Crescimento,  Maternidade

# Our family | A ti filho, que hoje fazes 6 anos!

Querido filho,
Há 6 anos atrás não te pude beijar. Não te pude segurar no colo, cheirar, sentir, abraçar. Não pude chorar de alegria pelo momento em que respiraste pela primeira vez. Nasceste sem complicações de maior, várias semanas antes do previsto e por decisão tua. O parto foi rápido, fiz força duas ou três vezes e tu não ofereceste resistência e nasceste. A sensação que nunca vou esquecer é exactamente esta. Sentir-te a nascer! Não haverá forma de a descrever, mas é sem dúvida a melhor sensação de toda a minha vida! Cortaram te o cordão e levaram te rapidamente. Afinal, eras um gémeo prematuro, inspiravas cuidados extra, era preciso verificar se todas as tuas funções vitais estavam operacionais, pesar-te, medir-te, limpar-te. Era preciso também trazer a tua irmã ao mundo.
Naquele momento, cansada, não tive discernimento para mais. Nasceste às 23:02 e eu estava em trabalho de parto há 21 horas. Não pedi para te trazerem para junto de mim e esse será o meu arrependimento eterno. Foquei-me na tua irmã e confiei que estavas bem (e estavas) mas precisava de te ter enchido de beijos, de te ouvir chorar, de te sentir. Não o fiz.
Com as complicações que tive no pós parto fiquei acamada nos dois dias seguintes. Tu e a tua irmã estavam na neonatologia e tudo o que eu tinha eram as fotos que o pai ia tirando com o telemóvel para me mostrar. Foram dois longos dias. Tentei com todas as minhas forças sair da cama para te ir ver, mas cada tentativa resultava em fracasso. Desmaiava, a tensão descia a pique e era posta na cama outra vez em braços. Perdi a noção das vezes que tentei. Juro! Mas não consegui.
Só ao terceiro dia me conseguiram levar de cadeira de rodas dois andares abaixo para te ver. Estavas na incubadora, numa sala de isolamento só para ti e para a mana. Estavas a fazer fototerapia por isso não te pude tirar. Não te peguei ao colo, não te aconcheguei. Peguei na mãozinha. Tão pequenina como eu nem podia imaginar ser possível. Eras magrinho, estavas negro, com marcas de picadas. Apeteceu-me tirar-te e fugir contigo para casa! Agarrar te e não te largar mais. Mas não podia. Tudo o que era natural uma mãe fazer ao seu filho recém nascido eu não fiz!
Doeu meu amor. Doeu muito! Chorei horas a fio, sozinha no quarto do hospital, a ouvir os bebés que estavam com as mães nos outros quartos enquanto eu estava ali sozinha. Sem os meus bebés. Sofri pela tua ausência. Sofri por não saber quando te poderia ter comigo. Recordei cada momento do parto vezes sem conta para tentar perceber porque é que não tinha exigido que te levassem ao pé de mim. A única resposta que encontrei foi que estava tão cansada que não tive discernimento para isso.
Mas, o que lá vai lá vai, e passadas duas semanas peguei em ti com uma mão, na tua irmã com a outra, e levei-vos para casa! E desde então nunca mais voltámos a entrar num hospital!
Amo-te meu amor! Meu homenzinho pequenino! Mesmo quando és teimoso como só tu, mesmo quando fazes birras, chantagens, manipulações para conseguires o que queres (às quais tu sabes que eu às vezes cedo). Mesmo quando me fazes perder a paciência e gritar-te ou castigar-te, amo-te sempre! Sempre soube que não havia amor maior do que este, e é a mais pura verdade. Este é o mais puro, o mais genuíno, o mais incondicional modo de amar.
Parabéns meu amor! Hoje fazes 6 anos, e parece que tudo isto começou ontem. Estas feliz porque chegaste à idade de quem vai para a escola primária. Sentes-te um homem! Estás a crescer meu filho, mas para mim, vais ser sempre o meu bebé! Mesmo quando tiveres voz grossa e barba, podes continuar a sentar-te ao meu colo e a esconder a cabeça no meu pescoço. Parabéns meu amor! A mamã está aqui sempre para ti!

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