Pela manhã, by Rute Gil
Comecei a falar com a Rute, ainda a minha gravidez ia bem pequenina. Uma amiga enviou-me uma página de facebook, onde havia uns sapatinhos de tecido à venda, que me deixaram imediatamente perdida de amores. Falo da Pega Rabuda, onde a Rute divulga e vende o que faz (com tanta mestria) quando se senta à máquina da costura. Esses sapatinhos, foram a primeira coisa que a Carolina e o Daniel calçaram, e guardo-os com muita estima. Há cerca de ano e meio atrás, foi a Rute que me ensinou a usar a minha máquina de costura! Passei uma tarde em casa dela, num Workshop de iniciação à costura, que adorei! Para além de costurar bem, a Rute tem muitos outros predicados! Esposa amantíssima do Vitor, e mãe de 3 filhos rapazes, gere os seus afazeres profissionais com a vida com os seus homens, na maior! Para além de tudo isto, ainda tem um jeito incrivel para escrever, tendo já marcado presença por exemplo no projecto Papel, uma revista online, que foi temporária mas que gostei muito de acompanhar! Hoje, a Rute deixa-nos um texto sobre o amor, que na minha modesta opinião, espelha muito sobre o que lhe vai na alma! Aqui vos deixo:
“Pela manhã
Quem me dera o dia tivesse muitas horas e que
essas se pudessem multiplicar em três, ou quatro, como quiséssemos, e nos
pudéssemos olhar e tocar, sem pressa, sem um ruído, sem uma ânsia que nos seja
exterior.
Acordei esta manhã e agarrei-me a ti. Se queres
saber, não é a melhor posição para voltar a dormir, isto é, a mais confortável
fisicamente. Mas o teu cheiro, a tua pele, os teus pêlos, a tua respiração não
têm nada que ver com coisas finitas como o corpo. A minha ligação a ti
ultrapassa o tempo, o corpo, e até o futuro. Olho para a nossa casa, outra vez
pela janela, e reparo no tecto de uma casa quase em ruínas. O tecto é abaulado
e é miraculoso como não cai quando dois pombos se enamoram no ponto mais íngreme.
Do outro lado da casa, há outra janela. É como se fosse uma janela para o
paraíso. Há flores, há palmeiras, há limoeiros, há buganvílias, há cactos
gigantes, há um carreiro de pedras e um recanto totalmente tapado por
trepadeiras onde está uma mesa e cadeiras e onde eu colocaria um assento feito
de pedra caiada e onde adormeceria à tarde, agarrada a ti. Se eu pudesse
acrescentar mais coisas, juntaria um cheiro a jasmim que chega depressa à
meia-noite e foge assim como quem passa, pede um cigarro e vai acendê-lo para
casa. Poderia estar horas a olhar por estas duas janelas. Era isso que me
apetecia. Gostava que gostasses tanto das manhãs como eu.
Leiam mais, sobre o amor:
* A Ana Luisa e o Miguel: aqui,
* O Poema da Sofia, aqui;
* A Carla e o Hugo, aqui;
* O amor do Jorge, aqui;
* A mulher da vida do Bruno, aqui;
* O Marcos e o João, aqui;
* A Filipa e o Marco, aqui;
* A história da Marta, aqui;
* O amor e desamor
da Anita, aqui;
* Amores de uma vida, da Andreia, aqui.
E não percam, a cada 6ª feira, um novo texto, uma nova história… sempre de amor!