Banalidades

O meu maior problema, foi a roupa que tinha estendida…

Sempre achei que o trabalho dos Bombeiros era de louvar! Sempre acompanhei de perto o trabalho das corporações de Bombeiros Voluntários da terra onde vivi desde que nasci e da terra para onde vim viver quando deixei o ninho da casa dos pais. Há 2 anos, levei o Daniel e a Carolina a visitarem os Bombeiros aqui da zona, e expliquei-lhes o que era o trabalho deles. Ficaram encantados e nunca mais se esqueceram. Falei-vos à poucos dias deste livro, que pretende precisamente apoiar os Bombeiros, e hoje venho reforçar o valor que tem comprarem o livro. E já vos explico o porquê.

Nos últimos dias as notícias têm-nos enchido os olhos de cenários desoladores, de devastação, de destruição, de pessoas sem nada, de bombeiros em exaustão devido às horas e horas de trabalho em luta contra as chamas que têm lavrado o país um pouco por todo o lado de Norte a Sul e na Madeira. Na 3.ª feira à noite, emocionei-me a ver as reportagens da TVI 24 em directo do Funchal, onde o cenário que se apresentava às pessoas era completamente dantesco. Ontem, durante todo o dia, fui acompanhando as notícias sobre os incêndios, vendo imagens de coragem e outras de desalento. 
Fico feliz por saber que há casais como este, que saem de casa para ajudar quem está retido na A1 devido aos incêndios levando água para distribuir. Fico feliz por ver que há muitas pessoas que vão às compras e entregam o que podem nas corporações de Bombeiros para ajudar de alguma forma que tanto faz por nós. Fico feliz por ler que o Continente fornece gratuitamente bens alimentares e bebidas a todos os bombeiros em combate, bastando para tal que o solicitem ao supermercado mais próximo do local.
Passo o dia preocupada, saio do trabalho, e vejo fumo perto. Mais um incêndio, penso. Quando é que isto acaba. Ontem foi este, hoje já está aqui outro… suspiro, e sigo para a minha vida. Cerca de hora e meia mais tarde, recebo um telefonema de uma colega de trabalho, para me prevenir que está um grande incêndio ainda descontrolado perto da minha casa. Sabendo que eu não estava por lá, avisou-me, para que pudesse voltar a casa caso fosse necessário. Ia ter com os meus filhos para um jantar de família, mas adiei. Fui directa para casa, ansiosa por saber o que se passava e por ver se estava tudo bem. O incêndio era enorme e estava realmente muito perto. Quando cheguei, a GNR não estava a deixar passar, mas lá acedeu a deixar-me ir para a minha rua. Entrei em casa e fui ao terraço. As colunas de fumo eram densas, a cinza no ar era muita, o cheiro a queimado era forte. Fui apanhar a roupa que tinha estendida. Ficou a cheirar a fumo, claro, mas volta-se a lavar. Os meios aéreos já tinham chegado e conseguiram em conjunto com as corporações de bombeiros presentes controlar o fogo. Tudo acabou bem. Já passou.
Para mim, o maior problema foi a roupa que tinha estendida, mas infelizmente, todos os dias, tem havido pessoas que perdem a vida, que perdem a casa, que perdem os seus bens e ficam sem nada. Todos os dias tem havido pessoas que passam por situações inimagináveis, que suportam a dor de ver com os próprios olhos, tudo o que construíram ao longo da vida, desaparecer. Que ficam impotentes perante uma força da natureza que tudo consome.
Por isso, hoje venho reforçar o apelo. Se puderem, comprem o livro de que vos falei lá mais acima. É tão simples e é uma forma de ajudar. Por estes homens e mulheres que todos os dias arriscam a sua vida para salvarem as nossas casas e as nossas vidas.

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