Noticias que me deixam feliz, e que ajudam na educação das crianças!
Uma das grandes batalhas que tenho vindo a travar, é a forma de lidar com as birras. Cá por casa, as birras têm maior incidência e intensidade pelo lado do Daniel, que desde cedo mostrou ser um mestre nesta habilidade que as crianças têm de levar os pais à loucura gritando como se não houvesse amanhã, muitas das vezes, por motivos que eles mesmos não sabem já quais são
Hoje, foi uma dessas manhãs! Já tínhamos tomado o pequeno almoço, eu subi, com os copos do leite deles na mão, deixei-os no meu quarto [bebem quase sempre o leite na nossa cama a ver desenhos animados] e entrei no quarto deles para os acordar. Normalmente, abro os cortinados, ainda sem abrir as portadas, para não entrar demasiada luz, e depois vou dar-lhes beijinhos e acordá-los com mimo. Hoje não foi preciso. Assim que me sentiram lá dentro, acordaram sozinhos. O Daniel foi o primeiro a levantar-se! Parecia que tinha uma mola! Saltou para o chão, pôs-se em pé e foi abraçar-se à minha perna. Baixei-me, abracei-o, dei-lhe um beijinho e perguntei se tinha dormido bem. Respondeu-me que sim, e perguntou onde estava o leitinho. Disse-lhe que estava no meu quarto e começou a refilar que queria beber o leite na cozinha. Dei-lhe a volta muito calmamente, pegando-lhe ao colo e explicando que já cá estava em cima, e que íamos os dois até ao meu quarto escolher os desenhos animados sozinhos! [Enquanto isto, a irmã, que é igual a mim até nisso, espreguiçava-se devagar e fazia de conta que não era preciso sair da cama ainda]. Chegámos ao meu quarto os dois, e quando ele viu o copo do leite na mesa de cabeceira, fez a primeira birra. Não queria aquele copo, queria o outro, da Avent [preciso de comprar mais uns copos destes!], que estava para lavar. Lá lhe expliquei, que ontem a mamã e o papá foram a Lisboa a uma reunião, eles ficaram na casa dos avós, e chegámos tarde a casa, e por isso a máquina da loiça não lavou. Contrafeito mas lá se calou.
Entretanto a irmã acordou, levantou-se e chegou ao pé de nós. Dei-lhe um beijinho, peguei-lhe ao colo e pu-la em cima da cama. Sentou-se, instalou-se e passei-lhe o copo para a mão. Quando dei o copo ao Daniel, não o quis agarrar. Voltou à carga com a guerra do copo. Não queria aquele! Expliquei-lhe outra vez tudo e acrescentei que tinha que ir à casa de banho despachar-me e que tinha que ir trabalhar, pelo que precisava que ele bebesse o leite, para depois nos vestirmos para sair. Assim que virei costas, desatou novamente a chorar e gritar. Gritava tão alto que pôs a irmã a chorar. Voltei para trás, peguei nele sem abrir a boca, levei-o para o quarto dele e sentei-o na cama. Saí e fui despachar-me. A meio caminho parei e voltei atrás. Ajoelhei-me perto dele, tirei-lhe a chucha, puxei-o contra o meu peito e abracei-o. Disse-lhe ao ouvido baixinho para ter calma, e ele instantaneamente calou-se. Dei-lhe tempo para respirar fundo e para se acalmar, e depois falei com ele. Expliquei novamente tudo o que já tinha explicado, e pedi para não fazer aquelas birras, porque não ganhava nada com isso, e só se enervava. Concordou, foi para o meu quarto, e bebeu o leite.
Quando o quis vestir, voltou a fazer mais uma birra. Desta vez não se queria vestir. Continuei a despi-lo, e vesti-o sem dizer uma palavra, e ele continuou a chorar. Quando terminei, pu-lo no chão e fiz a cama. De seguida fui à casa de banho acabar de me arranjar, e nem dois minutos depois, estava ele ao pé de mim, cheio de lágrimas e ranhoso, a abraçar-se à minha perna e a pedir desculpa. Dei-lhe mais um abraço, lavei-lhe a cara, e perguntei: “- Daniel, quem é se enerva com estas birras?”, ao que ele respondeu de imediato: “- Sou eu mamã!”. Dei-lhe um beijo, e descemos os dois para nos irmos calçar.
Já no carro, ainda houve uma 4.ª birra! Desta vez sobre a cadeira em que se queria sentar. Queria sentar-se na mesma em que a irmã, e normalmente a regra é que alternam, e ontem tinha vindo ele nessa. Expliquei-lhe isso, e desatou a chorar. Já desesperada com tanta birra, ainda estive para o sentar na cadeira e pronto, mas tomei outra decisão e tive sorte! Perguntei à Carolina se se importava de trocar o mano, e ela disse que trocava! Sentaram-se, pusemos os cintos e acabaram as birras.
Já ao pé do colégio, quando o tirei do carro, em vez de o pôr no chão e de lhe dar a mão como faço sempre, peguei-lhe ao colo para conversar com ele pelo caminho. Perguntei se estava mais calmo, se já tinha passado, voltei a reforçar que estas birras não o levam a lado nenhum e só fazem com que se enerve, e disse-lhe que quando ele faz birras fico triste. Olhou para mim, com a mão na minha cara a fazer-me uma festinha, aninhou a cabeça no meu pescoço, e foi assim o resto do caminho, até à porta da sala.
Estas manhãs são difíceis, desgastam-me muito, deixam-me cansada e chego ao trabalho de rastos. Estas birras são complicadas de gerir, e muitas vezes, acabam connosco a gritar com ele. Hoje, nem sei bem como, lembrei-me da Magda, e consegui. E fiquei feliz comigo mesma por isso! Porque cada vez tenho mais a certeza que a fonte das birras, por vezes, está em nós e não nas crianças.
Por isso, hoje ao chegar ao escritório e abrir o email, tinha uma notícia na caixa de entrada que me deixou feliz! O lançamento do segundo livro da Magda! Confesso que fiquei em pulgas para o ler! Mandei-lhe logo um email a dar os parabéns, trocámos alguns emails e acabei por lhe dizer que hoje tinha “aguentado” quatro birras graças a ela! E este é o feedback que a faz continuar! Quando a apresentação do livro da Magda vier a Lisboa, vou mesmo fazer questão de estar presente! Quero dar-lhe uma abraço e agradecer-lhe o que me tem ajudado, mesmo que apenas com emails que recebo porque subscrevi!
Se sentem que gritam com os vossos filhos perante uma birra com mais facilidade do que gostariam, não deixem de ler o que a Magda escreve! Acreditem que, quando comecei a lê-la, achava que a maioria das coisas que ela dizia só resultavam nas casas dos outros. Mas não! Resultam também connosco! Basta canalizarmos as nossas energias nesse sentido!