O que nos faz gritar?
[Imagem daqui]
A Magda lançou no blog dela o desafio, de lhe contarmos o que nos faz gritar com os nossos filhos. Em que momentos, em que situações, se dá aquele click, e explodimos! Se pensar bem sobre isso, a verdade é que não consigo escolher apenas uma coisa. Depende dos dias, das situações, do meu estado de cansaço. Mas decidi fazer este exercício, e responder-lhe em formato de post. Para meu registo, e para que também vocês consigam pensar sobre isso.
Temos percorrido um longo caminho na aprendizagem de qual a melhor forma de lidar com as birras dos nossos filhos. Não temos a pretensão de pensar que somos pais perfeitos, aliás, na minha opinião, pais perfeitos são coisa que não existe. Acreditamos que tentamos sempre fazer o que achamos ser o melhor para os nossos filhos, com a certeza absoluta de que não somos sempre bem sucedidos.
Ter dois filhos exactamente da mesma idade, de sexos diferentes, apresenta-nos cenários tão mas tão diferentes, que na verdade há dias em que nos perdemos! O Daniel, regra geral, é mais difícil de lidar. É mais resmungão, tem mais acessos de raiva, em que se enerva com coisas de nada e explode, é mais difícil de acalmar, mais teimoso, mais dado a fazer birras. A Carolina é mais calma, mas muito mais respondona e mandona, e quando faz birras, esmera-se! No entanto, regra geral é mais fácil de acalmar e com meia dúzia de frases conseguimos que quebre. Duas crianças que têm personalidades marcadas e fortes, e que por isso, muitos vezes chocam, e que mesmo assim, não podem ver-se um sem o outro mais de 30 segundos!
No comportamento face às birras sabemos que há um padrão, que conseguimos perfeitamente isolar. Se nós estamos mais stressados, preocupados com alguma coisa em concreto, eles sentem! E se sentem, reagem! Acredito que esta ligação é uma coisa neurológica! Lembro-me de ler bastante na gravidez e logo após eles nascerem, que na amamentação se aplicava esta regra! Se eu estivesse stressada, eles sentiam e reagiam em conformidade. Com o tempo, percebi que isto se prolonga. Não sei até quando, mas para já, continuo a sentir que eles têm esse tipo de ligação connosco. A reacção de uma criança de 3 anos e meio ao stress, é obviamente, manifestar-se como sabe! Fazendo birras! E claro! Se nós estamos com menos paciência, devido a toda a preocupação, stress e afins que nos ocupa a mente, invariavelmente, teremos menos capacidade para lidar com essas birras! O resultado? Gritamos com eles!
Agora o ponto central, aqui, é que quando gritamos, é porque nós estamos em stress com alguma coisa! Não é por mais do que isso. Porque há outros dias em que temos a capacidade de lidar com as birras sem gritar, mantendo a calma, e conseguindo que eles se acalmem. Tenho lido muito as newsletters da Magda, e há uma frase que registei na cabeça e que repito para mim mesma vezes sem conta: “É esta a imagem que queres que o teu filho tenha de ti?” – a resposta é sempre a mesma! Não! Quero que me vejam como um porto seguro, e não como uma ameaça que grita e de quem têm medo! E isso, acreditem ou não, tem-me ajudado muito no meu auto-controlo!
Esta semana houve uma manhã, em que fomos acordá-los, a Carolina acordou, foi para o nosso quarto, e instalou-se na nossa cama a beber o leitinho dela, como sempre. O Daniel, sem percebermos porquê [acho que nem ele percebeu] fez uma birra, porque não queria sair da cama. Eu disse que podia ficar, que eu ia para a casa de banho despachar-me e quando ele quisesse levantar-se e ir beber o leite, ou ia sozinho ou podia chamar-me. A crise piorou, porque ele não queria sair, mas também não queria que eu saísse. Pensei que precisava de mimo, tentei pegar-lhe ao colo, fazer-lhe festinhas… nada! Só gritava mais, e empurrava-me para fora da cama dele. Decidi sair do quarto, e fui para a casa de banho. Pus as lentes, lavei a cara, os dentes, pus os meus cremes, e ele continuava a chorar em berros. Convenhamos que isto tudo às 8h da manhã… é dose! Estive no limite para lhe dar dois berros, pegar nele e sentá-lo na minha cama. Mas isso ia adiantar? Não! Respirei fundo, entrei novamente no quarto dele, e encontrei-o sentado na cama, com um ar de fim de mundo, lavado em lágrimas. Sentei-me ao lado dele, peguei-lhe ao colo, sentei-o no meu colo, abracei-o, limpei as lágrimas, encostei-lhe a cabeça ao meu peito e disse-lhe: “Acalma-te filho. Já passou!”. Calou-se imediatamente, soluçou um bocadinho, mas acalmou. Quando já tinha a respiração mais tranquila, perguntei porque tinha feito aquela birra. Se estava com sono, se era vontade de ficar na cama, ou o que se passava com ele. Não me soube explicar. Passou. Não voltei a tocar no assunto, e fiquei sem saber porque fez a birra. Mas consegui resolvê-la sem gritar com ele!
Para mim, foi um sucesso! E sim, sei perfeitamente o que me faz gritar! Sou eu! Apenas eu! E vocês? Contem-me tudo! O que sentem quando gritam com os vossos filhos? Em que situações quebram e resolvem o assunto com dois gritos? E quando o fazem, funciona?
2 Comments
Ninean
Gritar nunca funciona, pode parecer que funciona durante uns segundos ou minutos, mas o medo não é controlar uma birra, é simplesmente "mete-la debaixo do tapete"!
Tenho perfeita noção, tal como a Sara, que o que motiva os gritos são as birras, mas a única culpada por eu gritar sou eu mesma e o que me leva muitas vezes a mudar de atitude, mais do que a imagem com que ele fica de mim, é o facto de ele repetir atitudes minhas das quais não me orgulho. Quando ele me grita, vejo me a mim, e o único que sinto vontade é de me desculpar porque sei que ele só grita porque o aprendeu de mim.
E claro que o meu cansaço e stress é o que me leva a perder a paciência com mais facilidade.
Mum's the boss
Pois é… e obrigada por partilhares! Eu também te partilhei na newsletter que sai hoje! Um bejijinho querida Sara!!!