Banalidades

Um exercício

Sobre este post que escrevi na 4ª feira à noite, venho agora explicar o exercício que fiz, e que me fez relativizar os problemas. Nem sempre consigo fazê-lo, e neste dia foi particularmente dificil, mas depois de um momento de explosão, consegui.
 
O facto é que, desde que os miúdos nasceram, a nossa vida mudou radicalmente a todos os níveis. Tudo o que era rotina, foi substituído por uma nova rotina. Tudo o que era dado adquirido no nosso dia a dia, deixou de o ser. Até aqui tudo bem, uma vez que será o que provavelmente acontece a todos os pais.
 
No entanto, embora a maioria das pessoas se queixe das primeiras semanas em casa com o bebé, na minha opinião, é após o primeiro ano que chega a fase mais dificil.
 
Nesta altura, não só o bebé já é muito autónomo, como a mãe já regressou ao trabalho à tempo suficiente para estar bastante cansada. É nesta altura que já há asneiras, que não se pode tirar os olhos de cima nem por um segundo, que há todas as rotinas caseiras para manter, que há horários de trabalho para cumprir. É também nesta altura, que motivado pelo cansaço, começa a haver menos paciência, começa a haver menos disponibilidade mental, começa a haver mais momentos de explosão. Nestes momentos, qualquer pequenina coisa pode ser a gota de água.
 
Eu tenho sentido isso, em particular nos últimos dois meses, talvez. Questiono-me de como estaria se não tivesse tido férias! E sim, essa era a realidade planeada, uma vez que a conjuntura económica da família não permitia gastar dinheiro em férias. Neste campo, tenho que fazer um parêntesis. Se há coisa que este blog me tem trazido de bom, e não me canso de o repetir, são as pessoas! Se há alguns anos havia um pouco de preconceito sobre as relações iniciadas na internet, posso afirmar com toda a convicção, que tenho travado amizades a sério através deste blog! Foi este blog que me trouxe a F, e foi a F que nos emprestou a sua casa de férias, para que pudéssemos ter duas semanas de praia com os miúdos. E há coisas que o dinheiro não paga, e que só pessoas boas e verdadeiramente amigas fazem! Provavelmente, nunca poderei agradecer de igual forma este gesto que uma família que mal nos conhecia teve para conosco. Mas a gratidão, essa, fica para sempre no meu coração!
 
Mas voltanto ao tema principal. Todo o cansaço, as rotinas, o trabalho, a ginástica de gestão financeira, as contas para pagar, enfim… a vida, pode levar-nos a situações de desespero, e ultimamente, tenho-me sentido assim com alguma frequência. Na quarta feira quebrei. Sentia-me em baixo, sentia que não estava a conseguir, e depois de ter a minha explosão e de deitar tudo cá para fora, parei e pensei. Se eu pudesse começar tudo de novo, numa nova vida, deixar para trás todos os problemas e
angústias com que me debato no dia a dia, e levar apenas 3 coisas da minha vida
actual, o que levava?
 
A família! Sem sombra de dúvidas! Aqui coloquei a familia toda, porque se fossem só 3 pessoas, eram os filhos e o marido! Por isso, a família é o numero 1!
 
Os gatos! Mesmo com o Sushi doente, a fazer xixi fora da caixa de areão. Mesmo com a Yoga a implicar com o Sushi e a fazer asneiras a toda a hora. Mesmo com todo o trabalho extra e toda a despesa extra que me dão… gosto deles! São parte da nossa família, e não os conseguiria deixar para trás.
 
Os amigos! Porque fosse para onde fosse, os amigos fazem sempre falta! É neles que por vezes encontramos um porto seguro, e é neles que por vezes nos apoiamos. São eles que nos dão a mão quando precisamos. Ninguém deve viver sem amigos, e eu sou uma pessoa que tem a sorte de poder afirmar que tem amigos à séria! Não são aqueles conhecidos com quem se bebe um café e se trocam dois dedos de conversa, são amigos mesmo! Amigos de e para a vida!

A casa, o carro, o trabalho… tudo isso, quer goste mais ou menos de cada um deles, são coisas substituíveis! Trabalho não me assusta, e faço qualquer um. Casa se não for a que tenho, será outra! Carro, se tiver óptimo, mas se não tiver, provavelmente até me adapto a outra forma de vida!

A conta bancária, essa sim, ficava para trás! Queria uma nova, com muito mais digitos, que não se esgotasse permanentemente. Que me permitisse ter as contas sempre em dia, e proporcionar aos meus filhos muito mais do que posso proporcionar. Que me permitisse deitar fora a angústia que a minha conta bancária me traz.

Feito este exercício, tirei uma conclusão. De todas as coisas que fazem parte do meu dia a dia, a única coisa de que eu queria verdadeiramente ver-me livre, era a minha conta bancária! E que importância tem isso na minha vida? Tem alguma, é certo, porque há responsabilidades que têm que ser cumpridas, mas terá assim tanto peso? É certo que o dinheiro não compra a felicidade, e disso entendo eu, pois alturas houve na minha vida, em que não tinha qualquer tipo de preocupação a esse nível. Mas era feliz? Não! Tanto que não o era, que decidi mudar a minha vida! Sofri, fiz sofrer, mas mudei! Hoje sou feliz, com muito menos. Ou será que sou feliz porque tenho muito mais?

Eu escolho a segunda! Sou feliz, porque tenho muito mais! Sou feliz porque amo o meu marido e os meus filhos! Sou feliz porque construí a minha família! Sou feliz porque tenho bons amigos!

O dinheiro? Ajuda, sim! Mas não resolve! E se tiver que viver com pouco, prefiro, porque para mim, é viver com muito!

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