Banalidades

O porquê de não conseguir chegar a horas a lado nenhum!

Há quem me goze, há quem encolha os ombros, há quem me deite um olhar solidário e compreensivo… é um facto que raramente chego a horas onde quer que seja! Cumprir horários é quase sempre uma tarefa impossível, e mesmo quando ao principio tudo parece estar encaminhado e a compor-se para pelo menos chegar a uma hora decente, há sempre alguma coisa que vem atrapalhar e quando finalmente está toda a gente sentada no carro para sair da garagem, olho para o relógio… e estamos na mesma! Vejamos como exemplo, o que me aconteceu na manhã de ontem:

Domingo de manhã, tranquilo e sem mais objetivos do que acordar, despachar e sair! Os miúdos acordaram cedo, por volta das 8h30, o pai tinha programado ir andar de bicicleta, por isso depois deles beberem o leite na nossa cama (aquele consolo de que não prescindem e que por agora não me chateia nada deixá-los manter), descemos todos, o pai saiu, nós despedimo-nos dele à porta e fomos para a cozinha fazer o pequeno almoço! Tinha uma nova receita de panquecas para testar, e expliquei aos miúdos que ia fazer uma espécie de bolo – que se chama panqueca, e que precisava da ajuda deles. Disseram que sim, mas claro que rapidamente preferiram ir brincar para o quarto dos brinquedos. Fiz as panquecas, preparei a minha caneca de leite, e quando me sentei a comer, aparece a Carolina a correr e a pedir pão. Sentei-a na cadeira dela, dei-lhe um bocadinho de pão, e voltei a sentar-me para tomar o pequeno almoço. Segundo seguinte: entra o Daniel a correr, pega-me na mão, começa a puxar-me enquanto vai dizendo: “Mamã, anda!”. Queria que fosse brincar com ele. Expliquei que ainda tinha que comer primeiro, que ele e a mana já tinham bebido leitinho mas eu ainda não tinha comido nada, e que depois de comer ia brincar com ele. Resmungou, fez uma birra de teimosia, mas com a promessa de lhe dar um bocadinho de pão igual ao da irmã, lá se convenceu e sentou-se também à mesa. Tomámos o pequeno almoço os três. Ele quis provar as panquecas, mas não gostou, ela não quis e preferiu comer vários pedaços de pão.
Acabado o pão, imediatamente quiseram “Xaíiiiii da cadeira” e voltar à brincadeira. Tirei-os das cadeiras, e comecei a arrumar a cozinha. Aspirei o chão, coberto de migalhas de pão, limpei a zona junto à janela onde estão as coisas dos gatos (há sempre um ou outro bago de comida seca e  meia dúzia de pedrinhas da caixa na zona e passo a vida a aspirar tudo), limpei a mesa, a bancada, o fogão, pus a loiça na máquina.
 
Antes do pequeno almoço já tinha tirado e arrumado a loiça que estava na máquina lavada, e tinha posto a roupa de cama da Carolina a lavar, pois acordou toda suja de sangue, de uma hemorragia nasal provocada por um dedo no nariz durante a noite…
Fui ter com eles ao quarto de brincar, e começámos os três a arrumar os brinquedos todos. Se há coisa que lhes ensinei e que aprenderam bem, foi que podem desarrumar, mas no fim, têm que arrumar tudo novamente. E eles fazem-no sem reclamar, e põem as coisas exactamente no sitio onde devem estar! Depois do quarto arrumado, subimos, para arrumar os quartos e vestir para sair. (Nesta altura, já deviam ser umas 11h no mínimo!)
Comecei por preparar um saco com roupa para o pai vestir depois de tomar duche (quando chegasse de bicicleta), fatos de banho para os 4, roupa para eles vestirem ao final do dia depois de tomarem banho em casa da avó, e os nossos livros, para tentar ler um bocadinho durante a sesta. De seguida, fiz as camas, arrumei roupas que estavam lavadas em cima da cómoda por arrumar, escolhi o que eles iam vestir, e o que eu ia vestir. De seguida, passei à casa de banho: pôr as lentes, dar um toque na depilação (um dia vou ter dinheiro para investir em depilação definitiva, mas enquanto não chega esse dia, aguento-me com a minha máquina!), tomar um duche… e eles a brincar, em correria e gargalhada, de uma divisão para a outra, com as almofadas da minha cama atrás!
Quando estava precisamente a pôr as lentes, com uma posta e a outra por pôr, a Carolina entra a correr na casa de banho, derrapa no tapete, espalha-se ao comprido e bate com a cara no armário. (Para quem não sabe, tenho miopia, 7,5 dioptrias em cada olho, pelo que acho que ela bateu com a cara no móvel, mas como só tinha uma lente posta não tenho bem a certeza!) 10 minutos de choro e colo, pediu o dou-dou umas dez vezes (que estava na maquina a lavar junto com os lençóis, igualmente sujo de sangue), mas lá a consegui a acalmar. Foi ter com o irmão, recomeçaram a brincadeira, e eu pus a outra lente. No segundo seguinte ouvi o Daniel a chorar. Aparentemente tirou mal o azimute e foi bater contra a ombreira da porta! Mais 10 minutos de choro, mais colo, stick de arnica na testa para evitar mais uma nódoa negra gigante, e lá se acalmou.
 
