# Turismo em família | Uma “casa” ao ar livre

Quando éramos miúdos brincávamos na rua. Saímos sozinhos, jogávamos às escondidas no Olival e à hora do lanche, mães, avós e afins, chamavam por nós à janela e lá nos despedíamos dos amigos e regressávamos a casa. Não havia medos, não havia perigos, todos podíamos andar tranquilos na rua sem que os adultos ficassem em alerta.
Experimentámos passar uns dias num sítio em que sentimos esta liberdade da nossa infância e podemos proporciona-la aos nossos filhos. Uma realidade que não tem preço e cuja experiência venho partilhar.
Se nos derem a escolher, preferimos sempre um destino que nos permita andar na rua em prol de uma actividade entre paredes. Sempre fomos muito mais adeptos de respirar ar puro do que de programas indoor. Gostamos de campismo mas cada vez mais procuramos conforto. Saímos em família menos do que gostaríamos e por isso seleccionamos criteriosamente as nossas escolhas para que as condições sejam as que desejamos. Passar uns dias em bungallows de parque de campismo já estava nos planos e chegou o momento de passar o plano à prática. Foram 6 noites neste regime, entre dois parques de campismo diferentes e a experiência foi mais do que positiva.
Começámos por São Pedro de Moel, no coração do litoral Oeste, tradicionalmente com uma meteorologia cheia de personalidade mas que não limitou em nada os nossos planos. Gostámos das características da vila, de toda a envolvência de quilómetros e quilómetros de pinhal em seu redor e de encontrar no coração desse pinhal o Orbitur São Pedro de Moel.

Imagino que em pleno Verão não será tão tranquilo, mas no início de Junho tinha uma taxa de ocupação muito baixa e estava completamente paradisíaco. Este parque tem óptimas infraestruturas, mini-mercado, snack-bar/restaurante e piscinas com escorregas que fazem as delícias de todos. Vários pólos de balneários, lavandarias e outras comodidades, que apesar de não precisarmos importa referir, todas em excelentes condições de manutenção.

Os bungalows, ou Mobile Home, em que ficámos são da categoria Neptuno, têm dois quartos, sala com kitchnet e casa de banho e estão equipados com tudo o que precisamos para passar férias e fins de semana. A praia está situada a cerca de 600m do parque e oferece extensos areais que convidam a descalçar e molhar os pés. Considerado dos melhores parques do grupo Orbitur, cativou-nos logo à chegada com o silêncio, o cheiro do pinhal e do mar misturados e o som das ondas a rebentar na praia logo ali ao lado. Uma delícia.

Para tirar o devido partido do alojamento, planeámos fazer as refeições em casa e foi a decisão mais acertada. Se o tempo permitir podemos inclusivamente comer no exterior uma vez que temos um alpendre totalmente equipado para refeições e nos dias mais quentes também para banhos de sol.

Há melhor do que estar a fazer o jantar de porta aberta enquanto os miúdos correm pelo exterior, jogam à bola, andam de bicicleta ou apanham pinhas?
Nas imediações há imensas coisas giras para fazer e não falta como preencher o tempo. A vila de São Pedro de Moel em si vale a visita, percorrer as ruas a pé e descobrir cada recanto e cada miradouro resulta num passeio muito agradável. Descobrimos num destes passeios a Pastelaria Arco-Iris, com uma vista exuberante para o mar, serve refeições ligeiras e é um sítio agradável para tomar um café. As casinhas típicas nas ruas antigas fazem-nos sonhar, com as suas varandas em madeira viradas para o mar que convidam a um momento de pausa.




Um ex-libris a não perder é o Farol do Penedo da Saudade. É preciso confirmar os dias de visita porque não está aberto todos os dias [quando fomos estava aberto apenas às 4.ªs feiras à tarde] mas vale a visita. O faroleiro é uma simpatia e explica todos os pormenores e curiosidades sobre o farol com verdadeira paixão. Os miúdos adoraram, fizeram imensas perguntas e ficaram muito impressionados com a vista lá de cima. Ficámos muito satisfeitos por ter conseguido visitá-lo.




