O fim de chucha! Parte I
Há praticamente um ano atrás, nesta situação em que a chucha eleita se rasgou, o Daniel deixou a chucha. Na altura, ficou triste e sofreu com isso. Depois de duas noites muitos sofridas, acabou por voltar a ter chucha, com uma nova de que não gostava mas passou a gostar depois de fervida. Ficou tão feliz e aliviado [contei tudo aqui] que na altura senti que tínhamos tomado a decisão certa por não o pressionarmos a deixar a chucha.
Este ano no Verão escrevi este post sobre o tema chucha e expliquei qual era o meu entendimento do assunto. Recebi comentários de apoio de mães que se revêem no que escrevi, e recebi críticas de quem considera que há uma idade limite para chuchar e que aos 4 anos não devem ter chucha. Respeito as opções de cada um, mas cá em casa prevalecem as minhas opções, e pessoalmente gosto de respeitar os ritmos dos meus filhos.
Para mim, todo o processo de crescimento das crianças deve ser o mais natural possível. Não acho que haja idade limite para nada, e prefiro pensar que cada criança é uma criança e tem o seu ritmo próprio. Tal como no desmame ou no desfralde, também o deixar da chucha deve ser natural. E a verdade é que mais uma vez a experiência me vem provar que estou certa.
Na sexta feira à noite, o Daniel roeu o pedaço que faltava da sua última chucha. Já há algum tempo que a chucha tinha buraquinhos e já o tínhamos prevenido de que não se compram mais chuchas cá em casa! Há algumas por lá ainda, de material diferente à que ele tinha, mas enquanto a irmã usa qualquer uma, ele só pega na dele! Face ao estado de degradação em que a chucha já estava, antes do banho tinha-lhe dito que a chucha assim era perigosa, porque se a pontinha se rasgasse enquanto ele dormia, podia ir para a garganta e ele podia engasgar-se. Não sei se foi isso que o motivou, mas estava a ver televisão e pôs-se a inspeccionar a chucha meticulosamente. Confirmou que só um pequeno pedaço de silicone unia o corpo da chucha à tetina e decidiu puxá-lo, separando a chucha em dois. Sorriu, chamou-nos e disse: “Olha, a minha chucha rasgou-se!”. Ficámos os dois em suspense à espera da reacção, mas respondemos com naturalidade: “Olha! Assim já não tens chucha! Essa era a última!”
A reacção imediata foi muito pacifica. Pediu-me uma caixinha, e guardou a chucha na caixinha “para o Pai Natal levar para a fábrica”. Já lhes tínhamos falado de que este ano poderiam dar as chuchas ao Pai Natal para ele levar e depois dar a bebés, e eles tinham ficado com essa ideia, pelo que o raciocínio imediato foi esse. Guardou a caixa numa prateleira da despensa e quando o pus no chão olhou para ela uma última vez e disse: “Adeus chucha morta!”
Ficámos convencidos de que ao deitar, ou pelo menos durante a noite a meio do sono quando desse por falta dela e não estivesse suficientemente acordado para se lembrar do motivo pelo qual não a tinha ia haver choro. Mas estávamos redondamente enganados. Deitou-se, adormeceu rapidamente, e dormiu toda a noite muito bem. Apenas na manhã de sábado, após a primeira noite sem chucha, perguntou por ela ao acordar. Relembrámos que já não a tinha e ele respondeu: “Ah pois! Já não lembrava!”. Fez questão de telefonar aos avós maternos e paternos para orgulhosamente partilhar o seu feito, e durante o fim de semana até parece que cresceu em comportamento.
A verdade é que aparentemente, o facto de não ter a preocupação com a chucha está a fazer com que durma melhor. Pode parecer um contra-senso, mas ele acordava com frequência a meio da noite a choramingar porque não encontrava a chucha e era necessário irmos lá ajudá-lo a procurar. O facto de simplesmente ter racionalizado que já não a tem, tem feito com que durma noites seguidas, profunda e tranquilamente. Esta última noite, apareceu-nos pela nossa cama cerca das 2h da manhã. A correr, descalço, pelo escuro mas bem disposto e a sorrir. Chegou ao pé da nossa cama e disse baixinho:
” D – Papá…
Pai – Então filho? O que estás aqui a fazer?
D – Venho para aqui.
Pai – Porquê?
D – Puque gosto muito de vocês!”
E com isto arrumou o assunto e conseguiu carta verde para se deitar no meio de nós. Mas aqui para nós, deve ter sido um momento de mimo porque acordou e sentiu a falta da chucha, mas como já é um rapaz crescido, não falou no assunto e procurou-nos para ter o aconchego que lhe fazia falta.
No que toca ao rapaz, o capítulo está encerrado e de uma forma muito mais tranquila do que alguma vez imaginámos! Sempre foi mais agarrado à chucha do que a irmã e acabou por ser o primeiro a deixá-la e sem qualquer stress ou sacrifício! Boa filhote!