Turismo

# Turismo em família | Escapadinha à Serra da Estrela on a Budget

Já tínhamos levados a Carolina e o Daniel à Serra da Estrela há dois anos e eles tinham adorado – podem recordar aqui. No ano passado não se proporcionou repetir a viagem mas este ano andaram imenso tempo a pedir para “ir à neve” e lá acabámos por conseguir conciliar umas mini férias antes da Páscoa para dar um pulo à Serra da Estrela em família. A experiência foi ainda melhor que a anterior e já vos vou explicar porquê.

Se da última vez ficámos em hotel, desta vez não pusemos essa hipótese. Queríamos ter a possibilidade de cozinhar em casa e de passar os fins de dia no quentinho em família. Tivemos a imensa sorte de descobrir uma casinha mesmo como queríamos, na aldeia do Sameiro, a 2 minutos de Manteigas, no site da Homeaway, e nem hesitámos! Deixem-me partilhar convosco que faço com frequência pesquisas na Homeaway para ter noção do que há disponível em zonas que nos possam eventualmente interessar, bem como para saber mais ou menos os preços praticados. Tenho os favoritos organizados em pastas com os destinos que me estejam debaixo de olho e assinalo os alojamentos interessantes e dentro do budget na pasta respectiva. É uma óptima ajuda para planear escapadinhas e férias! Trust me!].

Saímos de casa mais tarde do que queríamos e fizemos a viagem devagar, pelo que já chegámos ao anoitecer. Fomos muito bem recebidos pelo Sr. Fernando e pela esposa, os proprietários da Casa d’avó. A Casa d’avó era uma casa de família que foi recuperada mantendo a traça original mas criando condições de conforto que permitem a estadia com o conforto da nossa casa. É uma casa super amorosa, muito bem recuperada e muito acolhedora, qualidades que procuro sempre quando selecciono um alojamento.


Podem consultar todos os detalhes sobre a casa clicando aqui, pelo que não vos vou chatear com pormenores descritivos, focando-me mais no que podem fazer por ali que torne tão apelativa uma visita à Serra como a que nós fizémos. Mas para ficarem com uma ideia, deixo-vos algumas imagens.

Para marcar uma escapadinha deste género, vou-vos falar dos pontos que costumo seguir para definir tudo e que resultam sempre! Basta ajustar ligeiramente à realidade e já está.

1. Definir a data

Se puderem, evitem períodos de férias escolares e fins de semana prolongados. São por excelência alturas de mais procura e isso faz com os preços disparem e a oferta diminua. Em qualquer dos casos, quanto mais cedo fizerem a reserva mais hipóteses têm de conseguir uma boa relação qualidade-preço. As melhores reservas conseguem-se quando conseguimos fazer marcações com antecedência [e não sendo aplicável para este caso, isto serve para alojamento e para vôos].

2. Definir o Budget e seleccionar alojamento

O budget, logicamente, depende da carteira de cada um. Por aqui, independentemente da capacidade económica, damos sempre preferência por poupar em tudo o que podemos para tornar por exemplo a estadia mais longa. Somos adeptos de apartamentos/casas precisamente por permitirem cozinhar e poupar bastante na alimentação.

Para esta escapadinha bastou abrir o site da Homeaway, seleccionar o destino, as datas e o número de hóspedes. O site forneceu todas as opções disponíveis e numa primeira fase dei uma vista de olhos geral. Depois de ter noção dos preços por noite e do tipo de alojamentos disponíveis, seleccionei o meu budget máximo por noite e refinei a pesquisa.

Depois de escrutinados os resultados fiquei com 3 opções que me encheram as medidas e marquei todas na minha pasta de favoritos pois apesar de no momento aparecem todas como disponíveis, até ao momento de efectivar a reserva alguém se pode antecipar e termos que passar para a opção seguinte. Tive sorte porque consegui marcar aquela que foi a minha primeira escolha, uma casinha com dois quartos, duas casas de banho, sala e cozinha, numa rua pequenina e super acolhedora.

3. Estudar previamente a zona onde se situa o alojamento

Já conheço bastante bem esta zona há alguns anos e simpatizo com as aldeias serranas. Manteigas é pequenina mas está muito bem situada face à Serra e aos acessos à Torre. A casa que marquei situava-se logo na aldeia seguinte – Sameiro. Na aldeia em si há um mini mercado [mesmo mesmo mini] que permite comprar uma coisa que nos falte no momento, tem só o básico e parece saído do século passado mas acabou por nos desenrascar um dos dias já perto das 19h com uma compra de última hora. Para outro tipo de compras a 5km de distância, em Manteigas, há tudo o que possamos precisar.

