Banalidades

Para onde vamos depois de morrer?

[Imagem daqui]
A morte é um tema difícil de abordar. Seja para adultos ou para crianças, é a coisa mais natural que temos, e todos nós acabamos por olhar para o tema com pouco à vontade. Já tivemos algumas situações em que tivemos que abordar este tema com os miúdos, e não é uma coisa que seja fácil de explicar. Costumam dizer de vez em quando que quando morremos vamos para o céu, ou que o tio está numa estrelinha a olhar por nós, mas não conseguem objectivamente entender o que é a morte!

Esta semana, ao jantar, eu estava a comer uma tangerina, que no centro, tinha outra, pequenina, Tirei a pequenina e mostrei-lhes. Acharam imensa piada, e os dois me pediram se podia ser para eles comerem. Como tínhamos mais, e eu já sabia que todas vinham assim, abri outra, e cada um deles ficou com uma tangerina bebé! Mas a conversa não terminou por aí!
“C – Mano, eu vou comê a tanjarina bebé que a mamã deu-me!
D – Eu tamém mana! A mamã tamém tem uma pa mim!

A Carolina começa a comer a dela em primeiro lugar.
D – Mana! Tu vais comê a tua tanjarina bebé e assim ela não vai quexer! Pois não mamã? Assim nós comemos a futa e ela vai pá noxa barriga e morre. Pois é?
Explicar que a fruta não morre, porque não é um ser vivo, não é fácil! Ora mas se a fruta nasce e cresce, porque raio é que não morre. Tudo isto é uma grande confusão!
Para mim, a morte é uma coisa simples. Não vou a funerais, excepto em situações de pessoas muito próximas, e aí, não o faço pela pessoa que morreu, mas pelos que cá ficam! Esses é que precisam de apoio e conforto num momento difícil. Quem morre, já de nada adianta! Se não valorizarmos as pessoas em vida, não é na morte que o devemos fazer. Não vou a cemitérios. Não consigo entender [mas obviamente respeito] as pessoas que fazem romarias aos cemitérios, que levam flores às campas todas as semanas, pois para mim, isso apenas serve para prolongar a dor.
Desde muito  cedo que comecei a dizer a quem me conhece que quero ser cremada! Ainda pouco se falava sobre esse tema, e já eu tinha tomado essa decisão! Sempre disse que quero que lancem as minhas cinzas ao mar! Na faculdade, lembro-me de estudar a determinada altura a contaminação do solo que é gerada pelos cemitérios, que muitas vezes é tal que chega aos lençóis freáticos pondo em causa a utilização daquela água, e se já detestava cemitérios, ainda fiquei a detestar mais!
Quando comecei a fazer mergulho, decidi que em vez de deitarem as minhas cinzas ao mar, preferia que as misturassem numa massa de cimento, fizessem um bloco, e colocassem no fundo do mar, para criar um recife artificial. Uma visão poética da vida após a morte, em que me imagino rodeada de peixinhos, qual coral.
Hoje, deparei-me com uma notícia que gostei tanto de ler! Uma nova alternativa à exploração exacerbada das agências funerárias chegou ao nosso país! E se, depois de morrer, nos pudermos transformar numa árvore? Está mais ou menos ao nível da minha visão poética de me transformar em recife!
(…)a empresa portuguesa SigmaPack disponibiliza os seus serviços fúnebres ecológicos que nos permitem ter as cinzas transformadas em árvore. Carvalhos, faias, pinheiros, gingkos. Florestas no lugar de cemitérios tristes e corrosivos. Que melhor forma de retornar à vida do que por meio da natureza?
Urnas biodegradáveis
Para além da marcada vertente ecológica, há uma outra grande vantagem, que é o preço! Enquanto um funeral tradicional pode atingir valores médios na casa dos 2000€, com um eco-funeral, consegue-se comprar a urna bio por apenas 103€, online. Haverá certamente outros custos associados, uma vez que ainda não é permitido fazer as plantações em qualquer lado, mas acredito que a seu tempo, a realidade irá mudar! Para já, está disponível para animais de estimação apenas, mas pessoalmente acho que deviam alargar a abrangência! [Mais informações aqui]
[Fonte da notícia e imagens: Noticias Magazine]

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