Consegui finalmente acabar de me despachar, depois de os separar numa crise de chapada um ao outro por causa de um boneco, quando sentei cada um na sua cama, de castigo por terem batido um no outro, cada um a chorar com o ar mais infeliz do mundo. Podem achar que foi uma medida extrema, mas separei-os 3 vezes, e das 3 vezes repetiram a cena, e avisei-os que se voltassem a bater um no outro iam de castigo para a cama, e assim foi! Não ficaram lá meia hora, mas apenas uns 5 minutos, os 5 minutos necessários para me enfiar na banheira, passar o chuveiro pelo corpo, o puff com o gel de banho e quando estava a tirar a espuma para sair, ouvi:
 
“- Mamã, aduuuuuudaaaa!” – de uma forma um pouco insistente. Tinham parado de chorar uns 30 segundos depois de os ter posto nas camas, e ouvia-os a rir e a conversar, pelo que achei que ele se tinha magoado ou que tinha ficado com o pé preso na grade da cama. Saí do banho ainda com espuma no corpo, embrulhei-me na toalha e corri para o quarto deles, e eis que, encontro a Carolina na cama do irmão, e o irmão em cima da grade, pendurado, a meio caminho para a cama dela! Conclusão: A Carolina descobriu que consegue saltar a grade da cama dela para a do irmão, e o Daniel tentou fazer o mesmo mas ficou pendurado a meio caminho!
 
Desatei a rir à gargalhada com o cenário, enquanto a Carolina batendo palmas me ia dizendo: “Mamãããã… cama mano! cama mano!!” – Feliz da vida!
 
Tirei-os das camas, e vieram comigo vestir e despachar para sair. (Finalmente!). Vestimo-nos os três, pegámos no saco e fomos para junto da escada. Peguei na Carolina, e pedi ao Daniel que esperasse que eu levasse a mana para o andar de baixo que já o vinha buscar (quando estamos sozinhos desço-os sempre à vez ao colo). Cheguei ao andar de baixo, pus a Carolina no chão, e fui pousar o saco junto da porta para ir buscar o Daniel. Ouvi um estrondo, seguido de choro, virei-me para trás, e encontro a Carolina estatelada no chão de barriga para cima. Não sei como, mas caiu no chão e bateu com a cabeça. Sentei-a no sofá num pranto, e voei ao andar de cima para ir buscar o irmão, que observava isto tudo em silêncio, do cimo das escadas. Sentei-o ao lado dela e acalmei-a. Mais uns minutos de colo, mil e um beijinhos e abracinhos, e ficou tudo bem. Tudo pronto para sair, e ouvi que a máquina da roupa já tinha terminado o programa. Fui num instante à cozinha, tirei os lençóis dela e estendi tudo no escritório. Quando ia a sair, o Daniel, que vinha ter comigo, tropeçou nos próprios pés e caiu! Testa no chão, mais arnica em stick, mais mimos e uns minutos de choro.
 
(Ás vezes acho que com a berraria que sai desta casa, os vizinhos devem achar que somos loucos!)
 
Depois de tudo isto, conseguimos finalmente sair! Eu de mala e saco ao ombro, com um miúdo em cada braço, escada abaixo em direcção à garagem! Instalei os dois nas respectivas cadeiras, larguei os sacos no banco, e sentei-me ao volante! Eram 12h45! Queria ter chegado ao Seixal por volta das 11h, para que os miúdos pudessem brincar no jardim com o tio antes de almoço, mas mais uma vez… o horário falhou! Chegámos praticamente à hora de almoço!
Acham que ainda preciso de me justificar quando chego atrasada a algum lado?? Sou eu que sou lenta, que me atrapalho com os miúdos, ou é normal estas coisas todas acontecerem em encadeamento?

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