Banalidades

Pão por Deus vs Halloween

Dizem por aí que hoje é Dia de Halloween. Eu, muito sinceramente, não acho piadinha nenhuma ao conceito, que considero que não é mais do que (mais uma!) importação. O comércio usa o pretexto para fazer negócio, os colégios e escolas alimentam a ideia, criando festas temáticas, decorando abóboras, programando bailes de máscaras… e todo um nicho económico nasce a partir de um conceito que nada tem a ver com a história do nosso país.

A origem do Halloween vem das tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcas das diferenças em relação às atuais abóboras ou da muita famosa frase “doces ou travessuras”, exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Originalmente, o Halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda, o festival de Samhain, celebrado entre 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão (samhain significa literalmente “fim do verão”).

Hoje deixei os miudos na creche, e fui informada de que iam fazer bolinhos, pois era Dia do Pão por Deus. Mas afinal, o que é isso do Dia do Pão por Deus?

Em Portugal no dia 1 de Novembro, Dia de Todos-os-Santos as crianças saem à rua e juntam-se em pequenos bandos para pedir o Pão-por-Deus (ou o bolinho) de porta em porta. O dia de pão-por-deus, ou dia de todos os fieis defuntos, era o dia em que se repartia muito pão cozido pelos pobres. Registado no século XV como o dia em que também se pagava um determinado foro:”Pagardes o dito foro em cada hum ano em dia de pão por Deos”. É também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um bolo, o Santoro. Já pedir o “santorinho”, que começava nos últimos dias do mês de Outubro, era o nome que se dava à tradição em que crianças sozinhas, ou em grupo, de saco na mão iam de porta em porta para ganhar doces.

As crianças quando pedem o pão-por-deus recitam versos e recebem como oferenda: pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, tremoços amêndoas,ou castanhas que colocam dentro dos seus sacos de pano, de retalhos ou de borlas. Em algumas povoações da zona centro e estremadura chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do Bolinho’. Os bolinhos típicos são especialmente confecionados para este dia, sendo à base de farinha e erva doce com mel (noutros locais leva batata doce e abóbora) e frutos secos como passas e nozes.
 
Com o passar do tempo, o Pão-por-Deus sofreu algumas alterações, os meninos que batem de porta em porta podem receber dinheiro, rebuçados ou chocolates. Esta atividade é também realizada nos arredores de Lisboa. Antigamente relembrava a algumas pessoas o que aconteceu no dia 1 de Novembro de 1755, aquando do terramoto de Lisboa, em que as pessoas que viram todos os seus bens serem destruídos na catástrofe, tiveram que pedir “pão-por-deus” nas localidades que não tinham sofrido danos.

Portanto, analisada a coisa, mantenho que não simpatizo com o Halloween, e fico muito contente por ter os meus filhos numa creche que não o celebra, dando mais ênfase a uma “celebração” que tem a ver com a nossa história e o nosso país!

(fonte: Wikipédia)
 

One Comment

  • Sandra Silva

    Só um reparo, Sara, dia de todos os santos e dia dos fieis defuntos, não é a mesma coisa. Ocorrem em dias separados (o primeiro, dia 1 de novembro, o segundo, dia 2 de novembro), as pessoas apenas transferiram os rituais do dia dos fieis defuntos para o dia 1 (dia de todos os santos) porque era feriado e tinham uma maior disponibilidade para visitar os seus entes queridos. A wikipédia às vezes tem destas coisas! Quanto ao halloween, o que importa é que as crianças se divirtam seja a dizer doce ou travessura, ou a pedir Pão-por-Deus. Bem esmiuçado, o conceito acaba por ser o mesmo, nos dias de hoje.
    Aproveito para lhe dizer que os seus filhos estão cada vez mais lindos, sou leitora "+/-" assidua e é lindo ver o crescimento deles. Parabéns

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