A aldeia do Sameiro em si é muito bonita e demos bons passeios a pé, quer de dia quer de noite. É muito pequena pelo que rapidamente ficamos a conhecer as ruas todas de cor e salteado, mas os miúdos adoravam sair depois de jantar e percorrer as ruas geladas e desertas. Chamavam-lhe sair à noite! Uma simples saída para deitar o lixo fora, que implicava descer a rua até ao rio – local onde estava o caixote do lixo, já era motivo de animação! O Zêzere atravessa a aldeia e a construção desenvolveu-se ao longo das suas margens fazendo com que o passeio junto ao rio permita avistar a aldeia praticamente toda.

4. Seleccionar pontos de atracção a não perder

A Serra da Estrela tem aqueles pontos imperdíveis a que toda a gente vai. A Torre, o ex-libris, é sem dúvida o local escolhido de eleição para brincar na neve. Para quem faz Sky ou Snowboard é ali o ponto de partida para as principais pistas, para quem como nós é mais básico e se limita a deslizar em tobogans não há necessidade de escolher o local mais povoado.

No primeiro dia fomos à Torre. Queríamos comprar tobogans novos [os antigos já tinham sido meus e dos meus irmãos e na viagem anterior tiveram o seu fim] e como estava um dia de Sol lindo e até não estava muita gente, ficámos por lá! Os miúdos fizeram bonecos de neve e deslizaram vezes sem fim. Deitaram-se na neve e fizeram anjinhos, atiraram bolas de neve [aliás, atirámos! Porque ninguém escapou!]. Estava um dia perfeito! Sol, céu azul e um manto de neve espesso e fofo perfeito para todas estas brincadeiras. Ficámos até os miúdos começarem a ter fome para almoçar. [Sobre as refeições falaremos mais abaixo noutro ponto]. Depois do almoço voltámos à carga! Desta vez escolhemos a encosta lateral da torre e lá passámos mais umas horas a brincar na neve. Não sei dizer se é da altitude ou das temperaturas baixas, mas o cansaço físico chegou cedo, e pouco depois das 16h30 regressámos a casa.  Tudo o que apetecia era uma casa quentinha, salamandra acesa e um jantar reconfortante em família. [É também por isto que preferimos uma casa! Jantar de pijama e banho tomado é priceless!] No dia seguinte haveria tempo para mais!

Os nossos dias tiveram uma rotina simples: depois do pequeno almoço sair do Sameiro e parar em Manteigas para beber café e comprar uns biscoitos para os lanches. Enquanto isso, aproveitar o Wi-Fi do Café Companhia do Pão para descarregar filmes da Netflix, isto porque a casa não tinha Wi-Fi nem sequer rede de telemóvel [o que tenho que confessar – foi um descanso!] e a televisão só tinha 4 canais. Seguir depois para a Serra e escolher os pontos onde íamos parar consoante havia menos pessoas. Somos sempre adeptos de locais menos procurados e com menos pessoas, mesmo que isso implique procurar mais e andar a pé! Pelo trajecto parar em miradouros e pontos de interesse, para conhecer, ver a vista, tirar fotografias.

Parar para almoçar e retomar o programa embora nunca até muito tarde. Normalmente entre as 17h e as 18h já estávamos de regresso a casa, ansiosos pelo conforto e o quentinho.

Pontos de interesse:

Poço do Inferno [dos nossos locais favoritos! Vamos sempre lá brincar na neve!]
Centro Interpretativo do Vale Glaciar
Covão d’Ametade
Barragem da Lagoa comprida
Penhas Douradas
Barragem de Vale do Rossim [ficámos lá alojados no ano anterior a dois]
Torre
Penhas da Saúde
Museu do Pão em Seia
Aldeia de Unhais da Serra [Restaurante Lenda do Viriato]
Aldeia de Valhelhas [Restaurante Vallecula]
Aldeia de Folgosinho [Restaurante O Albertino]
Praia Fluvial de Loriga

5. Assinalar Supermercados, Cafés, Restaurantes e outro tipo de estabelecimentos que nos interessem

Em Manteigas há pequenos supermercados onde podemos encontrar tudo o que precisarmos. Há alguns restaurantes e cafés, embora pessoalmente só tenhamos visitado a Casinha do Pão, que recomendamos pelas condições e pelos produtos que vende. Adorámos os queques de laranja caseiros, vendidos ao saco, que são muito bons e super em conta. Há também farmácias, uma coisa que faço sempre questão de saber onde tenho, não vá o diabo tecê-las. Restaurantes já referi os que conheço bem e onde garanto que são bem servidos no ponto acima.

