Desde há uns anos para cá, o estigma dos piolhos tem vindo a diminuir, mas no fundo no fundo, ainda há uma pontinha de vergonha em assumir-se que o filho ou filha apanhou piolhos. Pior ainda é o caso em que os filhos pegam aos pais, ou neste caso, à mãe! Sim! Leram bem! A Carolina apanhou piolhos e pegou-me! E não tenho vergonha nenhuma de o admitir, e venho contar a nossa experiência para que se vos acontecer também consigam exterminar esta praga sem qualquer constrangimento.
O piolho só por si é um bicho um bocado nojento! Já falei sobre isso
neste post, no início do Verão passado, da última vez que houve piolhos no colégio e em que mais uma vez a Carolina escapou. Apanhou agora, em plena época Natalícia, numa altura do ano pouco propensa para este tipo de bichos mas neste fim de ano foram uma verdadeira praga! Conheço imensas crianças que têm tido e desta vez até adolescentes, o que é bastante menos comum! Estarão os piolhos a evoluir e a começar a resistir ao frio e aos produtos de exterminação?
Dizia-me uma amiga minha, quando me queixei, que Mãe que é Mãe apanha porque é sinal que não tem nojo dos filhos. É verdade! Não tenho nojo e seria incapaz de negar um colo ou um abraço à minha filha que já saturada de tantas horas a catar, de tantos pentes, produtos e tempos de espera, precisava ainda mais de mimo! Nunca me passaria pela cabeça afastá-la para não correr o risco de apanhar também eu! Na verdade, quero lá saber dos piolhos se ela quiser enroscar-se ao meu colo!
Descobri que a Carolina tinha piolhos no dia 26 de Dezembro à noite, em casa de férias, enquanto jogávamos um jogo de tabuleiro no chão da sala, de lareira acesa, em família. Reparei que se coçou várias vezes de forma insistente e fiz a observação típica: “Então filha o que é isso? Estás a coçar-te tanto porquê? Até parece que tens piolhos!”. Ela respondeu-me com um “Então.. tenho comichão…”. Chamei-a ao pé de mim, sentei-a ao meu colo e separei uma pequena madeixa de cabelo. Encontrei imediatamente várias lêndeas! Engoli em seco, peguei noutra madeixa, e lá estavam mais! De olhos esbugalhados olhei para o meu marido e disse: “Bolas! Ela está cheia de piolhos!”
Felizmente tinha tratamento em casa, pois caso contrário só poderia fazer o que quer que fosse no dia seguinte, mas assim corri para a casa de banho com ela, li as indicações do produto e apliquei imediatamente. Não sei se caíram piolhos na banheira depois de a lavar ou não, porque nem me lembrei de fazer essa verificação, mas depois disto, depois de passar o pente metálico no cabelo e secar o cabelo bem seco, de toalha no colo, nessa noite tive-a deitada no meu colo até cerca das 3h da manhã, com um candeeiro de secretária apontado à cabeça, a tirar lêndeas. Encontrei também 1 piolho! Morto! Apenas 1! Assumi que os restantes, fossem lá quantos fossem, teriam caído no banho.
Em simultâneo comecei também as operações normais nestes casos com mudanças de roupa de cama, pijamas, toalhas, lavagens de roupa a altas temperaturas e inspecção às restantes cabeças da família.
Nos dias seguintes, para além de todos os dias repetir o procedimento de a catar ao colo até altas horas da madrugada [ela coitada adormeceu noites seguidas com a cabeça ao meu colo deitada no sofá], trouxe mais uma parafrenália de produtos para casa, e um pente electrónico que me emprestaram. Nada é demais quando a cabeça da minha filha tem bichos! [Blhac!]
Comecei a fazer shampô de prevenção, e apliquei o gel detector de lêndeas, uma agradável surpresa da Paranix, que tinge as lêndeas de vermelho facilitando imenso o processo de as encontrar. Com um aplicador tipo pente, que se passa no cabelo madeixa a madeira, como se de uma tinta de cabelo se tratasse, deixa-se actuar e quando se passa por água as lêndeas mudaram de cor! Espectacular! Recomendo mesmo, sendo que convém terem o cuidado de usar luvas para aplicar o produto, caso contrário ficam como eu, cerca de 24 horas com as mãos pintadas de vermelho.
Comecei também a alisar-lhe o cabelo com a minha
placa da Rowenta, seguindo a recomendação de uma amiga minha que me disse [e muito bem!] que isso fazia com que tudo o que a placa apanhasse morresse de imediato! E morre mesmo pois comecei a apanhar lêndeas que pareciam papel de tão espalmadas que estavam!
As lêndeas foram desaparecendo e piolhos nunca mais vi, mas mesmo assim fui mantendo o hábito de dar uma espreitadela todos os dias… just in case. Até ao dia em que no colégio, numa operação de inspecção a todos os meninos da sala depois de aparecer outra menina também com o mesmo problema, descobrem um piolho pequenino vivo na cabeça da Carolina. Nesse mesmo dia repetiu o tratamento e desta vez analisei cuidadosamente o que saiu e apanhei 3 piolhos na banheira e ainda retirei mais 2 mortos com o pente depois do banho. Voltei afincadamente à caça às lêndeas e a verdade é que encontrei muito poucas e vivas apenas 2, mas para que os piolhos voltem basta que fiquei 1 viva por isso nada de baixar a guarda!
