
Os miúdos e a televisão

Não têm horários definidos, não têm uma rotina instituída, mas sabem que se pisam o risco, a televisão se desliga de imediato. E em que é que considero que se aplica a expressão “pisar o risco”?
1. Quando deixam de fazer o que têm para fazer porque ficam especados a olhar para a televisão,;
2. Quando se zangam um com o outro por causa da televisão;
3. Quando fazem birra porque chegou a hora de parar de ver televisão para ir tomar banho, comer, dormir ou outra coisa qualquer;
E se calhar até existem outras situações que se aplicavam aqui mas que de momento não me ocorrem, mas acho que perceberam o que está em causa, certo?
A verdade é que, mais com o Daniel do que com a Carolina, é comum que ele fiquem completamente noutra dimensão quando vêem televisão. Deixam de estar ali. Deixam de responder. Deixam de reagir. Deixam de ouvir o que se passa à sua volta. Ficam tão absorvidos que “desligam”. Há quem diga que é uma coisa comum, mas a verdade é que no caso do Daniel, na maioria das tarefas, ele é muito focado e concentrado pelo que não posso estranhar que também o seja a ver televisão. Mas, quando me apercebo de que está demasiado fixado no écran, regra geral, vou ter com ele, proponho-lhe uma alternativa, e embora por vezes a custo de algumas lágrimas acaba por ceder e dedica-se a outra coisa.
Já percebi que há situações em a relação entre os miúdos e a televisão gera birras. Normalmente isto acontece quando têm que interromper o programa para sair de casa, comer, tomar banho etc. Nessas situações sou completamente inflexível pois a prioridade são as rotinas da família e nunca a televisão.
Já ficaram várias vezes de castigo sem ver televisão por alguns dias. Já os forcei a interromper o programa e dedicarem-se a outra brincadeira em situações em que achei que era o melhor, e a verdade é que mesmo quando choram e reclamam, acabam por aceitar.

Uma coisa que muitas vezes lhes proponho em alternativa à televisão quando estamos os três sozinhos em casa ao final do dia é que venham para a cozinha enquanto estou a tratar do jantar e façam desenhos. Mesmo quando reclamam que não lhes apetece e que antes querem ver televisão, acabam por concordar e divertem-se. Adoram desenhar, adoram fazer números e letras em cadernos, adoram desenhar a família, fazer “postais” para oferecer a familiares e amigos. Não há aliás, com toda a certeza, pessoas que nos sejam próximas que não tenham já recebido um postal, um desenho, ou uma outra qualquer “obra de arte” assinada por eles.
A televisão pode também ser utilizada a nosso favor. Por exemplo, nas manhãs em que estamos os três sozinhos, uso a seguinte estratégia: depois de tomarmos o pequeno almoço, e enquanto tomo duche, deixo-os a vestirem-se com a combinação de que depois de vestidos, já com a cara lavada, e mediante uma inspecção minha, podem ir ver televisão enquanto acabo de me despachar. Se funciona? Claro! Dá-me tempo para me conseguir despachar e dá-lhes a eles autonomia no sentido de os incentivar a levar uma determinada tarefa a cabo sem ajuda para que no final possam ter o prémio de ver 10 minutos de televisão antes de sair para o colégio.
Sem ponta de remorsos afirmo que cá em casa uso por vezes a sinergia entre os miúdos e a televisão como prémio, mas também como castigo. E a verdade é que para nós, resulta! E por aí? Qual é a relação dos vossos filhos com a televisão?