Sobre o tão angustiante regresso às aulas!
Este ano o Daniel e a Carolina mudaram de creche! Foram várias as questões que tivemos que ponderar, mas em última análise, para tomar a decisão, tive que fazer das tripas coração e pensar que depois da adaptação, será melhor para todos que estejam na creche para onde vão. É mais perto de casa, a mensalidade é mais baixa e em termos da rotina diária da família vai ser mais fácil gerir horários para os levar de manhã e os ir buscar ao final do dia.
Já sabiam desta mudança há imenso tempo, e fomos conversando sobre o assunto, para que chegado o dia, o choque fosse mais pequeno. Não obstante, convenci-me piamente que o 1.º dia ia ser um drama, que iam lá chegar e chorar baba e ranho para ficarem numa creche que nunca tinham visto, numa sala nova, com meninos novos, educadora e auxiliares novas… A somar a isto, que me trouxe muito mais ansiedade a mim do que a eles, a sala onde foram integrados já não faz sesta. Decidi depois de alguns testes e depois de pensar bastante sobre o assunto que eles se iam manter a dormir sesta. Depois do almoço, iriam para um outra sala, e dormiam aí, com outros meninos. Pensei que pudesse ser uma coisa difícil de concretizar, pelo facto de ser noutra sala, com outros meninos e outros adultos, mas combinei com a educadora que se houvesse resistência íamos mesmo tentar insistir com eles.
Ontem foi o 1.º dia. Lá fomos nós levá-los, e após os primeiros minutos em que se esconderam atrás das nossas pernas com vergonha, foram entrando devagarinho para a sala, e foram espreitar os brinquedos que por lá havia. Tantas novidades, fizeram com que passados uns minutos viessem ter conosco voluntariamente para dar beijinhos e ficassem a brincar!
Vim-me embora com o coração nas mãos! Com um aperto e uma falta de ar terríveis! Passei o dia todo com a sensação de que me faltava um bocado grande do meu coração. Ansiei tanto pelas 16h30 que olhei para o relógio a cada 2 minutos.
Quando chegou finalmente a hora de os ir buscar, ansiosa que só vendo, quase corri para dentro das instalações! Vi passar uma fila de meninos, e no final da fila, de mão dada com uma senhora que eu ainda não conhecia [só tinha conhecido a educadora e uma das auxiliares], iam os meus filhos muito satisfeitos! O Daniel viu-nos, apontou e disse “olha”, mas como a senhora também não nos reconheceu, seguiu o caminho! Iam para o parque brincar. Mesmo assim, o Daniel disse-lhe “vem aí o papá e a mamã!”. Quando nos aproximámos, chamei-os, olharam para nós, o Daniel veio a correr dar um abraço, mas a Carolina fugiu rapidamente para o parque! Não podia perder a oportunidade de escorregar no escorrega! Tirá-los de lá não foi fácil, pois queriam brincar mais tempo com todas as novidades que os rodeavam! Vieram para casa com uma excitação enorme, a contar como tinha sido o dia. Almoçaram bem, brincaram imenso, foram dormir a sesta sem qualquer dificuldade e dormiram 2h30m! Ao chegar a casa, o Daniel perguntou-me: “Mamã, eu vou pá quéxe nova todos dias?”, quando lhe respondi que sim, respondeu-me de sorriso nos lábios com um: “Eu quero!”
Hoje voltaram, para o 2.º dia, e no momento da despedida a Carolina ainda me disse que não queria ficar ali e queria ir comigo. Mas no momento seguinte distraiu-se com qualquer coisa, deu-me um beijinho e ficou! Espero que o dia corra tão bem como o de ontem! Ainda estou de férias até ao final da semana e consigo gerir melhor horários e ir buscá-los mais cedo, mas na próxima semana já volto ao trabalho, e queria mesmo que não houvesse choros para ficar na creche de manhã. Sei que quando passar a novidade pode acontecer, sei que todos nós temos dias bons e outros menos bons, e que por vezes pode simplesmente não apetecer ir para a creche, mas quero acreditar que o pior já passou e que se vão integrar muito bem nesta nova creche.
Deixo algumas dicas que nos ajudam a nós e a eles nestas mudanças, nesta adaptação a novas rotinas e neste recomeçar. [compiladas pela Showroomprive]
Conseguir que as crianças estejam motivadas e predispostas para voltar às aulas pode ser complicado, especialmente depois de tantos dias sem se sentarem em frente à escrivaninha. Como fazer com que enfrente com alegria o regresso às aulas e à disciplina de horários escolares? O síndrome pós-férias também afeta as crianças e é fundamental que os pais saibam como detectá-lo e solucioná-lo no momento em que aparecem os primeiros sinais de tristeza, falta de concentração, irritação e apatia:
1. Antes que apareçam os primeiros sinais e de forma prévia ao início do regresso às aulas, é aconselhável adaptar os horários para que o nosso/a filho/a se deite e se levante à mesma hora mal comecem as aulas. Desta forma não associará a “liberdade de horários a deitar-se tarde, a estar de férias e conseguiremos para além do mais que nas primeiras semanas de aulas não se sintam cansados.
2. Faça as compras do regresso às aulas com os seus filhos. É importante que os filhos lhe acompanhem na compra da roupa, dos sapatos e do material escolar. Deixe que escolham os artigos e utilize esse momento para transmitir-lhes o seu entusiasmo pelo início de um novo ano letivo e da estreia de novas roupas, livros e materiais. Recorde-lhes o entusiasmo que sentia quando era pequena ao estrear o estojo e os lápis.
3. Apoio familiar: nos dias anteriores ao regresso às aulas é importante aproveitar as reuniões familiares (hora do jantar, visita de uma tia) para que os membros da família transmitam aos pequenos a alegria de começar um novo ano. Frases como: “que bom que já vais começar as aulas”, “este ano vais divertir-te”, “neste novo ano aprenderás coisas muito interessantes” ajudam a criança a manter uma atitude positiva.
4. A importância do acordar. É fundamental que quando acordem os seus filhos, o façam com um sorriso no rosto. As palavras que utilizam, o tom, os gestos, deve transmitir-lhes o quão felizes e alegres estão por acordarem e começarem a rotina do dia. Inclusive se está cansado/a ou não dormiu bem, é importante que o acordar do pequeno/a seja um momento de energia e otimismo, que o/a ajude a que se levante da cama de bom humor e que enfrente com vontade o novo dia na escola.
5. Não se renda. É normal que em determinadas situações os nossos filhos chorem e façam birras desde o levantar até entrarem na escola, especialmente se o início do ano coincidir com a chegada de um novo irmão. Não se renda aos seus choros e mantenha a mesma rotina e horários ao acordar, desde o pequeno almoço até à saída para a escola de forma a que entendam que não é possível atrasarem-se e ajudá-los a assumir as suas novas tarefas escolares.
6. Se passadas 3 semanas sente que a criança não recuperou a motivação e continua com dificuldades ao levantar-se para ir para a escola, não fala sobre as coisas que faz nas aulas e continua apática, é o momento de falar com o psicólogo do centro para ajudar o/a pequeno/a a enfrentar o novo ano letivo com entusiasmo através de métodos específicos para ele/ela.