Repetir de mim para mim, vezes sem conta!
Faltam menos de dois meses para o Daniel e a Carolina fazerem 4 anos, e eu, que esperava que a coisa melhorasse com o tempo, continuo a ser uma mãe [super] galinha! Este fim de semana vamos sair sem eles. O pai vai participar numa prova de ciclismo, no Douro, e eles ficam com os avós maternos. Vai ser uma alegria, pois vão ter casa cheia, estão lá os tios todos e a animação vai ser mais que muita! Ainda assim, ontem à noite houve lágrimas, houve uns “eu não qué domi na caja da avó puque eu quéro tu!” e isso… esmaga-me!
Eu sei que depois, na altura de ficarem efectivamente na casa da avó, a coisa corre bem. Regra geral portam-se bem, divertem-se, não há birras nem choros, falam connosco ao telefone e está sempre tudo bem. Mas ouvir a minha filha a choramingar e a dizer-me estas coisas, faz-me sentir que não posso fazer-lhe isto! Faz-me ter vontade de me borrifar para tudo e de ficar cá, com eles!
Fez no fim de semana passado um ano que os deixámos com os avós um fim de semana inteiro pela primeira vez. Fomos a Aveiro, para o casamento de uns amigos queridos, e por isso deixámos os miúdos duas noites com os avós. [Custou-me horrores!]. Sobrevivemos nós, claro, e sobreviveram eles.
Depois disto, já ficaram várias vezes com os avós maternos e paternos [não muitas, só algumas], mas na maioria das vezes, apenas por uma noite. A despedida, em particular quando acontece na escola, custa-me bastante. Depois acabo por gerir bem a coisa, mas continuo a passar o fim de semana todo com eles na cabeça! [Há mãe que não o faça?]
Este fim de semana vamos para fora e já me despedi deles. Hoje de manhã. Na escola. Demos beijinhos e abraços muitas mais vezes do que o habitual, e ficaram à janela a dizer adeus com um ar saudosista até desaparecermos na curva. Ainda nem sequer me pus a caminho e já estou a morrer de saudades deles. Sei que mais logo, quando chegar ao destino, vou conseguir gerir isto melhor, mas por agora, estou a sentir-me invadida pelo meu habitual sentimento de culpa!
Na hora de almoço, abri o email e li a newsletter da Magda, que tinha acabado de chegar. No último parágrafo lia-se:
“Finalmente, a mãe (mais que o pai, na maior parte das vezes), precisa de se libertar de uma coisa que vem no pacote, quando se torna mãe, e que é a culpa. Precisa de ter momentos seus e que são fundamentais para que esteja em equilíbrio e feliz, na sua relação com a família e com os filhos. Uma mãe cansada, frustrada e que deixa de ter vida para tratar dos filhos não consegue ter a energia necessária para desvalorizar o que é desvalorizável, para brincar mais e com mais vontade, para ser firme em vez de ralhar, castigar ou bater. Por isso mesmo, a mãe precisa de tempo para ela. Que tenha uma actividade extra-laboral. Se não pode, que vá tomar café com uma amiga, que vá passear com o marido ou com as amigas. E que aproveite os momentos em que está sem o filho, sem um pingo de culpa. Se o filho estiver bem e com alguém que sabe cuidar dele, então que aproveite! E que volte para casa com vontade de trincá-lo e enchê-lo de beijos. E feliz! Porque a primeira regra da parentalidade positiva é mesmo: pais felizes = filhos felizes.”
Senti que este parágrafo me tinha caído no email precisamente no momento em que precisava dele! Li-os várias vezes, e decidi copiá-lo para aqui, para o reler durante o dia de hoje, e se necessário, durante o resto do fim de semana.