Nesse dia, depois de os deitar, já com muito sono e cheia de vontade de ir para a cama tinha as palavras da
Susana na cabeça a ecoar: “Tu faz também o tratamento, nem que seja só por prevenção…”. Tinha estado a jantar em casa dela no sábado anterior com outro casal amigo, e claro que falámos do tema até porque também anda lá por casa! E tanto ela como a
Sandra me moeram o juízo para eu também fazer o tratamento. Eu achei que não era preciso, mas naquele momento, depois de ter apanhado mais na Carolina, achei melhor fazer!
Fui para a casa de banho, penteei o cabelo para eliminar nós e passei o pente metálico. Logo na primeira passagem, numa madeixa de cabelo no centro da cabeça, apanhei 1 piolho… vivo!! Nem queria acreditar! Matei-o e desatei freneticamente a passar o pente no cabelo todo! Saldo no final: 4 piolhos vivos! Com o coração aos saltos, enchi a cabeça de Paranix, pus água quente na banheira e esperei. Supostamente o Paranix só precisa de 15 minutos, mas num dos meus desabafos nas redes sociais alguém me recomendou que deixasse pelo menos meia hora pois apesar de ser dos melhores do mercado os 15 minutos não matavam tudo, e assim decidi esperar 45 minutos! E ali estive, a lamentar-me enquanto trocava mensagens com a
Cláudia, de molho e a rezar para que não houvesse mais nada vivo na minha cabeça!
Banheira inspeccionada e zero piolhos! Pente metálico mais umas quantas vezes, cabelo molhado e depois seco, e placa de alisamento! Até agora não apanhei mais nada, mas todos os dias pego no espelho de aumento e inspecciono tanto quanto me é possível o meu couro cabeludo! Todos os dias passo o pente metálico no cabelo, madeixa a madeixa, com medo que apareça mais alguma coisa! E claro, adoptei o look cabelo esticado e aliso o cabelo diariamente!
Passados uns dias diz-me uma colega de trabalho: “Novo look! De cabelo liso!” e eu respondi: “Sim! Por causa dos piolhos! Não quero que me escape nenhum!”. O meu chefe estava ao meu lado naquele momento, e apesar de ter ficado calado, tenho quase a certeza de que deu graças a deus por ter o cabelo curto e correr poucos riscos de apanhar também!
Desta nossa epopeia, retirei alguns ensinamentos que partilho convosco:
1. Se virem os miúdos a coçar a cabeça inspeccionem de imediato! As lêndeas são praticamente transparentes mas conseguem ver-se perfeitamente desde que o cabelo seja escuro.
2. Em caso de as detectarem, tratar de imediato com um produto adequado. Recomendo os que mata por asfixia, por serem oleosos são de fácil aplicação, o cheiro não é agradável mas também não é terrível e no meu caso, com o Paranix, tive uma óptima experiência.
3. Depois de tratamento feito, chegou a hora de retirar as lêndeas. Lembrem-se que basta ficar 1 viva para nascer novo piolho que volta a povoar a cabeça em ciclos de vida de 3 dias. A minha maior ajuda foi sem dúvida o detector de lêndeas da Paranix, pois estando vermelhas mais facilmente se encontram e removem! Para remover devem puxá-las até à ponta do cabelo, agarrar e esmagar entre duas unhas. Se estalarem estão vivas e é caso para ficarem alerta!
4. Retirar fronhas, lençóis, pijamas, toalhas, mantas etc. que possam ter ficado contaminadas e lavar a 60ºC. Os piolhos não sobrevivem mais do que 48 horas fora da cabeça pelo que objectos que não possam ser lavados devem ser guardados por um período superior às 48h para que não haja risco de re-contaminação.
5. Começar a usar um shampô de prevenção alternado com o shampô normal
6. Usar o cabelo apanhado quer para minimizar as hipóteses de transmissão, quer as hipóteses de re-contaminação.
7. Aplicar na zona da nuca e atrás das orelhas umas gotas de óleo da árvore do chá diariamente. Encomendei o meu a uma amiga que vende uma marca que tem, e enquanto não chegou adoptei a técnica do perfume: borrifar o cabelo com perfume todas as manhãs. Estes são alguns dos produtos que os piolhos regra geral não gostam, mas fala-se ainda no vinagre, na laca e até na tinta de cabelo. No meu caso, pintei o cabelo depois do Natal e apanhei na mesma!
8. Não deixar de inspeccionar regularmente nas semanas seguintes, mais por prevenção, e porque tenho conhecimento de casos em que os piolhos são bastante resistentes. Tenho uma amiga que anda nesta luta há cerca de 1 ano e não consegue eliminar permanentemente!
9. Avisar as pessoas que possam eventualmente ter sido contaminadas, como familiares e amigos, e avisar no colégio para que os pais das outras crianças fiquem alerta.
10. Sensibilizar para quer não usem bandoletes, elásticos de cabelo, chapéus, gorros etc de outras amigas ou amigos, nem por brincadeira. Esta é uma das vias mais comuns de transmissão.
E agora, façam figas por mim e pela Carolina para que este segundo ataque tenha sido o suficiente para exterminar esta praga de vez! Sem recaídas!