Banalidades

O primeiro dia separados! [Quem sofre mais, eles ou eu?]

[Foto da corrida das crianças no aniversário do Correr Lisboa, no passado sábado]
Perguntam-me muitas vezes, se a Carolina e o Daniel se dão bem, ou se passam o tempo a implicar um com o outro. A verdade é que vai variando. Dão-se muito bem, mas é frequente terem momentos em que discordam e se zangam. Claro que, é um zangar relativo, pois passados alguns segundos já estão amigos outra vez. A verdade é que não passam um sem o outro, não podem estar sem se ver durante mais do que escassos minutos, pois se isso acontecer, param o que estão a fazer e correm em busca do outro. Por isso é que o dia de hoje está a ser tão difícil.

Ontem à noite, antes do jantar, o Daniel deitou-se no sofá, tapado com uma manta, mais parado do que o habitual. Quando o chamei para a mesa, e sendo que, tinha Cerelac à espera [adoram e de vez em quando quando pedem para o jantar lá acabo por  ceder], respondeu-me que não queria sair do sofá, e que queria ir para a cama. Confesso que, como ele anda a comer mal ultimamente, e tudo serve de desculpa, não liguei nenhuma. Mas depois de insistir várias vezes, e da resposta ser sempre a mesma, lá fui ter com ele, e achei que estava mais quente do que o habitual. Não me pareceu que estivesse com febre, mas os olhos… semi-serrados, prostrados… fizeram-me ir buscar o termómetro, e a verdade é que lá estava ela! 38,2ºC! Não é propriamente uma febre alta, mas percebi que era a suficiente para o deixar em baixo de forma. Consegui que comesse umas quantas colheradas do jantar, que lhe dei à boca, e pediu para ir para a cama. Dormiu mal toda a noite. Choramingou, queixou-se baixinho, sentiu-se incomodado. 
De manhã acordou com febre na mesma, dei-lhe o ben-u-ron, e decidimos que o pai ficava com ele em casa e eu ia trabalhar. Pela primeira vez, decidimos separá-los. Ficar com os dois em casa é mais complicado, principalmente porque o que não está doente fica saturado por estar fechado em casa e acaba por incomodar o outro, pelo que, resolvemos levar a Carolina à escola.
A reacção, quer de um, quer do outro, não foi a mais mais entusiástica. O Daniel, quando percebeu que a irmã ia para a escola, disse que queria a mana dele em casa. A Carolina quando acordou e lhe disse que o mano estava doente e ficava em casa com o pai, desatou a chorar e disse que também não queria ir para a escola. Foi preciso calma e argumentação para conseguirmos dar-lhes a volta! A estratégia passou por convencê-los que hoje havia dois programas distintos para a família. O dos homens, que ficavam em casa, e o das mulheres, que iam “trabalhar” e depois iam as duas às compras. Acabou por funcionar.
À saída de casa, as despedidas foram emocionadas, quase como se fossemos ficar todos separados durante um longo período. O Daniel e o pai ficaram na janela, a ver o carro sair da garagem, e a dizer-nos adeus. A Carolina seguiu comigo para a escola, repetindo várias vezes, como que para se convencer, que os homens ficavam em casa e as mulheres iam trabalhar e depois às compras. 
Quanto a mim, vim trabalhar com um nó na garganta. Por um lado, não me sai da cabeça a imagem da minha filha, aninhada no colo da Susana, com os amigos à volta, mas com um ar desalentado por não ter o irmão ao pé dela. Por outro lado, a imagem do Daniel à janela, a dizer adeus, e o facto de o saber doente em casa, sem mim. Claro que, sei perfeitamente que ele está bem, mas quando à pouco falámos ao telefone e me perguntou quando é que eu voltava para casa… apeteceu-me largar tudo e correr para lá! [Sim! Continuo a ser uma mãe galinha!]
Esta é a primeira vez que passam um dia separados. Até hoje, estiveram um sem o outro apenas três vezes e sei-as todas de cor. A primeira, uma vez em que o Daniel estava doente, e o levei ao centro de saúde deixando a irmã com o meu pai. Durou uns 45 minutos. A segunda, uma vez em que o Daniel foi ao pediatra à hora de almoço e a Carolina ficou na escola. Durou no máximo 1 hora. A terceira, uma ida ao supermercado, em que a Carolina quis ir comigo e o Daniel não, e ficou com o pai em casa. Durou uma meia hora. 
Não sei se o facto de os ter separado hoje pela primeira vez lhes vai ou não ficar na memória, não sei se estão ou não cheios de saudades um do outro, não sei se estão a gostar desta “liberdade” ou se estão a sentir-se angustiados, mas eu, estou angustiada! E precisava de não estar, para me concentrar, e fazer tudo o que tenho que fazer antes de sair do escritório. Precisava de conseguir sair relativamente cedo, para ir buscar a minha menina e a compensar por ter ficado sozinha todo o dia. Torçam por mim! Para que a concentração chegue e consiga despachar tudo num ápice!

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