# Turismo em família | Escapadinha à Serra da Estrela on a Budget
Saímos de casa mais tarde do que queríamos e fizemos a viagem devagar, pelo que já chegámos ao anoitecer. Fomos muito bem recebidos pelo Sr. Fernando e pela esposa, os proprietários da Casa d’avó. A Casa d’avó era uma casa de família que foi recuperada mantendo a traça original mas criando condições de conforto que permitem a estadia com o conforto da nossa casa. É uma casa super amorosa, muito bem recuperada e muito acolhedora, qualidades que procuro sempre quando selecciono um alojamento.
Podem consultar todos os detalhes sobre a casa clicando aqui, pelo que não vos vou chatear com pormenores descritivos, focando-me mais no que podem fazer por ali que torne tão apelativa uma visita à Serra como a que nós fizémos. Mas para ficarem com uma ideia, deixo-vos algumas imagens.
Para marcar uma escapadinha deste género, vou-vos falar dos pontos que costumo seguir para definir tudo e que resultam sempre! Basta ajustar ligeiramente à realidade e já está.
1. Definir a data
Se puderem, evitem períodos de férias escolares e fins de semana prolongados. São por excelência alturas de mais procura e isso faz com os preços disparem e a oferta diminua. Em qualquer dos casos, quanto mais cedo fizerem a reserva mais hipóteses têm de conseguir uma boa relação qualidade-preço. As melhores reservas conseguem-se quando conseguimos fazer marcações com antecedência [e não sendo aplicável para este caso, isto serve para alojamento e para vôos].
2. Definir o Budget e seleccionar alojamento
O budget, logicamente, depende da carteira de cada um. Por aqui, independentemente da capacidade económica, damos sempre preferência por poupar em tudo o que podemos para tornar por exemplo a estadia mais longa. Somos adeptos de apartamentos/casas precisamente por permitirem cozinhar e poupar bastante na alimentação.
Para esta escapadinha bastou abrir o site da Homeaway, seleccionar o destino, as datas e o número de hóspedes. O site forneceu todas as opções disponíveis e numa primeira fase dei uma vista de olhos geral. Depois de ter noção dos preços por noite e do tipo de alojamentos disponíveis, seleccionei o meu budget máximo por noite e refinei a pesquisa.
Depois de escrutinados os resultados fiquei com 3 opções que me encheram as medidas e marquei todas na minha pasta de favoritos pois apesar de no momento aparecem todas como disponíveis, até ao momento de efectivar a reserva alguém se pode antecipar e termos que passar para a opção seguinte. Tive sorte porque consegui marcar aquela que foi a minha primeira escolha, uma casinha com dois quartos, duas casas de banho, sala e cozinha, numa rua pequenina e super acolhedora.
3. Estudar previamente a zona onde se situa o alojamento
Já conheço bastante bem esta zona há alguns anos e simpatizo com as aldeias serranas. Manteigas é pequenina mas está muito bem situada face à Serra e aos acessos à Torre. A casa que marquei situava-se logo na aldeia seguinte – Sameiro. Na aldeia em si há um mini mercado [mesmo mesmo mini] que permite comprar uma coisa que nos falte no momento, tem só o básico e parece saído do século passado mas acabou por nos desenrascar um dos dias já perto das 19h com uma compra de última hora. Para outro tipo de compras a 5km de distância, em Manteigas, há tudo o que possamos precisar.
A aldeia do Sameiro em si é muito bonita e demos bons passeios a pé, quer de dia quer de noite. É muito pequena pelo que rapidamente ficamos a conhecer as ruas todas de cor e salteado, mas os miúdos adoravam sair depois de jantar e percorrer as ruas geladas e desertas. Chamavam-lhe sair à noite! Uma simples saída para deitar o lixo fora, que implicava descer a rua até ao rio – local onde estava o caixote do lixo, já era motivo de animação! O Zêzere atravessa a aldeia e a construção desenvolveu-se ao longo das suas margens fazendo com que o passeio junto ao rio permita avistar a aldeia praticamente toda.