Outro passeio que fizémos e que vale a pena é uma visita à Marinha Grande, onde encontramos vários locais interessantes que falam sobre a industria vidreira da zona. O museu do vidro é muito interessante e podem aproveitar para comprar o bilhete combinado que inclui também o Museu Joaquim Correia. Imperdível é mesmo a visita ao mestre Alfredo, um dos poucos mestres vidreiros que ainda trabalha, que nos mostra com todo o pormenor a sua arte e nos encanta com a delicadeza das peças que cria. Tivemos oportunidade de ver soprar o vidro do modo tradicional, uma arte cada vez mais em extinção e que devíamos arranjar forma de manter viva. Não resistimos a trazer lembranças feitas ali no momento e que têm um valor inestimável.




No nosso passeio pela terra encontrámos uma cafetaria/salão de chá muito acolhedora, onde fizémos uma paragem para uma refeição leve – o Hello Darling. Aqui há uma vasta oferta de produtos caseiros servidos com muita simpatia e num espaço com uma decoração super agradável. Gostámos muito.




Passámos 3 noites no Orbitur de São Pedro de Moel e saímos em direcção ao nosso próximo destino. Ficou a vontade de voltar com mais calor para poder tirar proveito das piscinas com escorregas e para poder aproveitar também muito mais a praia fabulosa onde tanto passeámos.



Um pouco mais a Norte, o segundo destino destas nossas mini-férias foi o Orbitur Gala na Figueira da Foz. Situado em plena Mata Nacional das Dunas da Costa de Lavos, com acesso directo a uma soberba praia, piscina [à qual apesar do tempo fresco eles não resistiram] e todas as infra-estruturas necessárias.






A poucos minutos do centro da Figueira da Foz, onde uma zona Ribeirinha bem arranjada e um extenso areal oferecem excelentes locais de passeio. A cidade da Figueira da Foz em si tem vários passeios interessantes e alguns pontos de interesse turístico que merecem a visita.

Destaco também no topo da Serra da Boa Viagem, ma reserva natural e um paraíso para aqueles que apreciam a Natureza, o Miradouro junto ao restaurante Abrigo da Montanha, com uma vista exuberante que num dia de sol permite avistar uma enorme extensão da Costa da Prata. Mais abaixo, ao longo da serra, vários outros pontos de paragem com miradouros valem a pena.





Do lado oposto da Figueira, mais perto do parque, na Salina Municipal do Corredor da Cobra encontra-se o Núcleo Museológico do Sal é mesmo paragem obrigatória. Inaugurado em 2007, este núcleo pretende interpretar, valorizar e difundir testemunhos sobre a relação secular do Homem com o território das salinas do concelho da Figueira da Foz. Tem um armazém de Sal, uma rota pedestre, um observatório e uma sala de audiovisuais onde assistimos a um filme sobre o funcionamento do ecossistema e a história das salinas: O que é o Sal; O Sal na Natureza; História do Sal em Portugal; A Tecnologia do Sal na Figueira da Foz e O Ciclo de Produção; e As Salinas e a Conservação da Natureza.



Numa breve caminhada pelas salinas, para além de observar o ecossistema e as técnicas de recolha do sal, é possível em determinadas alturas do ano apanhar salicórnia. Nós já conhecíamos o poder desta “erva daninha” e trouxemos connosco alguns pés. Os miúdos adoraram apanhar, lavar e arranjar, e à noite utilizámos um pouco nas omeletes que fizemos para o jantar.



Não deixem de aproveitar para comprar sal, ou flor de sal, que encontram quer no próprio núcleo museológico, à entrada da salina na loja ou nos produtores locais que vendem directamente e que encontram um pouco por toda a salina.


Outro local a visitar, a cerca de 20 minutos de carro, é o Castelo e a própria Vila de Montemor o Velho. Fui até lá com o Daniel e a Carolina e demos um bom passeio enquanto o pai foi andar de bicicleta e se juntou a nós mais tarde. Passem no posto de turismo do castelo onde as senhoras [muito simpáticas por sinal] vos prestam todas as indicações. O Daniel e a Carolina viram livros sobre o castelo e pintaram e decoraram coroas de papel. Se quiserem fazer um pic-nic o castelo tem imensos espaços excelentes para isso.







No regresso a casa, fizemos uma paragem na Nazaré e ainda demos mais um passeio pela marginal, fizemos um pic-nic à beira mar e mostrámos aos miúdos algumas das tradições Nazarenas.




Foram 6 noites muito bem passadas, recheadas de bons momentos em família e em que com toda a certeza criámos memórias que vão prevalecer.
