Educação,  Família,  Maternidade

Os nossos filhos precisam de mais atenção

Os nossos filhos precisam de mais atenção

Há dias li esta entrevista ao Dr.º Eduardo Sá, que acho sempre ter umas opiniões sobre parentalidade e educação com as quais me identifico. Falava-se do seu novo livro, “Livro de Reclamações das crianças”, que reúne protestos compilados pelo psicólogo, especialista em educação parental, que há mais de trinta anos ouve famílias… para tentar ajudá-las a ouvirem-se melhor. Fiquei a pensar no que li, ansiosa por ler o livro e a questionar-me sobre o que os meus filhos responderiam se lhes perguntasse o que o Dr.º perguntou às crianças que contribuíram para o livro. Decidi experimentar e descobri que os nossos filhos precisam de mais atenção.

É verdade que todas as mães e todos os pais acabam por se ver consumidos pela rotina. Acordamos de madrugada, saímos de casa muito cedo, sempre em contra-relógio para chegar a horas à escola e depois ao trabalho. Passamos o maior número de horas do nosso dia a trabalhar! [Custa que assim seja e todos gostávamos de mudar isso, mas infelizmente é a realidade de provavelmente uns 95% dos pais]. Quando saímos do trabalho temos compras para fazer no supermercado, miúdos para ir buscar, trabalhos de casa para acompanhar, actividades extra-curriculares onde temos que os levar, banhos para dar, jantar para pensar e fazer, e toda a gestão de uma casa no dia-a-dia. A isto ainda se somam alguns preparativos para o dia seguinte o que faz com que quando finalmente paramos e “olhamos” para nós já a hora vai adiantada e não conseguimos evitar pensar que já só vamos conseguir dormir meia dúzia de horas porque ainda nos falta tomar duche e estender uma máquina de roupa. 
E os dias vão passando, e no meio desta rotina louca que nos engole o tempo que temos para verdadeiramente parar e estar lá para os nossos filhos é… nenhum! Há alturas em que tomamos consciência disso e vamos tentado encaixar algumas paragens na vida para lhes dar atenção, mas na esmagadora maioria dos dias isso não acontece! E Mea Culpa, a realidade que acabei de descrever é a minha, está a anos luz de ser a ideal e tento a toda a hora contrariá-la mas nem sempre consigo. Em resumo, se parar e pensar no assunto até tenho consciência de que os nossos filhos precisam de mais atenção.
Ontem, depois dos miúdos despachados e prontos para dormir, tomei duche e estava a secar o meu cabelo no andar de cima quando me apareceu a Carolina com os meus brincos e o meu gancho de cabelo na mão. Tinha-os deixado na casa de banho quando tomei duche e quando ela foi lavar os dentes encontrou-os e veio entregar-mos. Deu-me um abraço e ia sair quando parei, chamei-a e sentei-a ao meu colo. 
Dei-lhe as mãos, olhei-a nos olhos e perguntei-lhe:
“Filha, se pudesses mudar alguma coisa na maneira como a mamã faz as coisas contigo no nosso dia a dia, o que seria?”
Ela começou por me falar da decoração do quarto [tema para outro post, porque recentemente começámos a achar que ambos estavam a precisar de algumas alterações no quarto deles], mas quando lhe expliquei que não era isso, que era nas coisas que eu lhe dizia, na nossa vida e na maneira como era com ela entendeu o que eu queria saber e respondeu sem sequer precisar de pensar.
“Queria que me desses mais atenção!”
Tau! Assim! Chapado! Sem hesitar. Pensei de mim para mim numa das frases que li na entrevista do Dr.º Eduardo Sá: Sempre tivemos a ideia que as crianças não são tão distraídas como parecem. E que são acutilantes, minuciosas, com uma sensibilidade fora do vulgar.”
Respondi-lhe com outra pergunta:
“Mas mais atenção em quê? Queres que eu brinque mais contigo, que passeie…?”
Nem me deixou terminar a frase:
“Não mãe! Não é bem atenção. É porque às vezes eu quero conversar contigo e tu não podes porque  tens a comida ao lume, ou estás a fazer outras coisas e não podes conversar comigo.”
Respirei fundo, abracei-a e disse-lhe que prometia que me ia esforçar por ter mais tempo para lhe dar atenção, para conversar com ela e para parar o que tenho para fazer e ter tempo para o que ela precisa. Abraçou-me ainda com mais força, olhou para mim e perguntou:
“Mamã mas porque é que me perguntaste isso? Queres fazer coisas para nós sermos mais felizes?”
Respondi-lhe que sim! Que queria fazer tudo o que eu pudesse para que fossemos cada vez mais felizes, para que andássemos sempre satisfeitos e não nos zangássemos com nada! Em resposta recebi mais um abraço gigante e disse-me:
“Amo-te mãe! És fofinha! És a melhor mãe do mundo!”
Saiu do meu colo e desceu a escada para se ir deitar. Pelo caminho cruzou-se com o pai e contou-lhe o que tinha estado a falar comigo, entusiasmada e feliz por sentir que eu lhe ia dedicar mais tempo. Porque as promessas de uma mãe têm que ser cumpridas!

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