4. Seleccionar pontos de atracção a não perder
A Serra da Estrela tem aqueles pontos imperdíveis a que toda a gente vai. A Torre, o ex-libris, é sem dúvida o local escolhido de eleição para brincar na neve. Para quem faz Sky ou Snowboard é ali o ponto de partida para as principais pistas, para quem como nós é mais básico e se limita a deslizar em tobogans não há necessidade de escolher o local mais povoado.
No primeiro dia fomos à Torre. Queríamos comprar tobogans novos [os antigos já tinham sido meus e dos meus irmãos e na viagem anterior tiveram o seu fim] e como estava um dia de Sol lindo e até não estava muita gente, ficámos por lá! Os miúdos fizeram bonecos de neve e deslizaram vezes sem fim. Deitaram-se na neve e fizeram anjinhos, atiraram bolas de neve [aliás, atirámos! Porque ninguém escapou!]. Estava um dia perfeito! Sol, céu azul e um manto de neve espesso e fofo perfeito para todas estas brincadeiras. Ficámos até os miúdos começarem a ter fome para almoçar. [Sobre as refeições falaremos mais abaixo noutro ponto]. Depois do almoço voltámos à carga! Desta vez escolhemos a encosta lateral da torre e lá passámos mais umas horas a brincar na neve. Não sei dizer se é da altitude ou das temperaturas baixas, mas o cansaço físico chegou cedo, e pouco depois das 16h30 regressámos a casa. Tudo o que apetecia era uma casa quentinha, salamandra acesa e um jantar reconfortante em família. [É também por isto que preferimos uma casa! Jantar de pijama e banho tomado é priceless!] No dia seguinte haveria tempo para mais!
Os nossos dias tiveram uma rotina simples: depois do pequeno almoço sair do Sameiro e parar em Manteigas para beber café e comprar uns biscoitos para os lanches. Enquanto isso, aproveitar o Wi-Fi do Café Companhia do Pão para descarregar filmes da Netflix, isto porque a casa não tinha Wi-Fi nem sequer rede de telemóvel [o que tenho que confessar – foi um descanso!] e a televisão só tinha 4 canais. Seguir depois para a Serra e escolher os pontos onde íamos parar consoante havia menos pessoas. Somos sempre adeptos de locais menos procurados e com menos pessoas, mesmo que isso implique procurar mais e andar a pé! Pelo trajecto parar em miradouros e pontos de interesse, para conhecer, ver a vista, tirar fotografias.
Parar para almoçar e retomar o programa embora nunca até muito tarde. Normalmente entre as 17h e as 18h já estávamos de regresso a casa, ansiosos pelo conforto e o quentinho.
Pontos de interesse:
Poço do Inferno [dos nossos locais favoritos! Vamos sempre lá brincar na neve!]
Centro Interpretativo do Vale Glaciar
Covão d’Ametade
Barragem da Lagoa comprida
Penhas Douradas
Barragem de Vale do Rossim [ficámos lá alojados no ano anterior a dois]
Torre
Penhas da Saúde
Museu do Pão em Seia
Aldeia de Unhais da Serra [Restaurante Lenda do Viriato]
Aldeia de Valhelhas [Restaurante Vallecula]
Aldeia de Folgosinho [Restaurante O Albertino]
Praia Fluvial de Loriga
5. Assinalar Supermercados, Cafés, Restaurantes e outro tipo de estabelecimentos que nos interessem
Em Manteigas há pequenos supermercados onde podemos encontrar tudo o que precisarmos. Há alguns restaurantes e cafés, embora pessoalmente só tenhamos visitado a Casinha do Pão, que recomendamos pelas condições e pelos produtos que vende. Adorámos os queques de laranja caseiros, vendidos ao saco, que são muito bons e super em conta. Há também farmácias, uma coisa que faço sempre questão de saber onde tenho, não vá o diabo tecê-las. Restaurantes já referi os que conheço bem e onde garanto que são bem servidos no ponto acima.
