# Escapadinha em família | Vamos falar de neve?
Já passaram duas semanas desde o nosso fim de semana na neve! A verdade é que foram duas semanas que passaram a voar, entre a minha cirurgia [da qual estou a recuperar bem] e muito trabalho, e este post demorou um bocadinho mais do que eu queria a ficar completo! Mas, também é verdade, que para quem tem crianças em idade escolar, estão a chegar as férias da Páscoa, e tenho a certeza que há por aí muitas famílias que não se importam nada de fazer uma escapadinha de Páscoa até à Serra da Estrela! Por isso, conto-vos tudo o que fizemos e como nos organizámos naqueles 3 dias tão bem passados!
Saímos de casa a uma sexta feira a meio da manhã. A previsão meteorológica para a Serra era de neve, mas nem sequer nos tínhamos preocupado muito com o assunto. Estávamos a encher o depósito, quando recebi um email de uma amiga querida que tem família por lá, com um vídeo de um nevão! Liguei-lhe! Disse-me que sim, que era do próprio dia, e fiquei mesmo feliz! Só que, depois da felicidade, veio a apreensão! E se nevasse tanto que não conseguíssemos chegar ao hotel? Não tínhamos correntes de neve para o carro, e não tínhamos pensado nessa hipótese! A perspectiva de fazer todos estes quilómetros para chegar e voltar para trás, não era nada animadora! Só de pensar no que seria a crise dentro daquele carro, se a esta altura, informasse os miúdos que já não íamos… deixou-me gelada! Não podíamos deitar tanta expectativa por terra! Procurei no google o número de telefone do hotel, e liguei a saber como estavam os acessos. Informaram-me que a estrada da Covilhã, naquela altura, estava transitável, pelo que sem tempo a perder, pusemo-nos a caminho!
A viagem correu muito bem! Estávamos preparados para parar pelo caminho para almoçar, mas a verdade é que os miúdos adormeceram! Acordaram logo a seguir a Castelo Branco, o que já era suficientemente perto para aguentar até ao destino! Pediram comida, beberam leitinho e comeram bolachas, e foram o resto do caminho a tentar vislumbrar neve. Por mais que lhes explicássemos que provavelmente só veriam neve quando chegássemos, que normalmente a encosta virada para a Covilhã não fica branquinha, acho que não assimilaram a informação, e continuaram atentamente a espreitar pela janela, para tentar ver quem seria o primeiro a ver neve!
Só já a uns 2 quilómetros do hotel, começámos a ver neve na beira da estrada. Aquela neve pisada e escura, que normalmente sobra nas bermas uns bons dias depois de um nevão! Feia e nada apelativa, mas estava lá! Notou-se a decepção na voz dos miúdos, que lá disseram “olha… é neve…” mas sem o entusiasmo que seria de esperar. Chegámos finalmente ao hotel, o Hotel Varanda dos Carqueijais ! Escolhi este hotel porque já conhecia, e pela sua localização [suficientemente alto para ter neve, mas fora da confusão das Penhas da Saúde], e no estacionamento, havia carros cobertos de neve! Assim que saíram do carro, foram mexer na neve e só nesse momento é que perceberam que a neve era fria! Não sei bem o que eles pensavam sobre a neve, mas imagino que, sendo que as imagens de neve que tinham visto eram na televisão, pensavam apenas que era alguma coisa branca que cobria tudo, mas nunca tinham pensado se era quente ou fria ou que textura teria! Foi uma surpresa completa!
Combinámos que íamos ao quarto, descarregar as malas e arrumar tudo, e que íamos logo de seguida, e já devidamente equipados com roupa adequada, direitos à Torre para verem neve a sério! Se ali tão em baixo estava assim, na Torre devia estar uma maravilha! Confesso que eu própria estava excitada, porque em todas as vezes que fui à Serra da Estrela ao longo dos meus 37 anos, NUNCA vi neve a sério! Vi nevar uma única vez, em 2009, quando fomos passar o meu aniversário a Amesterdão [que saudades dessa viagem!], e aí sim, nevou bastante, andámos a passear a pé pela cidade debaixo de um belo nevão e de manhã acordámos sob um manto branco lindo! Mas na Serra da Estrela, nada!
Entrámos no hotel, já com as bagagens, fizémos check-in e subimos até aos quartos. Tínhamos dois quartos, um de casal e um duplo, com porta comunicante! Perfeito, porque já não era necessário encaixar camas de bebé no nosso quarto, e tínhamos muito mais espaço! Os quartos têm realmente umas excelentes condições para famílias, como aliás, todo o hotel, onde todo o staff está perfeitamente familiarizado com crianças pequenas e ajuda em tudo o que é necessário com simpatia [já estivemos em hotéis que não são nada assim, apesar de se anunciarem como kids friendly!].
