Dez + Dez estratégias que quero incorporar na nossa rotina familiar
Não sei se foi o facto de fazer 40 anos, mas a verdade é que nos últimos meses tenho sentido necessidade de mudar. Nada de mudanças muito drásticas, mas sim mudar pequenas coisas que acredito que fazem toda a diferença na nossa qualidade de vida e na nossa sanidade mental.
Dou comigo cada vez com mais frequência a parar para pensar no que se passou em determinada ocasião, em como o meu dia passou a voar e me sinto vazia, ou na forma como conduzi um momento de crise [com ou sem sucesso, porque logicamente temos de tudo]. Na maior parte dos casos sinto que devia mudar isto ou aquilo e fico com aquela sensação de frustração de quem queria ter feito mais do que fez.
A frustração dos pais perante as coisas em que sentem que falharam é muitas vezes a primeira grande causa dos conflitos em casa. Frustração tem obrigatoriamente que ser entendida, gerida e depois ultrapassada e a verdade é que nem sempre somos bem sucedidos nessa tarefa. Assim, frustração vai acabar a gerar mais frustração e deixamos que o efeito bola de neve se instale.
Tenho lido bastante, tenho ouvido podcasts e tenho recorrido à ajuda de uma terapeuta em parentalidade consciente quando sinto que preciso, tudo para me alinhar com os meus objectivos enquanto mulher e mãe. Não consegui mudar tudo o que pretendo, mas já tenho sentido alguns progressos em algumas situações concretas. E vou com toda a certeza conseguir mais!
Hoje deixo-vos dez hábitos que quero incorporar na nossa rotina familiar e que de algum modo nos vão trazer mais tranquilidade.
No dia-a-dia:
- Acordar sempre cedo e optar por não ficar na cama a prolongar o sofrimento e a carregar no snooze. Assim que o despertador toca, levantar da cama!
- Depois de levantar e de passar na casa de banho, descer e começar a preparar o pequeno almoço.
- Em vez de acordar os miúdos só quando está tudo preparado, acordá-los com 15 minutos de antecedência e deixar que fiquem a acordar devagarinho. Sentimos que eles precisavam de não acordar “à pressa” e tem resultado!
- Tomar o pequeno almoço com calma, em família e tentar que seja um momento tranquilo [atenção: nem sempre somos bem sucedidos!]
- Vestir e despachar sempre com o horário da escola em mente. Quero que aprendam que cumprir horários é uma questão de educação e respeito e é importante que cumpram os deles e nos permitam cumprir os nossos.
- Tentar sair do trabalho a uma hora que permita que tenhamos tempo, por pouco que seja, para fazer alguma coisa mais do que despachar a horas de deitar.
- Falar sempre sobre o nosso dia. Eles contam o deles e nós os nossos.
- Envolvê-los nas decisões familiares pedindo a sua opinião. Coisas tão simples como escolherem a ementa do jantar connosco evitam conflitos na hora o comer.
- Em momentos de tensão, tentar não explodir, contar até 10 [ou até 100], sair por uns minutos para outra divisão para “respirar” ou qualquer outra estratégia que ajude a evitar a explosão.
- Se nos apercebemos que falhámos, nada como sermos sinceros e pedirmos desculpa. Os miúdos têm uma capacidade de perdoar incrível e verem-nos a assumir um erro dá-lhes o exemplo de que precisam para aprender a fazer o mesmo.
A somar a estas aplicadas no dia-a-dia, há ainda algumas estratégias que cada vez mais valorizo e que tentamos aplicar aos fins de semana, feriados e férias.
- Dormir até acordar naturalmente. Eliminar todas as possíveis fontes de incómodo [tirar o som do telemóvel por exemplo] e simplesmente descansar.
- Tomar o pequeno almoço fora. Eles adoram e regra geral não o fazemos, mas de vez em quando sabe bem. [Ontem fizemos isto e eles devoraram as suas torradas de pão de forma, que adoram]
- Sair de casa para apanhar materiais na natureza, flores, pinhas para a lareira, folhas de Outono, pedrinhas para pintar, conchas e búzios, vale tudo.
- Visitar sítios de que gostamos, passear ao ar livre, apreciar a natureza.
- Partilhar refeições em família confeccionadas pelos quatro. Adoro a confusão na cozinha com toda a gente a “ajudar” e só tenho pena que o espaço seja mais pequeno do que precisávamos.
- Fazer actividades escolhidas por eles [ontem por exemplo, fizémos Slime ao fim do dia! Blhac]
- Dar-lhes tempo para cada um fazer o que quer. Promove a individualidade de cada um e deixa que decidam por si o que lhes apetece.
- Assistir a filmes em família. Seja em casa no sofá ou no cinema, escolher um filme para vermos juntos, pegar nas pipocas e já está! [também o fizémos ontem! Fomos ao cinema]
- Assumir poucos compromissos com horários a cumprir. Deixar fluir os dias conforme nos vai apetecendo sem obrigações a cumprir.
- Deixar os horários de refeições pré-definidos e comer quando apetece! [Ontem por exemplo almoçámos às 16h]
A verdade é que sinto que este tipo de estratégias acabam por nos ajudar a criar espaço para as coisas realmente importantes, a colocar cada vez mais a vida em perspectiva e a escolher viver como queremos e como nos sentimos bem. Não operam milagres na vida, mas ajudam-nos a sentir-nos bem com as nossas decisões.
Há algumas perguntas que quando estou a pensar sobre estas coisas me costumo colocar e até ao dia em que todas as respostas me satisfizerem não vou parar de me questionar e de me reinventar.
De que forma gostavam de ser recordados pelos vossos filhos? Ao longo do dia de hoje, houve momentos em que os vossos filhos tiveram medo de vocês? Se sim, como se sentem com isso?
O ideal é conseguir chegar ao ponto em que traçamos o nosso caminho no sentido que queremos para que ao final de cada dia não haja ressentimentos nem arrependimentos. Se é fácil? Não, claro que não é! Vivemos o dia-a-dia, qual equilibrista no arame, a tentar encaixar todas as solicitações com que somos bombardeados e a verdade é que chegamos a casa sem energia para mais. O objectivo é ter as solicitações controladas de forma a que não nos desequilibrem e nos deixem levar para casa a energia necessária para vivermos o que temos de melhor: A nossa família.
Não há decisões mais certas do que outras, e para as tomarmos, nada como ler o que o coração nos diz. Se uma decisão nos provoca angústia, provavelmente não será a decisão certa. Em vez de a seguirmos, devemos procurar aquela que nos traz leveza ao coração. Esse sim será o caminho que nos leva até nós.
Li esta semana uma frase num artigo online [copiei-a para uma nota e agora não encontro o link para vos deixar] que me disse muito. Deixo-a convosco, para pensarem e para decidirem o que querem para vocês enquanto pais.
“O tempo que temos é demasiado precioso para ser gasto com o que nos consome demasiada energia ou nos tira o foco daquilo que é realmente importante.”