6. Preparar todo o equipamento necessário
Na nossa última visita à Serra da Estrela tínhamos feito algum investimento em roupa para a neve. Para nós adultos calças e casacos, para os miúdos calças e luvas. Desta vez foi apenas necessário verificar que tudo estava em condições e pensar no calçado. Para nós tínhamos alternativas viáveis e para os miúdos optámos novamente por usar as galochas com meias de neve por baixo. Funciona e não justifica comprar botas específicas se o pé cresce em menos de nada e deixam de servir. Tudo o que temos para neve foi comprado na Decathlon em saldos.
7. Verificar a meteorologia
Se há coisa que faço sempre regularmente e com alguma antecedência, é controlar a previsão meteorológica. Não tenho o poder de influenciar o que nos vai calhar, mas fico mais tranquila se tiver noção de como está previsto estar o tempo durante a nossa estadia. Desta vez sabia que havia neve e que estava previsto continuar a haver, mas confesso que tive receio que fechassem estradas e ficássemos limitados. Ficar “preso” em Manteigas sem poder subir para a serra não era uma perspectiva que me agradasse. Felizmente tivemos uma imensa sorte e nevou sim, fecharam as estradas, mas nunca ficámos impedidos de subir! Descemos quando a estrada já tinha fechado e na manhã seguinte pudemos voltar a subir em segurança.
8. Programar ementa e listas de compras e se possível levar coisas adiantadas de casa
Quando saímos por poucos dias, se possível, tento planificar ao máximo as refeições. Tudo o que possa levar adiantado de casa levo! Prefiro ter mais trabalho a programar e organizar e depois aproveitar mais as férias sem ter que perder tempo a pensar o que quero cozinhar, o que preciso de comprar e a cozinhar propriamente. As refeições que são cozinhadas na hora são sempre coisas simples e rápidas, como por exemplo uma esparguete à bolonhesa cuja carne foi cozinhada de casa. Para os jantares e pequenos almoços, sempre em casa, e com esta organização prévia, foi sempre tudo muito simples. Para os almoços, tinha planeado fazermos almoço volante, que seguisse connosco de manhã para a serra e que fosse possível comer em qualquer lado. A opção foi clara: o carro! Estava um frio de rachar e sabia lindamente fazer uma pausa no carro com o aquecimento ligado. Fizemos sempre da mesma forma: escolhemos um miradouro com uma boa vista e pouca gente, estacionámos e ficámos a fazer o nosso pic-nic e a ver um filme em família no iPad. Confesso que ao escrever isto até estou a sorrir por me recordar de como eram divertidos estes nossos almoços no carro.
9. Fazer as malas
Este departamento é sempre o que mais me custa. Odeio fazer malas, mesmo sabendo que significa sair para férias. Faço-as sempre relativamente depressa e raramente me esqueço de alguma coisa mas preciso de calma e concentração o que com os miúdos por perto nem sempre se consegue. A parte que me dá mais trabalho é a cozinha. Se levo tudo organizado e adiantado, e ficando alojada numa casa, preciso de pensar em todos os detalhes do que vou precisar, do pano da loiça à pedra de sal e ao azeite. Há casas que têm este tipo de consumíveis ao dispôr mas há outras que não. Uma dica é perguntar após a reserva que tipo de artigos se encontram disponíveis na cozinha. Nesta escapadinha foi este o motivo de sair mais tarde do que queríamos. Demorei mais do que tinha previsto a organizar tudo!
10. Seguir viagem, e aproveitar ao máximo!
E chegamos ao momento da partida! Carregar tudo no carro, confirmar que tudo está ok e seguir! A viagem tem que ser feita com calma e os miúdos “injectados” com uma grande dose de paciência, mas chegamos! Depois é mesmo só aproveitar cada momento, tirar partido de todas aquelas horas em família e recarregar as baterias ao máximo!
Enquanto família, sentimos todos os anos o quanto nos faz bem fazer pequenas escapadinhas ao longo do ano. O dia a dia não nos deixa folga para quase nada, e se há coisa que precisamos é de parar, fugir da rotina e fazer coisas diferentes a quatro. Este ano conseguimos passar estes dias excelentes na Serra e a verdade é que já estamos a pensar na próxima! Vocês também são assim?