O que muda quando somos pais
É um facto, que há imensa coisa que muda no momento em que nos tornamos Pais. Acho que já por aqui contei mais do que uma vez, que na madrugada em que me rebentaram as águas, enquanto falava com a minha mãe ao telefone, ela me dizia:
“Agora é que vais perceber muitas coisas que eu te dizia!”
E era MESMO verdade! Gradualmente, depois de trazer os meus filhos ao mundo, fui sentindo que me revia em cada palavra e frase que a minha mãe utilizava em dada altura. Com o crescimento deles, fui identificando cada vez mais situações em que revejo a minha mãe, em mim!
Hoje deparei-me com um artigo fabuloso, sobre as 7 coisas que mudam quando nos tornamos pais. Li-o de uma ponta à outra, e revi-me em tudo! Dei por mim a sorrir para o computador, e por isso, deixo-vos a transcrição:
“Todos os dias da sua vida são diferentes. Mais rotineiros ou mais aventureiros, a cada dia acontece algo que nunca tinha acontecido antes. Mas você está preparado para isso, porque o ser humano consegue desenvolver capacidades de habituação em relação ao meio que o rodeia. E assim, vamos adquirindo e modificando competências, e desenvolvemos o tão importante poder de adaptação, conhecido na nossa gíria pelo poder de “encaixe”.
Ora, se há alteração na vida de uma pessoa que obriga a um grande poder de “encaixe” é a primeira vez.
Lembra-se da sua primeira vez?
Não é essa primeira vez…. Essa foi apenas o princípio do que o meteu nesta embrulhada de acordar a meio da noite para dar biberons e mudar fraldas.
As outras primeiras vezes: as que surgiram depois de ter passado para o grupo dos Pais. Aquelas para o qual nunca estamos preparados porque nunca são explicadas em lado nenhum. As que fazem de nós bombeiros, enfermeiros, professores, contadores de histórias, heróis, Pais de capa e espada, sem saber ler nem escrever. Há sempre uma primeira vez, por isso, meus amigos, preparem-se porque há uma linha que separa uma pessoa feliz, de uma pessoa feliz com filhos.
1. A primeira vez que apanha o vomitado de alguém com as mãos, de propósito.Não me perguntem. Passamos metade da vida a fugir daquela pessoa que bebeu imenso ao jantar, e que sabemos que a qualquer momento aquilo vai sair tudo. E não queremos estar por perto. Só queremos enfiá-lo num táxi para casa e ficar longe. De repente temos filhos e, desenvolvemos um reflexo de Pais que, mal ouvimos aquela tosse a engasgar, corremos já de mãos esticadas, para apanhar o que for preciso, ainda, no ar!
2. A primeira vez que é uma tortura separar-se de alguém para ir trabalhar.
As emoções ficam à flor da pele e tornam-se mais complexas e profundas. Tudo se torna mais intenso. Uma mãe a chorar no noticiário da noite é tudo o que não queremos ver. Ou choramos com ela, ou mudamos de canal. A saudade torna-se naquele palavrão que não conseguimos aceitar de forma racional. As primeiras horas longe do nosso filho, duram uma eternidade. Cortam-nos o ar. Dão-nos voltas ao estômago.
Com o tempo habituamo-nos, mas sabemos que, a partir daqui, nunca mais seremos como antes.
3. A primeira vez que percebe que já não é dono do seu tempo
Para as mães, um banho de imersão relaxante, a ouvir música, com direito a sessão de cuidados com a pele, é uma coisa do passado. Agora passa a tomar um duche, e a abrir a porta do chuveiro de 5 em 5 min. porque acha que está a ouvir o bebé a chorar. A licença de maternidade vai acabar, e nem sequer conseguiu organizar aquelas pastas de fotos no computador, nem lavar o enxoval comprado há 6 meses. Deixou de controlar o seu tempo. De relaxar, de comer, de dormir, porque a partir de agora há sempre alguém à sua frente: o seu filho.
