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Turismo em família com aGOFREE pela Costa Alentejana Capítulo III

Depois de uma noite de temporal, acordámos no alto da falésia para um dia muito cinzento. O céu estava muito carregado, o vento da noite tinha acalmado um pouco mas estava um dia mau. Decidimos sair para procurar logística para abastecer de água e limpar a cassete da casa de banho. A nossa inexperiência fazia-nos  recear que de repente isso fizesse falta e foi melhor jogar pelo seguro e tratar do assunto antes de encontrar o poiso seguinte.

Achámos que encontrávamos solução em Aljezur, onde havia um parque para parar auto-caravanas e onde esperávamos haver também as infraestruturas de que elas precisam. Engano nosso! Embora este tipo de turismo tenha crescido imenso nos últimos anos pela Costa Vicentina, ainda há muito pouca cultura de apoio ao mesmo. Não há facilidade em encontrar bons locais para pernoitar, ou pelo menos há muito menos facilidade do que eu esperava, e não há locais de apoio. Na minha opinião, os políticos das autarquias locais estão a perder um nicho de mercado brutal, pois era preciso tão pouco para dar tanto a quem opta por passear assim, e trazendo mais condições aos seus municípios para acolher todas as formas de turismo aumentavam o investimento na zona e a facturação da economia local. Mas quem sou eu para dar ideias destas! Afinal, para muitas pessoas no nosso país as pessoas que optam por viajar de auto-caravana são todas hippies, que não tomam banho e fazem fogueiras em qualquer lado para cozinhar, que deixam lixo no chão e não se comportam civilizadamente. Infelizmente ainda se sente um estigma e um certo desaprovar de quem escolher este modo de vida. Não que o tenhamos sentido directamente, mas acabamos por sentir de forma indirecta. Em Aljezur abordámos dois GNR bastante jovens, que estavam dentro do carro estacionados junto à ponte da vila. Perguntámos se nos sabiam indicar onde poderíamos encher o depósito da água e limpar o depósito da casa de banho, e com um ar pouco interessado e disponível, enquanto nos olhavam de alto abaixo, disseram que não sabiam e que fossemos pedir ao senhor da bomba de gasolina se deixava fazer isso lá. Não fomos, porque não achámos correcto, e porque continuámos convictos de que haveria um local para o fazer, mesmo que fosse preciso andar mais para o encontrar.
Optámos por dar um pequeno passeio pela vila, bebemos um café [durante este fim de semana reduzimos o café a 1 por dia mas não o eliminámos totalmente!], o Daniel e a Carolina ainda deram pão aos patos, pois estava uma senhora a fazê-lo que muito simpática partilhou o seu pão com eles, e depois regressámos à estrada.

Passeámos imenso pela Costa, parámos em terras lindas e praias ainda mais bonitas. A nossa Costa Vicentina tem realmente locais fabulosos para passar férias e fins de semana. Fomos andando, e parámos numa praia linda. Certamente já terão ouvido falar na Praia do Amado. Eu já tinha, mas nunca tinha lá ido. O acesso não é o melhor, pois fica um pouco distante da estrada nacional e por caminhos um pouco sinuosos, mas tem todas as condições para ficarmos a pernoitar. Apaixonámos-nos de imediato! Fomos até à escola de surf, e soubemos que se seguíssemos em direcção a Lagos encontrávamos um Parque de Caravanas onde podíamos tratar do problema da água e da casa de banho. Demos meia volta e fomos até lá! O local para passar a noite estava escolhido, mas primeiro queríamos assegurar que tínhamos tudo o que precisávamos.
Encontrámos o parque sem dificuldade, apesar de exigir alguns kilometros de estrada a mais. Fomos recebidos pelo proprietário, um senhor Espanhol, que estava a almoçar pelo que nos explicou rapidamente que por 2€ podíamos abastecer e lavar o que precisássemos e regressou rapidamente ao seu almoço. Em 10 minutos tratámos de reabastecer o depósito com água limpa e de despejar as águas cinzentas, e voltámos para trás. Já só queríamos voltar a parar na Praia onde tínhamos decidido ficar!
O dia continuava cinzento e ventoso mas com boas abertas, mas não foi isso que nos fez ficar dentro “de casa”. Andámos a explorar as imediações, escolhemos o local que mais nos agradou para pernoitar e passeámos imenso a pé. Entre praia, passadiços e falésias, difícil era escolher o local seguinte para onde queríamos passear. 

Na praia, contra o que se previa, os miúdos acabaram por levar um banho de uma onda pelo que se despiram a ainda aproveitaram mais o momento! Estavam tão felizes que só de recordar este momento dei por mim a sorrir.

Regressámos já mesmo no pôr do sol, com eles cheios de frio e prontíssimos para um bom banho quente e um jantar em família. Afinal, passear, correr e brincar cansa e eles estavam de rastos!

Enquanto nós acabávamos de jantar e arrumar a cozinha, eles foram para a nossa cama, e a Carolina adormeceu logo por lá! [Adaptaram-se tão bem a esta vida e a esta “nova casa” que estiveram sempre bem dispostos e tranquilos!]
Ao nosso lado, bem mais tarde, estacionaram uma outra auto-caravana, com um grupo de Italianos que montaram a mesa de jantar na rua, apesar do frio e do vento que se faziam sentir, fizeram uma fogueira, pegaram nas violas e cantaram pela noite dentro. Adormecemos a ler, entre o crepitar da fogueira e a voz pouco afinada do Italiano cantor, como que embalados neste espírito nómada em que toda a gente se cumprimenta e sorri para quem está ao lado, mesmo que não conheça e onde há um espírito de interajuda que gostava de encontrar no meu dia-a-dia.
Foi uma noite muito tranquila, naquele que veio a tornar-se o nosso local de eleição para pernoitar com auto-caravana, e onde voltaremos com toda a certeza. 
Fiquem atentos ao último capítulo desta aventura sobre rodas, e saibam tudo sobre os pontos positivos e negativos que identificámos para sair para fim de semana ou férias de auto-caravana.
Podem ler aqui tudo sobre como começou esta nossa aventura e aqui sobre o que fizémos no primeiro dia sobre rodas e como encontrámos locais para pernoita que nos agradassem a 100%

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