Tirar folga da paternidade!
Não sei se é do cansaço, se é pura e simplesmente uma fase, mas o facto é que os miúdos andam impossíveis! Provavelmente, tal como nós, estão desesperadamente a precisar de férias, a precisar de mudar a rotina, de não ter horários para cumprir. Fazem birras por tudo e por nada, daquelas mesmo feias, de nos levar a um grau de desespero tal que só apetece virar as costas e fugir. O pior é que a maioria delas são por motivos ridículos! O Daniel por exemplo, na maioria dos casos começa a fazer birra do nada, e mesmo quando lhe perguntamos porque é que está a chorar ou a gritar, não responde, e chora ou grita ainda mais alto!
Depois do banho tomado, vieram para a mesa. Sopa, almôndegas com arroz e pêssegos cortados aos pedaços. A Carolina, mesmo com sono e algumas birras [significativamente mais pequenas] lá foi comendo. Demorou o dobro do tempo que é habitual, mas comeu tudo! O Daniel… começou por dizer que não queria pêssego, que queria morangos, e que não gosta de pêssego. Depois de muito insistir, tirámos-lhe a taça do pêssego da frente e passou à sopa. Claro que a sopa também tinha que ter defeitos! Desta vez tinha fios! Cuspia a cada colherada que punha na boca, dizendo repetidamente em voz chorosa que não gosta de fios! Tal como com a fruta, acabámos por lhe tirar a sopa da frente e passou para a carne. Desta vez nunca objectivou qual era o defeito, mas comer que é bom… nada! O tempo ia-se passando e ele ali estava. Não comia sozinho, não comia se lhe déssemos à boca, não comia ponto final! Dissemos-lhe que se não queria comer tudo bem, mas então ia para a cama. Também não queria! Chorou, berrou, esperneou, tentámos em vão acalmá-lo, fazê-lo comer pelo menos a sopa ou a carne, mas não conseguimos!
O que é que ganhámos com isto? Nada! Ficámos enervadíssimos, ele ficou aos soluços depois de tanto tempo a chorar, e não jantou na mesma! Acabou agarrado ao meu pescoço a dizer “xcupa mamã, xcupa…” enquanto choramingava baixinho. Quando finalmente se calou, limpei-lhe a cara, e perguntei porque é que tinha sido aquela fita toda. Respondeu-me apenas “Puque eu num quio papa!”. Simples! Ele não queria comer! E vale a pena insistir? Não! Não vale! Principalmente quando nos traz stress desnecessário a todos e resultados que é bom, nem vê-los!
Hoje de manhã, ao pequeno almoço, pediram cerelác. O pai fez uma taça para cada um e começaram a comer. A Carolina comeu tudo enquanto o diabo esfrega um olho, o Daniel começou a comer, mas de repente, sem motivo nenhum, parou, empurrou a taça e disse que queria leitinho. Dissemos que não havia leitinho, que estava a comer cerelác porque pediu, e agora era isso que tinha que comer. Não quis. Chateámos-nos com ele? Não! Não quer, não come! Claro que, a irmã aproveitou logo para pedir o dele, e comer tudinho até ao fim! [como mesmo muito pouco a minha filha! Acho que me devo preocupar!]. O ameaço de birra por causa da cerelác acabou por não avançar, e apesar de ainda haver mais dois ameaços, porque queria ver televisão e brincar no quarto em vez de se ir vestir para sair, lá acabou se aguentar.
Por isso, passou a bola para o lado da irmã, que depois de vestida e quando estávamos a acabar de nos despachar para sair, entendeu que queria ir buscar uma caixa de madeira que tem a tampa partida e falhas na madeira, e que só não deitei ainda fora porque foi um presente, e como eu não deixei, atirou-se para o chão a berrar! Durou pouco, porque com a Carolina quando ignoramos as birras e continuamos a fazer o que estávamos a fazer, ela regra geral cala-se e vem a correr agarrar-se a nós e pedir desculpa, mas fez logo com que viesse trabalhar exausta!
Percebem porque é que digo sem qualquer pudor que precisava mesmo de tirar folga da paternidade?!
One Comment
Isa
Então não percebo… Os malandrecos são todos iguais!!