6. Preparar todo o equipamento necessário

Na nossa última visita à Serra da Estrela tínhamos feito algum investimento em roupa para a neve. Para nós adultos calças e casacos, para os miúdos calças e luvas. Desta vez foi apenas necessário verificar que tudo estava em condições e pensar no calçado. Para nós tínhamos alternativas viáveis e para os miúdos optámos novamente por usar as galochas com meias de neve por baixo. Funciona e não justifica comprar botas específicas se o pé cresce em menos de nada e deixam de servir. Tudo o que temos para neve foi comprado na Decathlon em saldos.

7. Verificar a meteorologia

Se há coisa que faço sempre regularmente e com alguma antecedência, é controlar a previsão meteorológica. Não tenho o poder de influenciar o que nos vai calhar, mas fico mais tranquila se tiver noção de como está previsto estar o tempo durante a nossa estadia. Desta vez sabia que havia neve e que estava previsto continuar a haver, mas confesso que tive receio que fechassem estradas e ficássemos limitados. Ficar “preso” em Manteigas sem poder subir para a serra não era uma perspectiva que me agradasse. Felizmente tivemos uma imensa sorte e nevou sim, fecharam as estradas, mas nunca ficámos impedidos de subir! Descemos quando a estrada já tinha fechado e na manhã seguinte pudemos voltar a subir em segurança.

8. Programar ementa e listas de compras e se possível levar coisas adiantadas de casa

Quando saímos por poucos dias, se possível, tento planificar ao máximo as refeições. Tudo o que possa levar adiantado de casa levo! Prefiro ter mais trabalho a programar e organizar e depois aproveitar mais as férias sem ter que perder tempo a pensar o que quero cozinhar, o que preciso de comprar e a cozinhar propriamente. As refeições que são cozinhadas na hora são sempre coisas simples e rápidas, como por exemplo uma esparguete à bolonhesa cuja carne foi cozinhada de casa. Para os jantares e pequenos almoços, sempre em casa, e com esta organização prévia, foi sempre tudo muito simples. Para os almoços, tinha planeado fazermos almoço volante, que seguisse connosco de manhã para a serra e que  fosse possível comer em qualquer lado. A opção foi clara: o carro! Estava um frio de rachar e sabia lindamente fazer uma pausa no carro com o aquecimento ligado. Fizemos sempre da mesma forma: escolhemos um miradouro com uma boa vista e pouca gente, estacionámos e ficámos  a fazer o nosso pic-nic e a ver um filme em família no iPad. Confesso que ao escrever isto até estou a sorrir por me recordar de como eram divertidos estes nossos almoços no carro.

9. Fazer as malas

Este departamento é sempre o que mais me custa. Odeio fazer malas,  mesmo sabendo que significa sair para férias. Faço-as sempre relativamente depressa e raramente me esqueço de alguma coisa mas preciso de calma e concentração o que com os miúdos por perto nem sempre se consegue. A parte que me dá mais trabalho é a cozinha. Se levo tudo organizado e adiantado, e ficando alojada numa casa, preciso de pensar em todos os detalhes do que vou precisar, do pano da loiça à pedra de sal e ao azeite. Há casas que têm este tipo de consumíveis ao dispôr mas há outras que não. Uma dica é perguntar após a reserva que tipo de artigos se encontram disponíveis na cozinha. Nesta escapadinha foi este o motivo de sair mais tarde do que queríamos. Demorei mais do que tinha previsto a organizar tudo!

10. Seguir viagem, e aproveitar ao máximo!

E chegamos ao momento da partida! Carregar tudo no carro, confirmar que tudo está ok e seguir! A viagem tem que ser feita com calma e os miúdos “injectados” com uma grande dose de paciência, mas chegamos! Depois é mesmo só aproveitar cada momento, tirar partido de todas aquelas horas em família e recarregar as baterias ao máximo!

Enquanto família, sentimos todos os anos o quanto nos faz bem fazer pequenas escapadinhas ao longo do ano. O dia a dia não nos deixa folga para quase nada, e se há coisa que precisamos é de parar, fugir da rotina e fazer coisas diferentes a quatro. Este ano conseguimos passar estes dias excelentes na Serra e a verdade é que já estamos a pensar na próxima! Vocês também são assim?

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