Banalidades

Quero férias a 4! [E um mundo perfeito!]

Estou cansada! Cansada da rotina, do trabalho, da casa, das pessoas, da vida. Preciso de parar. De esquecer que existem horários, trabalhos, contas, responsabilidades. 

Fazer de conta que vivo num mundo cor de rosa, onde tudo corre sempre exactamente como eu quero que corra. Onde o dinheiro estica sempre para podermos fazer mais umas compras, para podermos jantar fora quando nos apetece, para podermos mimar os nossos filhos uma vez por outra com as coisas que nos pedem. Um mundo onde não tenho que me preocupar com as listas de compras de supermercado, porque tenho sempre a despensa e o frigorífico cheios de tudo o que faz falta, como que por magia.
Um mundo onde não há contrariedades, onde não há preocupações, angústias, incertezas. Um mundo onde não tenho que conseguir fazer uma cama de lavado [porque esta noite houve um xixi], arrumar as outras camas, apanhar e arrumar uma máquina roupa, estender outra, limpar o leite com chocolate que a Carolina entornou por cima de mim, dela e  da cozinha, tomar o pequeno almoço em família, tomar duche, embrulhar o resto dos croissants para eles levarem para a creche, preparar um saco com roupas suplentes para levarem para a creche, deixar comida e água para os gatos, deixar a máquina da loiça pronta para lavar assim que a da roupa terminar [e se o pai conseguir passar por casa à hora de almoço para trocar o botão de corte de corrente de posição].
Um mundo onde tudo se encaixa nos devidos sítios e no exacto momento em que precisamos que se encaixe! Um mundo onde podemos simplesmente fazer o que queremos, como queremos, com quem queremos. Sem engolir sapos, sem ter que respirar fundo para não explodir e dizer coisas que não queremos dizer quando estamos sem paciência para o resto do mundo e até para nós! [Hoje já estou a trabalhar de fones para não ouvir o que se passa à minha volta e não extravasar o mau feitio para quem trabalha comigo.]
Num mundo ideal, amanhã seria o último dia de trabalho antes das férias, não teria 1001 coisas para deixar organizadas antes de sair, nem 1001 preocupações. Não estaria angustiada porque amanhã é o último dia deles nesta creche, porque é o último dia em que vêem comigo de manhã [e já hoje vim o caminho todo de lágrimas nos olhos, a absorver as conversas que têm um com o outro, e que tanta falta me vão fazer quando vier trabalhar sozinha e em silêncio]. Não haveria nada mais do que a felicidade e a leveza de estar de férias. Chegávamos a casa, arrumávamos as malas e saíamos rumo a um qualquer destino paradisíaco, e ficávamos só os 4, com sol, praia, mar, longe de tudo e de todos, longe do nosso mundo. 

Mas como o mundo não é perfeito, amanhã venho trabalhar com um nó na garganta, e começo umas férias que vão ter que valer a pena, mas que estão longe, muito longe de serem perfeitas. Ou então se calhar até são, porque certamente não haverá maior perfeição do que estarmos só os 4, 100% dedicados uns aos outros, brincarmos, corrermos, fazermos tudo o que nos apetecer fazer, sem horários nem nada que nos obrigue a fazer o que não queremos. Só nós! A nossa “famíuia pequenina”!

[Fotografias das férias de Agosto de 2014, na Mantarota]

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