Banalidades

# Our family | Segurança em viagem ou coisas que me irritam nos controlos de aeroporto

Hoje vamos viajar! Todos, em família, pela primeira vez desde que somos uma família de 4! Vai ser a primeira viagem de avião da Carolina e do Daniel, a nossa primeira viagem para férias fora do país desde que fomos pais e já de malas feitas não consigo deixar de me sentir irritada com a perspectiva de encarar algumas coisas que sei que me chateiam nos controlos de aeroporto.

Quando em 2001 se deu o 11 de Setembro, todo o paradigma de vida de aeroporto mudou. Já tinha feito algumas viagens de avião nessa altura da minha vida, embora nenhuma muito longa, e não havia complicações de maior nos controlos de aeroporto, mas nesse dia, tudo mudou!
Vieram as implicações com tudo e mais um par de botas. E se há coisas que consigo entender e que até me fazem algum sentido, há outras que não tolero e tenho que vos confessar que já tive discussões acesas com trabalhadores dos aeroportos por situações que me tiraram do sério. 
A pior de todas e que causou todas a maioria das discussões que já tive, é a implicação com o transporte de líquidos.
Primeiro que tudo, expliquem-me em que é que se torna mais ou menos seguro para o avião e para quem lá vai dentro, levar os meus frasquinhos de champô e cremes dentro de uma porcaria de um saco de plástico com zip? Da minha perspectiva, só se torna mais seguro para o próprio porque evita sujar o restante conteúdo da mala de viagem em caso de derrame acidental de algum dos frasquinhos, certo? Mas não! Somos obrigados a enfiar tudo em saquinhos, que se não tivermos estão disponíveis em barda junto do controlo de aeroporto, e passamos tudo pelo raio-X dentro dos respectivos saquinhos, sendo que provavelmente não existe nenhum estudo a este respeito mas acredito que pelo menos uns 90% destes saquinhos acabem no lixo no destino de cada viajante. 
Passando a parte dos saquinhos de plástico, outra das coisas que me chateia são as dimensões dos frasquinhos que podemos transportar. Ora vejamos, não podemos levar um único frasco com mais de 100 ml, mas podemos levar 10 frascos de 100 ml! Ou seja, se quisermos levar nitroglicerina em quantidade para produzir, bem escondidos na casa de banho, uma bomba capaz de deitar o avião abaixo, podemos, desde que vá dividida em doses de 100 ml cada! Agora se por acaso um frasco de creme, shampô ou perfume tiver 105 ml já não pode passar! Mesmo que, como já me aconteceu, esteja quase gasto e tenha uns míseros 10 ml se tanto, não passa porque a embalagem diz que é maior de 100 ml! 
Com este detalhe já tive situações bizarras. Conto-vos uma de que nunca mais me esqueci, em que a senhora de um aeroporto na Grécia decidiu que o meu perfume de 100 ml novinho em folha também não podia passar, porque o frasco não dizia a quantidade mesmo sendo mínimo e eu tinha deitado fora a cartonagem. Ora, a senhora queria ficar com o perfume guardadinho numa caixa onde convenientemente eram arrumados os objectos “apreendidos”. Mas eu que tenho muito bom feitio, entendi, depois de alguma discussão verbal [e só não chamei os superiores da senhora porque não queria perder o avião], que se não podia levar o meu perfume comigo,  também não ficava para ela. Peguei no frasco, pedi licença e atirei com ele ao chão com toda a força. Olhei-a fixamente nos olhos, sorri e disse: “Ups! Caiu-me da mão!”. A senhora ficou a deitar faíscas pelos olhos, mas não ganhou um perfume novo. Eu perdi o meu perfume mas saí de lá aliviada.
Acho que como em tudo na vida, nos controlos de aeroporto devia imperar o bom senso! Entendo que há subjectividade e que é difícil controlar, mas há mínimos! 
Na mesma viagem em que parti o perfume na cara da senhora, viagem essa em que passei em aeroportos onde a embirração era acima da média com detalhes de treta como o que expliquei acima, fui e vim com um x-acto grande dentro do forro do casaco. Só o descobri várias semanas depois de regressar, por acaso, pois o que aconteceu foi que o forro do bolso tinha um bocadinho descosido e o x-acto em determinada altura [não faço ideia quando] caiu para dentro do forro e por lá andou meses a fio. Ora se há tanto controlo com os ml de líquidos que transportamos, como é que passei em 8 controlos de aeroporto entre a ida e o regresso e ninguém descobriu o x-acto?! Com ele, efectivamente podia degolar uma tripulação inteira e deitar o avião contra o Pártenon sem qualquer dificuldade. Já com um Tommy Girl de 100 ml tenho as minhas dúvidas…

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