Enquanto nos instalávamos, começou a nevar! Mal podia acreditar, quando olhei pela janela e vi a intensidade com que estava a nevar! O manto branco começou a cobrir tudo à nossa volta a uma velocidade espantosa! Pegámos nos miúdos, e instalámo-nos no parapeito da janela a observar. Eles estavam tão espantados, a querer absorver bem aquela novidade, que mal falavam. E assim ficámos durante uns minutos. Passado o êxtase inicial, claro que, começaram a querer mais, e foi altura de nos equiparmos e sairmos! Perguntámos na recepção como estavam as estradas, ainda convencidos de que íamos sair do hotel [ingénuos!], e ficámos a saber que era mesmo para esquecer! Já tinham chegado duas famílias a pé, porque ao subirem da Covilhã para o hotel, pela mesma estrada que tínhamos percorrido há poucos minutos atrás, perderam a tracção, e optaram por abandonar os carros na faixa de rodagem e continuar a pé! Confesso que fiquei impressionada com essa perspectiva, e agradeci o facto de não termos parado para almoçar, pois se o tivéssemos feito, tínhamos ficado na mesma situação!
Face às condições climatéricas, e à recente informação e tomada de consciência do que estava realmente a acontecer lá fora, optámos por ficar ali mesmo, a brincar na neve! Afinal, bastava sair da porta, e estava tudo coberto de uma densa camada de neve fofinha, que continuava a cair em força!
A primeira reacção dos miúdos ao nevão foi engraçada! A Carolina, encolheu os olhos, ajeitou-se bem debaixo do gorro de lã e do capuz do fato de neve, e continuou! O Daniel, que teve azar, e apanhou vento de frente assim que saiu da porta, experimentando uma boa dose de flocos de neve directamente nas bochechas, desatou a chorar, a dizer que tinha frio, que não gostava de neve, que não queria estar ali e que queria ir para dentro. Lá peguei nele, fui até junto da lareira, que estava acesa no bar do hotel, aliviei-o de roupa e deixei-o aquecer-se. Entretanto, lá deve ter pensado que estava a perder uma coisa gira, reconsiderou, e nem 2 minutos depois de nos termos instalado nos sofás, quis voltar a vestir-se e voltar para a rua!
Para além das roupas quentinhas e impermeáveis que comprámos, os miúdos levaram gorros de lã e estas deliciosas galochas da Vertbaudet. Conseguem perceber porque é são tão especiais? Porque mudam de cor em contacto com a água! Os miúdos divertiam-se imenso a ver os motivos das galochas a passarem de branco para azul! Uma invenção giríssima, quer para usar na neve, quer numa boa chuvada! As da Carolina são as violeta e as do Daniel as azuis.
Depois deste primeiro impacto, quem os visse, pensava que eram miúdos que faziam férias de neve desde que nasceram! Ignoravam completamente as saraivadas de neve que apanhavam na cara, faziam bolas de neve, quer para tentar construir bonecos de neve, tarefa que achavam que seria facílima, quer para atirar. Quando mexer na neve deixou de ser novidade, lembraram-se que trazíamos no porta bagagens um tobogan de plástico, com uns belos 20 anos [a nossa primeira ida à Serra da Estrela foi para festejar os 8 anos do meu irmão, que fez dia 15… 28!], que se encontrava religiosamente guardado na garagem da avó e do avô. O pai foi buscá-lo e era vê-los a descer a pequena encosta na lateral do hotel, ora um, ora outro, felicíssimos da vida! Quando a suave descida lhes começou a saber a pouco… decidiram ocupar a estrada! Afinal, não havia trânsito!
Com isto tudo, o dia começou devagarinho a escurecer, e quando a noite começou realmente a cair ainda nevava e o manto branco à nossa volta fazia-nos sentir numa paisagem ecléctica. Regressámos ao quarto, descansámos um bocadinho, jantámos no hotel e deitámo-nos cedo! Estávamos todos cansados, e o dia seguinte prometia!
A verdade é que estar num local assim com tudo à volta coberto de branco, traz uma tranquilidade que desconhecia. Provei um doce veneno, e agora… quero mais!
[Fiquem atentos, pois dada a dimensão do post, decidi parti-lo em três! Um sobre cada um dos nossos dias na Serra! Em breve conto o resto!]