vez noutro sítio. Os meus olhos pararam nela e dali não saíram mais. Mas desta vez, ela reparou. Os olhos dela encostaram nos meus apesar de estarmos a 10 metros um do outro. Não dissemos nada. Não falámos uma palavra sequer. A música dos Cheap Trick “I Want you to Want Me” disse tudo por nós. Naquela noite saí dali com o destino marcado.
Cap. II – O Olá e O Adeus
Os nossos caminhos voltaram a cruzar no fim do verão. No mesmo sítio onde dissemos tudo sem falar nada. Ela, cheia de confiança, vem direito a mim. Sorriu, disse olá e começámos a falar. Ela hoje conta-me que teve de se encher de coragem e de vodkas para conseguir fazer o caminho até mim. Eu sinceramente só senti o cheiro do perfume dela enrolado com o cheiro da pele dela. Nunca mais esqueci esse cheiro e ainda hoje é o meu preferido.
Começámos a falar. E durante uns dias eu podia jurar que tinha encontrado Aquela. The One. Tudo nela batia certo. Tudo nela “felt right”. Era confiante. Cada palavra que dizia era dita com atitude. Cada passo que dava era como se o mundo fosse só dela. Ao mesmo tempo tinha uma sensibilidade fora do normal. Era poética a rir. Sublime a ouvir. Desconcertante a sorrir. Era irreverente e rebelde mas tinha uma aura de ingenuidade como só uma sonhadora pode ter. Rendi-me.
Até ao dia que surge em conversa o que fazíamos. Quando ela diz “aulas no liceu” de repente tudo ficou estranho. Perguntei que idade ela tinha. Disse 15. Travões a fundo. 15?! Eu tinha 24 e andava na faculdade. E assustei-me. Com uma miúda de 15 anos. Fui e não voltei mais.
Cap. III – Interlúdio
Quis o acaso que os nossos caminhos se cruzassem outra vez mais tarde. De tempo a tempo, ao longo dos anos, fomos falando e nos cruzando muito esporadicamente. Acabámos por ficar amigos, mas cada um com a sua vida. Vidas distintas, relações distintas. Ligados apenas por uma história que nunca chegou a ser e por ocasiões sociais. Passou muita gente e muita coisa pelas nossas vidas nesse interlúdio. E os nossos caminhos foram caminhados em sentidos opostos.
Cap. IV – A Tempestade Perfeita
Anos mais tarde, a tempestade perfeita começava a formar. Eu com 33 e ela com 24, passávamos tempos difíceis. Acabámos por juntar forças e mágoas. Fomos porto de abrigo um do outro. E ao mesmo tempo âncoras e velas. Foram dos melhores e dos piores tempos da minha vida. Mostrei-lhe um mundo que ela não conhecia e ela deu côr ao meu. Ao mesmo tempo, estava a ser arrastado pelo drama que vivia. Mas ela era a minha purga. Estávamos a apaixonar-nos. Desta vez livres de constrangimentos de idade. Mas eu sentia uma toxicidade nesta paixão que não me deixava aceitá-la. Afastei-me durante um tempo. Mas como ela hoje diz “o tempo estava do nosso lado”. “Lutámos contra o que sentíamos e depois lutámos pelo que sentíamos”. Palavras dela. E foi assim mesmo.
Cap. V – O Destino É Fod*#o
Imaginemos o globo. Duas pessoas partem do mesmo ponto mas em sentidos opostos. Mas se continuarem a andar sem parar vão passar por caminhos diferentes, países diferentes, viver realidades diferentes, conhecer gente diferente mas é garantido que vão se encontrar outra vez do outro lado. O destino é fod*#o. E o que era para ser, foi. Ficámos juntos. Foram poucos os que achavam que ia durar. Ela era a menina bonita que não servia para casar. Eu era o idiota que mandou fora uma relação “segura” de não-sei-quantos anos. Toda a gente assistia ao espectáculo da plateia. Poucos aplaudiam e muitos apupavam. Todos opinavam. Sem saber o que se passava nos bastidores. Como ela diz, “agarrámo-nos um ao outro e foram poucas as pessoas que se agarraram a nós. Foram poucas, mas agarraram-nos com muita força”.
Cap. VI – Karma Is A Bitch Only If You Are
Casámos na praia. Na areia. De chinelos e com amigos e família. Os que nos agarraram e os outros. Mas desta vez todos aplaudiram. Todos rendidos a um momento. O culminar da tempestade perfeita. Aquele momento que dizemos, “porra, realmente, o que tem de ser tem de ser mesmo. Não há volta a dar. É o destino”. Pôs-se um pôr do sol naquela praia naquele momento, que juro que até parece que o raio da natureza conspirou a nosso favor. Foi cena digna de filme. Nem gosto muito de falar nisto porque pareço exagerado. Mas é perguntar a qualquer uma das 100 pessoas que lá estiveram.
Cap. VII – A Vida Que A Volta Dá
Demorei semanas para conseguir escrever isto. É difícil pôr em palavras a nossa história. É muito mais do que o que consigo escrever. O que sei é que esta vida dá uma volta do caraças. E essa volta deu-me uma vida do caraças. E quando penso naquele dia que a vi a primeira vez e pensei que nunca mais a queria esquecer. O destino também não se esqueceu.”
Obrigada Rui! Pela partilha, e pelas imagens dignas de filme que me puseste na cabeça enquanto li a tua história! 
Podem ler muito mais, sobre o amor:

* A Ana Luisa e o Miguel: aqui,
* O Poema da Sofia, aqui;
* A Carla e o Hugo, aqui;
* O amor do Jorge, aqui;
* A mulher da vida do Bruno, aqui;
* O Marcos e o João, aqui;
* A Filipa e o Marco, aqui;
* A história da Marta, aqui;
* O amor e desamor da Anita, aqui;
* Amores de uma vida, da Andreia, aqui;

* O amanhecer, da Rute Gil, aqui.

E não percam, a cada 6ª feira, um novo texto, uma nova história… sempre de amor!

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