4. A primeira vez que realiza que a sua mãe não vai “resolver o assunto” porque agora você é que é a Mãe.Há-de haver um momento da sua vida, em que as coisas se vão complicar em casa. Normalmente envolve crianças doentes e muitas noites sem dormir. Uma virose é a prova de fogo. Ao fim de umas noites em branco, os pais também apanharam a virose. Passam a noite a levantar-se e a vomitar. O bebé ainda tem febre. E vomitou. É preciso dar-lhe banho, trocar a roupa da cama, pôr a máquina a lavar, dar-lhe o antipirético. Aqui ele começa a espernear, fecha a boca e não toma o medicamento. A febre sempre a subir. Percebe que tem de enfiá-lo na banheira para descer a temperatura, mas você está com um enjoo daqueles… nessa altura pensa que não consegue mais. Há-de haver um momento da sua vida em que quer chamar a sua mãe. Foque-se. Você é a mãe agora. Devagar, devagarinho vai descobrir forças para tratar do seu filho e da sua família. Depois, vai contar à sua mãe.
5. A primeira vez que compreende os seus pais a 100%
Começa assim que a criança nasce. O amor que sentimos pelos nossos filhos é tão grande que só de olhar para eles temos vontade de chorar. Nesse momento, lembramo-nos de todas as respostas tortas e todas as desilusões que demos aos nossos pais… E percebemos exactamente como é que eles se sentiram.
Agora que os compreende, aproveite mais a sua companhia e os seus conselhos. Redima-se. Não queira arrepender-se, outra vez, pelo tempo que perdido. “Filho és, pai será, assim como fizeres, assim acharás”
6. A primeira vez que sente orgulho por o seu corpo ser perfeito para a maternidade.Antes de ter filhos usava o seu corpo para… enfim, para outras coisas. Um dia, já depois de ter conhecido o seu filho, vai perceber que os seus braços não são gordos, são fortes o suficiente para lhe pegar ao colo e o abraçar. Que o seu ombro tem a dimensão certa para ele morder quando os primeiros dentes estiverem a rebentar. O seu pescoço tem a curvatura ideal para ele se aninhar lá. É aqui que vai perceber que foi feita para isto. E vai esquecer as estrias que ganhou durante o parto, e vai orgulhar-se da cicatriz da cesariana. Porque fazem parte da história de vida do seu filho. Um dia, quando se sentir grata pelo corpo cansado e bonito que lhe foi presenteado pelos prazeres da maternidade, vai gostar de si tal como está, tanto como gosta dos seus filhos. E a sua auto-estima é a base para tornar o seu filho mais feliz.
7. A primeira vez que recorda as primeiras vezes todas, e percebe que quer passar por tudo isso outra vez.Vai apanhar o vomitado do seu filho com as mãos, vai morrer de saudades e angustia quando voltar a trabalhar, vai ter saudades de ter tempo para si, vai querer chamar a sua mãe muitas vezes, e vai ter uma relação com ela como nunca teve. Finalmente vão falar de mãe para mãe. Vai orgulhar-se de cada marca e de cada curva mais pronunciada do seu corpo. Vai perceber que todas estas primeiras vezes lhe deram força para construir as bases onde a sua família cresceu. E na realidade são mais fortes do que pensava, porque você ganhou experiência, e agora sabe exactamente o que está a fazer.
Agora, numa noite mais tranquila, vai ficar a olhar para o seu filho enquanto dorme atravessado na sua cama, e percebe que até a baba que lhe escorre do queixo ao pijama é perfeita. E sente-se completa, porque vocês estão juntos, sobreviveram às dificuldades, às noites mal dormidas a todas as provações. Leva o seu filho para a sua cama, pega na mão do seu marido e diz confiante que está pronta para repetir tudo novamente. Porque não se imagina a não ter mais primeiras vezes outra vez.”
O texto foi retirado daqui!