Os dias em que tudo sai ao lado!
Hoje tive que ir a Lisboa de manhã. Fui convocada para uma junta médica para avaliar como está o meu cotovelo direito [nem sequer imaginava que havia juntas médicas para pessoas que não estão de baixa!]. Decidi imediatamente que ia de transportes. Não gosto de andar em Lisboa de carro e muito menos de ter que passar a ponte em hora de ponta sujeita a filas de trânsito interminável. Mesmo sendo Agosto, há sempre filas e eu não tenho paciência para estar parada no trânsito!
Apanhei o comboio mesmo no último minuto. Atrasámo-nos a sair de casa, apanhámos trânsito e obras no caminho para a estação, e ao chegar, ainda tinha que comprar bilhete na máquina. O segurança da estação, super simpático, veio ajudar-me e depois do bilhete comprado diz-me:
“É melhor começar a correr!”
Segui o conselho! E foi o melhor que fiz! Foi o pé direito a pisar a plataforma e o comboio a chegar! Entrei, sentei-me, respirei fundo. Consegui apanhar o comboio e ainda bem porque o seguinte era só dai a meia hora! Arrumei os bilhetes e tirei o meu livro. Meia hora sentada a ler sem interrupções. Tenho alguma dificuldade em alhear-me das conversas à minha volta mas desta vez até tive sorte porque ia toda a gente mais ou menos a dormir e em silêncio.Um luxo!
Saí na estação Roma-Areeiro convencida de que o meu destino era na Praça do Areeiro. Até que tirei a carta da mala para confirmar o número da porta, e li… Praça de Alvalade! Primeiro tiro ao lado!
Praticamente vinte e cinco minutos a caminhar, Avenida de Roma fora, com muito calor, mas lá cheguei finalmente ao destino. Dei entrada e fui encaminhada para a sala de espera. Uma sala onde havia uma televisão que passava o programa da manhã e de onde se ouvia música pimba, dois aparelhos de AC desligados e muitas pessoas. Não se respirava lá dentro. Ali fiquei, sentada no meu canto, a fazer figas para que me chamassem rápido. Não chamaram. Fartei-me de soprar, abanei-me com uma carta, tentei ignorar o calor, mas as pingas de suor que me escorriam pelas costas não deixaram. Até que, surgiu um segurança à porta, olhou para mim e perguntou:
“- Está muito calor?”
Face ao meu exuberante aceno de cabeça, foi buscar os comandos e ligou os aparelhos enquanto me pedia desculpa, porque da mesa onde está sentado não se apercebe da temperatura a que a sala fica. Melhorou passados 2 minutos, e voltei a poder respirar fundo!
Lá continuei a minha espera até que finalmente o meu nome foi chamado! Segui a senhora até um gabinete onde estavam três pessoas. Médicos, suponho. Perguntaram o meu nome, se estava de baixa e qual era o veredicto médico. Respondi e entreguei os relatórios médicos que tinha da última consulta. Passaram-me um papel para a mão e disseram que agora ia ser chamada para outra junta médica, noutro sítio, para avaliar a incapacidade! What?! Sim! É isso! Hoje está despachada e agora é aguardar! Ainda tentei argumentar que não tinha incapacidade nenhuma e não precisava de juntas médicas e a resposta foi um sequíssimo:
“- Isso é para ser avaliado na junta médica!”
Sem mais nada. Só assim. Saí de lá furiosa pela manhã perdida, pelos 2 minutos e meio em que fui “observada” apenas com leitura rápida de uma folha A4 e pela próxima junta médica que não vai determinar coisa nenhuma porque tudo aconteceu em Fevereiro e já está mais do que consolidado!
Apanhei o metro em Alvalade com o objectivo de ir até à estação de Roma Areeiro apanhar o comboio. Saí na estação Roma e percebi que deveria ter saído na seguinte pois esta não tinha ligação com a estação do comboio. Mais um tiro ao lado! De volta à Avenida de Roma para mais uma caminhada, embora desta vez bem mais pequena.
Cheguei à estação, e fui comprar o bilhete convencida de que o comboio era só daí a meia hora. A máquina não estava a funcionar bem e não havia funcionários por perto. Na verdade a máquina só permitia comprar bilhetes com destino até à Estação de Coina no máximo, e eu queria a estação a seguir. Olho para o lado e vejo o visor onde se identificam as linhas e que comboio parte de onde. Na linha três havia indicação de que saia um comboio da fertagus dentro de… 3 minutos! Comprei a porcaria do bilhete para Coina e corri para a plataforma. Apanhei o comboio, mas com um bilhete na mão que me faz sair uma estação mais cedo. Decido que vou sair na minha estação e logo vejo o que é preciso fazer para regularizar o título de transporte [ou com sorte, as barreiras até estão abertas e permitem sair sem validar o título!] Chego a Coina e dizem no altifalante: “Estação de Coina. Estação terminal”. Vejo todas as pessoas à minha volta a levantarem-se e a saírem. Praguejo baixinho e saio também. E fico sentada na rua, felizmente à sombra, à espera que o marido me venha buscar a uma estação mais longe do que era suposto para me deixar no trabalho.
Há dias em que os tiros saem todos ao lado e hoje parece que é desses! A tarde passou a voar, sentada a trabalhar e bem focada no que estava a fazer para não correr o risco de continuar neste registo! [E o que vale é que já me consigo ver em countdown para as férias!]